Há até algumas décadas atrás, o conceito de inteligência estava restrito às habilidades lógicas. Era considerado inteligente quem tivesse a capacidade de compreender com facilidade conceitos complexos, sobretudo matemáticos. Aos poucos, as pessoas começaram a entender que a inteligência era algo muito mais amplo. Um dos marcos desta compreensão foi a publicação de "Inteligência Emocional" (Ed. Objetiva), de Daniel Goleman. O livro fez um estrondoso sucesso, principalmente porque até então não se pensava que as habilidades no campo emocional pudessem constituir uma forma de inteligência.
Mas o que é inteligência? É,
basicamente, uma capacidade de articular e dominar uma determinada
matéria. O que se sabe sobre inteligência hoje é que há vários tipos
dela - como a matemática, verbal, artística, musical, etc. - e que uma
pessoa inteligente em um assunto pode não sê-lo em outro. Por exemplo,
ter elevada inteligência matemática não quer dizer, necessariamente, ter
inteligência emocional. Por isto, idealmente, devemos buscar
desenvolver mais de um tipo de inteligência se quisermos ter sucesso na
vida. Por exemplo, Salvador Dali tinha inteligência artística, mas
também para realizar seu marketing pessoal, ao contrário de muitos
pintores talentosos que só foram reconhecidos depois da morte.
A
inteligência também é algo que pode ser ampliado e multiplicado pelo
uso. As obras primas costumam surgir de uma inteligência já amadurecida,
em pleno domínio das habilidades necessárias para executar algo. Uma
das inteligências mais curiosas talvez seja a física.
Algumas pessoas
são dotadas de uma habilidade natural de compreenderem a forma de usar o
corpo. Sempre que aprendem algo neste sentido tendem a se destacar da
média. Exemplo: um jogador de futebol que seja dotado deste tipo de
inteligência pode aprender a jogar tênis com facilidade, logo
compreendendo a mecânica do esporte e de como ser bem sucedido nele. Ele
pode não se tornar um especialista neste esporte, mas ter mais
desembaraço do que uma pessoa que não tenha uma inteligência corporal
desenvolvida.
Só as pessoas inteligentes concordam em mudar
A despeito das várias definições para inteligência, ela deveria ter um sentido prático, de nos ajudar a ser mais capaz de gerir melhor o que se apresenta, tirar mais proveito das situações e obter melhores resultados. Há pessoas que possuem uma espécie de inteligência global, que as habilita não só a se destacarem em habilidades específicas, como a também conseguirem se comunicar com todo tipo de pessoa e terem sucesso em outras áreas da vida.
Precisamos ter um pouco de tudo se quisermos nos sair bem na vida.
Suponhamos, por exemplo, que falte em você a característica da tolerância. Esta ausência faz com que você provavelmente seja muito crítico, irritável e implacável - consigo mesmo e com os outros. Isto, por sua vez, pode implicar em se envolver em conflitos e colocar em risco os relacionamentos. No dia em que você notar os prejuízos que a falta de tolerância traz para a sua vida vai querer aprender a desenvolvê-la. E entre o querer e o fazer terá que aplicar considerável quantidade de foco e esforço para reverter padrões e assimilar algo novo.
Aquilo que não usamos é difícil para nós. Por exemplo, se você é destro, tente escrever qualquer coisa com a mão esquerda. Ficará surpreso como é difícil executar uma tarefa aparentemente tão simples quanto esta.
No entanto, o ser humano pode ter incrível força de vontade quando quer realizar algo. Admitir o problema, como já foi dito anteriormente, já é muita coisa, pois implica em ter uma direção e algo para solucionar. Só pessoas inteligentes concordam em mudar para ter melhoras em sua vida pessoal, profissional ou afetiva.
A questão é que a maioria de nós muitas vezes não tem consciência do que nos falta, por isto, se algum dia você descobrir uma lacuna, agradeça, pois só quem sabe qual é o problema tem como começar a resolvê-lo.
