segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


O GUARDADOR DE REBANHOS (XVI)

    Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
    Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
    E que para de onde veio volta depois
    Quase à noitinha pela mesma estrada.Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
    A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
    Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
    E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

    Alberto Caeiro