Desculpe-me,
mas calado eu não fico
Mesmo
sabendo que a língua que falo é de outra raça
Por que quando todos se calam o silêncio torna-se cúmplice
E não posso me tornar cúmplice do teu medo e da tua omissão
e dos meus erros
Os erros por amor já nascem com perdão
Eu já lhe falei disso
Por que quando todos se calam o silêncio torna-se cúmplice
E não posso me tornar cúmplice do teu medo e da tua omissão
e dos meus erros
Os erros por amor já nascem com perdão
Eu já lhe falei disso
Do amor nada mais resta do que esta primavera
Depois
de um inverno de podas
Venho
envelhecendo lentamente
Como aguardente em barris de carvalho
Inerte
e incorpando aromas e sabores
Que
fui colhendo nos jardins que visitei
Venho
examinando minha consciência nesses últimos anos
Não há
um resquício que seja de culpa ou arrependimentos
Tudo
foi experiência absorvida e aprendida
Tudo
valeu a pena
Eu
realmente não sabia que ao te beijar e te desejar
E tê-la
por alguns momentos
Eu me
tornaria dependente do teu corpo e da tua presença
Do
teu calor e do teu sexo
Guardo
hoje uma certeza oculta
A de
que nunca poderei me separar te ti
Mas
ainda não descobri o mistério
Por
quê meu coração entristece quando ouço teu nome?
Meu coração ainda não aprendeu a lição final
A que fala da gratidão e do perdão
Eu não falo a língua dos homens
Por isso você não compreende
Muito menos a língua dos anjos
Eu falo aqui a língua dos poetas
Das metáforas e mentonímias
Das hipérboles e dos paradoxos
Entendeu? Ou prefere que eu desenhe?
Eu não falo a língua dos homens
Por isso você não compreende
Muito menos a língua dos anjos
Eu falo aqui a língua dos poetas
Das metáforas e mentonímias
Das hipérboles e dos paradoxos
Entendeu? Ou prefere que eu desenhe?
(Paulo
Cesar de Oliveira)