sábado, 18 de agosto de 2012 | 17:55
Roberto Nascimento
RECESSÃO EM MARCHA
CRESCIMENTO MENOR DA CHINA
DESEMPREGO E ELEIÇÃO NOS EUA
REFLEXOS DA CRISE NO BRASIL
Alea jacta est.
Desde a eclosão, em setembro de 2008, das primeiras labaredas que
explodiram o setor imobiliário dos Estados Unidos levando de roldão o
sistema bancário, as duas catástrofes tiveram como consequência a forte
recessão na maior nação capitalista, que persiste até hoje. O resultado
do efeito dominó mais evidente ocorre na zona do euro. O velho mundo, a
Europa está em chamas literalmente, arrastada pelo vendaval americano.
Grécia, Portugal Espanha e Itália acumulam dívidas impagáveis, apesar do
socorro do FMI.
Os articulistas e comentaristas do Blog da Tribuna alertaram, em
diversos artigos, que a crise seria longa e que poderia durar uma
década. Entretanto, economistas do governo, da oposição e do mercado,
acreditavam que a recessão americana chegaria aqui nos trópicos sob o
efeito de uma leve brisa da primavera setembrina e que já no verão as
coisas se acertariam por osmose. Ledo engano.
RECESSÃO EM MARCHA
Pois bem, passaram-se quatro anos, muitas estações e a crise
econômica só faz aumentar de tamanho, causando desespero e desemprego
nas sociedades americanas e europeias.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o ex- ministro da
Fazenda, economista Pedro Malan, prevê que a recessão mundial irá durar
vários anos até que o mercado mundial volte ao ritmo experimentado em
2008.
Os economistas caíram na real, à ficha se abriu repentinamente e os
fatos econômicos demonstram um cenário sombrio, principalmente para os
trabalhadores, que começam a perder seus empregos, agora também nos
países emergentes como o Brasil. Nem mesmo medidas como a renúncia
fiscal, a desoneração da folha de pagamentos, o corte sazonal dos
impostos federais, a redução dos benefícios sociais, a queda da taxa de
juros, o congelamento dos salários do setor público, o incentivo ao
consumo interno têm sido suficientes para turbinar a economia e aumentar
o PIB, além dos 1,5% previstos nesse ano de 2012.
CRESCIMENTO MENOR DA CHINA
Para completar o quadro dramático da economia mundial, a China começa
a sentir os efeitos danosos da crise recessiva nas economias americanas
e europeias, que juntas formam o conjunto dos maiores consumidores de
alimentos e produtos manufaturados em escala mundial. As exportações
chinesas recuaram e em sentido oposto diminuíram as importações de
commodities agrícolas e minerais.
O crescimento menor da economia da China já causa consequências
políticas no núcleo do poder, expondo a luta entre os partidários da
economia planificada e estatal e os adeptos da economia de mercado
concebida por Deng Xiau Ping. Podemos afirmar, sem medo de errar, que a
China não é mais um país essencialmente comunista, tendo se rendido
docemente constrangida às delícias do modo de produção capitalista.
DESEMPREGO E ELEIÇÃO NOS EUA
Voltando ao tema inicial, nossos olhos estão voltados para a eleição
americana. Obama ou Romney, qual deles será capaz de tirar os Estados
Unidos da recessão brutal em que se encontram e que arrastou quase todas
as nações para o mesmo buraco negro?
Acredito que o nó da questão está na competição internacional. Os
empregos dos americanos foram carreados para a China (o capital não tem
pátria) por incompetência dos governos, logo precisam retornar para
alavancar a economia. Mas, se retornarem, quem passará por sérios
problemas serão os chineses. Para complicar a vida dos americanos, os
efeitos climáticos derivados da seca reduziram a safra de grãos e dos
alimentos produzidos pelos EUA. Logo, terão que importar de outros
países para o consumo interno.
REFLEXOS DA CRISE NO BRASIL
Quanto a nós aqui no Brasil, o quadro mudou de cor, pois o negro
começa a ser ressaltado nas medidas neoliberais destinadas a atrair
capital privado para investimento na infraestrutura, visto que europeus e
americanos estão mais preocupados em resolver a situação caótica dos
seus países. O momento não é adequado e propício para o investimento
externo, por mais atrativas que sejam as condições oferecidas aos
empreendedores animais.
Visando manter o nível de emprego, economistas pregam o aumento do
investimento estatal em empreendimentos privados na infraestrutura,
principalmente nas estradas em péssimas condições, nas ferrovias
deixadas de lado por diferentes governos que preferiram investir nas
fábricas de automóveis e nos portos e aeroportos públicos que serão
privatizados e entregues para operadores externos e grandes construtoras
nacionais.