As lacunas realmente sérias são aquelas que bloqueiam a vida. Por exemplo, quem tem uma aversão muito acentuada a correr qualquer tipo de risco fica estagnado. Não quer sair da sua zona de segurança. Mas também sofre por estar dentro dela. Durante anos, pode esperar um milagre, até o dia em que achar que precisa fazer algo novo acontecer, porque o milagre pode demorar ou não vir.
Uma das lacunas mais comuns dos jovens de hoje é a persistência. Ninguém nasce persistente. A persistência é aprendida. Porém, se a pessoa nunca a usou, pensa que simplesmente não tem nenhum pouco desta qualidade dentro de si. É importante dizer aos pais que não privem seus filhos de desafios, pois, do contrário, eles ficam sem conhecer a própria força.
Recentemente, uma mãe preocupada veio fazer uma consulta comigo sobre o filho de 23 anos que não terminava nada do que começava e estava desanimado e sem rumo. Perguntei a ela como tinha sido a educação dele. Corajosa em admitir seus erros (o primeiro passo da inteligência), ela contou que todos o mimavam. Que o rapaz, quando era criança, demorou anos para aprender a amarrar o cadarço do tênis, não porque tivesse tentado e não conseguido, mas porque sempre havia alguém que fazia isto por ele.
Infelizmente, a repetição deste tipo de ajuda além do prazo razoável rouba a autonomia e priva a pessoa de enfrentar os problemas e também se conhecer. Este rapaz não aprendeu a ter o mínimo de disciplina e nem a conquistar as coisas por conta própria. Por isto estava tendo muitas dificuldades, em uma idade na qual estes atributos são necessários. Era hora de empurrar o jovem para fora do ninho para ele ter seu voo solo. Ocorre que ele pouco treinou suas asas antes.
Nunca é tarde para aprender
Porém, nunca é tarde para qualquer forma de aprendizado. Podemos preencher as nossas lacunas a qualquer tempo, com paciência, esforço e força de vontade.
Muitas vezes, nos associamos inconscientemente a pessoas que podem nos ensinar algo. Se somos inábeis socialmente, podemos sentir atração por quem é hábil. Podemos ter uma oportunidade valiosa de aprender com o outro o que ele faz de melhor. Nem sempre, porém, reconhecemos estas grandes oportunidades, principalmente nos casamentos. Às vezes, nos entrincheiramos no nosso velho jeito de ser, com medo de perder uma parte de nós mesmos se simplesmente nos permitirmos experimentar outros comportamentos. Com o tempo, aprendemos (mais um aprendizado) que o orgulho excessivo nunca é um bom conselheiro.
O caminho do aprendizado nem sempre é fácil. Muitas vezes é permeado por dúvidas: é isto mesmo, vou por aí? Mas isto faz parte da vida também.
Por isto que foi mencionada a humildade. Inteligente é aquele que se abre, que é flexível. Isto não quer dizer flexibilidade absoluta e abertura para qualquer coisa, mas uma espécie de "será" e o uso do próprio instinto e sensibilidade para saber o que serve ou não para si mesmo.
A inteligência também está nos olhos de quem olha
Há um outro fator de inteligência, que é a maneira como se aborda um problema, isto é, a forma como se olha para ele. A pessoa mais acostumada a usar sua inteligência nunca se deixa intimidar pelo que vê, pois ela está tentando buscar respostas. Ela sabe que se paralisar a si mesma e se deixar dominar pelo medo, desânimo ou pela pressuposição de que não há solução, não haverá mesmo como encontrá-la. A inteligência necessita de um pouco de distanciamento e da vontade de acertar. Requer, portanto, certa audácia, porque não basta enxergar uma solução, é preciso colocar em prática. Não é inteligente não testar as coisas e ter uma postura passiva.
Hora de ampliar a sua inteligência
Não perca a oportunidade de aprendizado. Corra atrás do desenvolvimento das suas habilidades e também exercite o seu olhar. Faça perguntas como: "o que está faltando?", "que aprendizados e habilidades tenho que assimilar?". Você tem um ano para colocar em prática a sua inventividade e, igualmente, trabalhar a sua mente e forma de enxergar as coisas.
