Há
uma citação, uma frase do falecido Cazuza que termina simplesmente assim: “...morrer
não dói”.
Fiquei
pensando nisso, e vocês sabem que pensar enlouquece, a não ser que você já seja
um louco, que é o meu caso.
Mas,
se não enlouqueço ao pensar, por outro lado tenho a necessidade de escrever
meus pensamentos. Talvez, ao escrever meus pensamentos eu evite que essa
loucura do pensar me leve além da loucura. Quando leio Fernando Pessoa penso
que ele também fazia poemas com seus pensamentos.
Já
ouvi algumas pessoas dizerem que não gostam do Cazuza, talvez seja pelo fato
dele não ter sido aquilo que podemos chamar de um exemplo de comportamento
socialmente correto. Mas eu entendo o Cazuza e gosto de algumas músicas dele,
principalmente, “Ideologia”. “Ideologia eu quero uma para viver”, “E as ilusões
estão todos perdidas”.
Mas,
se “morrer não dói”, e concordo com ele, apesar de não ter morrido ainda, dói
morrer todos os dias, desde o nosso primeiro dia de nascimento. Ou seja, dói
viver. Mas a dor do viver é uma dor diferente, parece que a medida que você
mais vive menos dói, principalmente, ou fundamentalmente, se você vai perdendo
o medo. O medo e a culpa é que fazem o viver dolorido. Observe, uma criança não
sente dor quando vive, porque não tem medo. Na medida em que ela vai deixando
de ser criança, ela vai adquirindo o medo dos outros e a vida começa a doer
para ela.
Os
músicos, os compositores, os pintores, os poetas, os artistas de uma maneira
geral, eles conseguem perceber a vida de uma maneira diferente. Normalmente,
eles não vivem muito tempo, eles costumam morrer mais cedo do que as outras
pessoas. Estou falando dos grandes artistas, os grandes músicos, compositores,
poetas, etc. Aqueles que se sobressaíram em suas artes. Isso acontece porque a
“dor de viver” deles é maior do que a dos outros. Porque eles absorvem não só a
dor que é deles, mas as “dores do mundo”.
É
por isso que a maioria das pessoas não entende um artista e a sua obra. É por
isso que muita gente não entende uma poesia e tenta interpretá-la como se fosse
a vida ordinária. É por isso que muita gente não compreende um quadro de um
pintor. É por isso que muita gente não entendeu o Cazuza. Porque ainda não compreenderam a dor da vida. “A dor e
a delícia de ser o que é...”
“Você
sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor”
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor”
(© 04.10.2012 – Paulo Cesar de Oliveira)