Não
sei exatamente quando me tornei um louco, mas acho que isso é algo recente, de
uns poucos anos para cá. Aconteceu mais ou menos assim.
No
início comecei a reparar que eu não gostava da maioria das coisas que as
pessoas gostam, como por exemplo, beber cerveja nos bares, fumar em ambientes
fechados, como por exemplo, barzinhos, restaurantes ou mesmo na rua, contar
vantagens em relação ao desempenho sexual com as mulheres, discutir futebol,
política...Na verdade, nunca gostei mesmo é de aglomerações, multidões, e para
mim, mais de duas pessoas já é multidão, barulho, etc...Não gosto de “jogar
conversa fora”, as conversas têm que ser objetivas.
Acho
que isso contribuiu para que eu não tivesse uma coisa que as pessoas chamam de
“amigos”. Meu negócio era namorar. E namorar, não sei se vocês se lembram
ainda, mas é coisa entre sexos opostos e a dois. Par mim sempre foi e continua
sendo; algo hetero e não homo. Omo para mim é sabão em pó.
Na
verdade mesmo, se vocês querem saber, sempre fui um cara egocêntrico, as minhas
verdades sempre foram absolutas, o que eu acredito é daquela maneira e não
tenho paciência para ouvir as versões dos outros. É como Fernando Pessoa diz:
“Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas”
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas”
Acho
que é exatamente isso, “como se soubesse
a verdade” e “não tivesse mais irmandade com as coisas”.
Aliás,
esse poema “Tabacaria” de Pessoa é o meu preferido, ele escreveu o poema que eu
deveria ter escrito.
Mas
voltando ao assunto. Esse comportamento não é bom, é antipático, as pessoas não
gostam que você discorde delas. Principalmente se você destrói ou tenta
destruir suas ilusões.
Então,
cercado de gente por todos os lados, sempre fui só. Mas, não me sentia
solitário. A mãe dos meus filhos, com quem fiquei casado 16 anos, sempre
reclamou que eu quase não falava. Nos meus diversos relacionamentos
pós-casamento oficial, as companheiras também reclamavam disso. Mas é que quando
você fala, a energia do amor se dispersa, quando duas pessoas se complementam
elas não precisam de muita conversa, os olhos falam.
“Às vezes você me pergunta / porque é
que eu sou tão calado / não falo de amor quase nada / nem fico sorrindo ao teu
lado...”
Mas
eu estava falando da loucura, isso é, como me tornei um louco. Bem, louco é o
que eu acho que sou hoje, nessa época eu não achava isso. Acho que nessa época
eu não achava nada, eu era feliz e só me dei conta depois.
Mas
a vida foi seguindo, me formei, casei, tive dois filhos, sonhava e fazia
planos. Como toda pessoa normal, ou não louca faz. Eu também fazia.
A
grande mudança ocorreu alguns meses antes de eu completar 42 anos. Foi aos 42
anos, em 1995, que houve uma reviravolta na minha vida, e a mesma mudou e foi
mudando a cada ano. Não vou contar aqui o que provocou essa mudança, pois na
verdade, até hoje, não consigo muito entender como as coisas aconteceram
daquela forma. Mas, adianto que não teve nada a ver com a separação da minha
ex-mulher, que só ocorreu uns 5 anos depois. Foi algo no lado profissional.
Então,
passado essa primeira fase de loucura, mais ou menos em 1997, eu que não tinha
nenhuma ligação religiosa ou espiritual, me considerava cristão católico
somente para constar, porque parece que somos obrigados a ter uma religião
nesse país, assim como somos obrigados a votar também. Comecei então a buscar
Deus em todo buraco que achava. E mergulhei fundo nessa busca, intensamente,
profundamente, desesperadamente. Eu tinha acordado! O ano de 1997 foi o ano que
acordei, aos 43 anos.
Bem,
entrei no caminho, e a estrada era longa. Mas as coisas foram evoluindo como se
Alguém estivesse por trás ajudando. Na verdade estava mesmo, mas eu ainda não
sabia. E andei por muitos caminhos e atalhos tipo esoterismo, espiritualismo,
religioso, doutrinário, de quase tudo que não envolvesse fazer algo que
prejudicasse alguém.
Esse
período durou até 2001 quando aconteceu
o segundo grande salto, foi quando conheci e iniciei a leitura do livro
“Um Curso Em Milagres – UCEM”). Esse livro foi um marco na minha vida. Um
“divisor de águas”. Não vou falar do livro pois quem quiser conhecer é só
perguntar ao “Mestre Google”.
Mas
agora sinto que essa minha loucura entrou numa quarta fase, lembrando:
1) Primeira fase – até os 41 anos;
2) Segunda fase – dos 42 aos 47 anos (2001);
3) Terceira fase -
dos 47 anos até os 54 anos (2008);
4) Quarta fase – dos 55 anos (2009) aos.........
Essa
quarta fase começou em 2009, ou seja, há cerca de 4 anos atrás quando comecei a
escrever alguns dos meus pensamentos e chamei alguns de poemas. É uma fase de
abandono quase total dos livros e das leituras que não sejam poesias. É uma
fase de cansaço, mas um cansaço que não é só físico e mais ainda do que mental,
parece um cansaço da alma, de uma alma que quer voar e se sente aprisionada num
mundo estranho com gente agindo estranhamente.
É
uma fase que eu me sinto assim, recorrendo novamente ao poeta maior:
“Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.”
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.”
Vou
terminar isso que já estou com sono e cansado. Amanhã eu releio para ver se
isso faz algum sentido. Se bem que sendo louco, não precisa fazer sentido. Corrijam
para mim a ortografia.
Tchau!
(©
05.09.2012 – Paulo Cesar de Oliveira)