sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

DESCAMINHO



Seguindo em frente
adiante
virei a esquerda
avistei uma diversidade de pessoas desconhecidas
algumas pobres 
vividas
outras belas
tão bonitas
umas de cútis surradas
queimadas
maltratadas
outras com certeza
macias
alvas
jambo
da terra

O dia raiou bem cedo
já é tarde
tenho medo
à noite
vem como labareda que arde
sem alumiar
a madrugada fala ao ouvido:
“duvido você de manhã me achar”
abro os olhos
onde está a madrugada?
realmente,
não consegui lembrar

Seguindo em frente
adiante
virei a direita
avistei todas as pessoas conhecidas
desde a entrada
até a saída
me disseram o que fazer
a onde ir
de que jeito ver
como subir
como descer
mas não me perguntaram
como vai você?
enxergaram meus problemas
meus horrores
meus “e se”
enfim, os defeitos
mas não viram apenas
o que eu tinha dentro do peito
me deram conselhos
facadas
dinheiro
porrada
mas faltou o beijo
o abraço
a palavra

Novamente veio a noite
como no açoite
cortando com seu frio
e as estrelas
com seu brilho
enfeitam meu sofrer
que é difícil ver
ficou no amanhecer
quando me levantei para ler
o que eu tinha acabado de escrever
sobre mim
para você
que vê
com seus olhos
de seu jeito de entender
se é que compreende
o que eu quis dizer