A sua mente é feita do conjunto dos seus pensamentos. Quer saiba, quer não, quem coloca alimento na sua mente é você. E a sua atitude tem que ser vigilante e ativa neste âmbito, como em outros de sua vida. Assim, por exemplo, se a sua mente está se inclinando na direção da derrota, pessimismo ou desânimo, só você vai poder mudar a maneira de pensar. Poderá fazer terapia, ler livros, realizar cursos que sejam um bom alimento para a sua mente ou então só ocupá-la com entretenimento, o que também tem o seu valor, mas não pode ser o único alimento.
Amplie sua compreensão, sua inteligência emocional e seu entendimento sobre a vida, as pessoas, a sociedade, etc.
Experimente novas abordagens, saindo da famosa zona de conforto. Vá estudar e se aprimorar naquilo que você quer. Se quer ser uma pessoa de sucesso, vá aprender como sê-lo. Se tem enfrentado dilemas como pai ou mãe, leia o que os educadores já publicaram e tire as suas conclusões. Faça cursos, se recicle, busque terapias. Mas não pare, pois o aprendizado nunca termina, apenas fica maior e melhor.
Sobre a autora
Mora
no RJ.
Só as pessoas inteligentes concordam em mudar
A despeito das várias definições para inteligência, ela deveria ter um sentido prático, de nos ajudar a ser mais capaz de gerir melhor o que se apresenta, tirar mais proveito das situações e obter melhores resultados. Há pessoas que possuem uma espécie de inteligência global, que as habilita não só a se destacarem em habilidades específicas, como a também conseguirem se comunicar com todo tipo de pessoa e terem sucesso em outras áreas da vida.
Precisamos ter um pouco de tudo se quisermos nos sair bem na vida.
Suponhamos, por exemplo, que falte em você a característica da tolerância. Esta ausência faz com que você provavelmente seja muito crítico, irritável e implacável - consigo mesmo e com os outros. Isto, por sua vez, pode implicar em se envolver em conflitos e colocar em risco os relacionamentos. No dia em que você notar os prejuízos que a falta de tolerância traz para a sua vida vai querer aprender a desenvolvê-la. E entre o querer e o fazer terá que aplicar considerável quantidade de foco e esforço para reverter padrões e assimilar algo novo.
Aquilo que não usamos é difícil para nós. Por exemplo, se você é destro, tente escrever qualquer coisa com a mão esquerda. Ficará surpreso como é difícil executar uma tarefa aparentemente tão simples quanto esta.
No entanto, o ser humano pode ter incrível força de vontade quando quer realizar algo. Admitir o problema, como já foi dito anteriormente, já é muita coisa, pois implica em ter uma direção e algo para solucionar. Só pessoas inteligentes concordam em mudar para ter melhoras em sua vida pessoal, profissional ou afetiva.
A questão é que a maioria de nós muitas vezes não tem consciência do que nos falta, por isto, se algum dia você descobrir uma lacuna, agradeça, pois só quem sabe qual é o problema tem como começar a resolvê-lo.
As lacunas realmente sérias são aquelas que bloqueiam a vida. Por exemplo, quem tem uma aversão muito acentuada a correr qualquer tipo de risco fica estagnado. Não quer sair da sua zona de segurança. Mas também sofre por estar dentro dela. Durante anos, pode esperar um milagre, até o dia em que achar que precisa fazer algo novo acontecer, porque o milagre pode demorar ou não vir.
Uma das lacunas mais comuns dos jovens de hoje é a persistência. Ninguém nasce persistente. A persistência é aprendida. Porém, se a pessoa nunca a usou, pensa que simplesmente não tem nenhum pouco desta qualidade dentro de si. É importante dizer aos pais que não privem seus filhos de desafios, pois, do contrário, eles ficam sem conhecer a própria força.
Recentemente, uma mãe preocupada veio fazer uma consulta comigo sobre o filho de 23 anos que não terminava nada do que começava e estava desanimado e sem rumo. Perguntei a ela como tinha sido a educação dele. Corajosa em admitir seus erros (o primeiro passo da inteligência), ela contou que todos o mimavam. Que o rapaz, quando era criança, demorou anos para aprender a amarrar o cadarço do tênis, não porque tivesse tentado e não conseguido, mas porque sempre havia alguém que fazia isto por ele.
