sábado, 2 de março de 2013

O ESCREVENTE E OS LEITORES


Não escrevo com a expectativa que me compreendas
Mas, gostaria que compreendesse aquilo que não escrevo
E se não escrevo é porque não sei como dizer-te
Para escrever é preciso fugir da norma e entrar um pouco na loucura
Há muitas coisas que percebo que não sou
Mas dizer exatamente o que sou, eu não consigo
O sábio lê livros, mas lê principalmente a vida
Quanto mais leio mais ignorante fico
Há um conflito: tenho que escolher
Entre a inocência que não lê e a ignorância que lê muito
Quando você leu muito, é natural que você passe a escrever
Mas escrever sobre o quê?
Se todas as palavras não podem definir nem explicar
Como posso escrever sobre o amor, sobre Deus ou
Simplesmente sobre quem sou e o que penso
Se penso tanto, que chego a enlouquecer só de pensar
Eu posso inventar coisas e escrever
Mas não posso discutir a moralidade e a verdade do que escrevo
Escrever para mim é tão somente uma maneira de converter meus sentimentos em palavras
Não me cabe interpretar ou analisar aquilo que escrevo
Para isso há os leitores
Com suas lógicas, razões e coerências

(© 02.03.2013 – Paulo Cesar de Oliveira)