quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014



TEM DIAS QUE OS POEMAS SOBEM NA MINHA ESCRIVANINHA

Um dia eu vou deixar de falar
Mas, enquanto esse dia não chega
Eu lhe entregarei sempre que puder umas palavras
Não sei qual a utilidade que você as dará
Se as jogará no lixo ou se as guardará
Mas eu preciso lhe entregar essas palavras
Foi promessa que fiz

O meu silêncio eu já não posso te ofertar
O meu silêncio é muito particular
Já não serve para nos comunicar
Eu preciso fazer as coisas no seu tempo certo
Pois assim como há o tempo de plantar e de colher
Também há o tempo de falar e de calar
O falar precede o calar

Você já conhece os quatro verbos do mago:
Querer – saber – ousar e calar
No momento eu apenas quis, ainda busco o saber
Mas já começo a ousar
Ainda estou muito longe do calar

As vezes um poema me incomoda, como agora
E me pode para conhecer vocês
E eu digo para ele: “agora não, não vê que estou ocupado”
Mas o poema não me dá ouvidos e ironiza:

“Muito mal PC,
não fique preguiçoso.
Você prometeu para Deus que ajudaria
Espalhando poesia
E Ele acabou de aparecer com essa nova melodia.”

Uma vez eu disse para um poema: “Estou cansado,ninguém  quer saber da gente, poemas não vendem”
E o poema subiu na minha escrivaninha
E começou a escrever umas linhas

E eu acabei abandonando sozinho 
o meu silêncio 
que até então me fazia companhia


Paulo Cesar de Oliveira