Infelizmente, a repetição deste tipo de ajuda além do prazo razoável rouba a autonomia e priva a pessoa de enfrentar os problemas e também se conhecer. Este rapaz não aprendeu a ter o mínimo de disciplina e nem a conquistar as coisas por conta própria. Por isto estava tendo muitas dificuldades, em uma idade na qual estes atributos são necessários. Era hora de empurrar o jovem para fora do ninho para ele ter seu voo solo. Ocorre que ele pouco treinou suas asas antes.
Nunca é tarde para aprender
Porém, nunca é tarde para qualquer forma de aprendizado. Podemos preencher as nossas lacunas a qualquer tempo, com paciência, esforço e força de vontade.
Muitas vezes, nos associamos inconscientemente a pessoas que podem nos ensinar algo. Se somos inábeis socialmente, podemos sentir atração por quem é hábil. Podemos ter uma oportunidade valiosa de aprender com o outro o que ele faz de melhor. Nem sempre, porém, reconhecemos estas grandes oportunidades, principalmente nos casamentos. Às vezes, nos entrincheiramos no nosso velho jeito de ser, com medo de perder uma parte de nós mesmos se simplesmente nos permitirmos experimentar outros comportamentos. Com o tempo, aprendemos (mais um aprendizado) que o orgulho excessivo nunca é um bom conselheiro.
O caminho do aprendizado nem sempre é fácil. Muitas vezes é permeado por dúvidas: é isto mesmo, vou por aí? Mas isto faz parte da vida também.
Por isto que foi mencionada a humildade. Inteligente é aquele que se abre, que é flexível. Isto não quer dizer flexibilidade absoluta e abertura para qualquer coisa, mas uma espécie de "será" e o uso do próprio instinto e sensibilidade para saber o que serve ou não para si mesmo.
A inteligência também está nos olhos de quem olha
Há um outro fator de inteligência, que é a maneira como se aborda um problema, isto é, a forma como se olha para ele. A pessoa mais acostumada a usar sua inteligência nunca se deixa intimidar pelo que vê, pois ela está tentando buscar respostas. Ela sabe que se paralisar a si mesma e se deixar dominar pelo medo, desânimo ou pela pressuposição de que não há solução, não haverá mesmo como encontrá-la. A inteligência necessita de um pouco de distanciamento e da vontade de acertar. Requer, portanto, certa audácia, porque não basta enxergar uma solução, é preciso colocar em prática. Não é inteligente não testar as coisas e ter uma postura passiva.
Hora de ampliar a sua inteligência
Não perca a oportunidade de aprendizado. Corra atrás do desenvolvimento das suas habilidades e também exercite o seu olhar. Faça perguntas como: "o que está faltando?", "que aprendizados e habilidades tenho que assimilar?". Você tem um ano para colocar em prática a sua inventividade e, igualmente, trabalhar a sua mente e forma de enxergar as coisas.
A sua mente é feita do conjunto dos seus pensamentos. Quer saiba, quer não, quem coloca alimento na sua mente é você. E a sua atitude tem que ser vigilante e ativa neste âmbito, como em outros de sua vida. Assim, por exemplo, se a sua mente está se inclinando na direção da derrota, pessimismo ou desânimo, só você vai poder mudar a maneira de pensar. Poderá fazer terapia, ler livros, realizar cursos que sejam um bom alimento para a sua mente ou então só ocupá-la com entretenimento, o que também tem o seu valor, mas não pode ser o único alimento.
Amplie sua compreensão, sua inteligência emocional e seu entendimento sobre a vida, as pessoas, a sociedade, etc.
Experimente novas abordagens, saindo da famosa zona de conforto. Vá estudar e se aprimorar naquilo que você quer. Se quer ser uma pessoa de sucesso, vá aprender como sê-lo. Se tem enfrentado dilemas como pai ou mãe, leia o que os educadores já publicaram e tire as suas conclusões. Faça cursos, se recicle, busque terapias. Mas não pare, pois o aprendizado nunca termina, apenas fica maior e melhor.
Sobre a autora
