A
ARTE DE ESCREVER O QUE NÃO PODE SER EXPLICADO POR PALAVRAS
Ao começar esse texto eu só tinha o título, isso não é
normal em mim, pois, normalmente eu escrevo e depois escolho um titulo.
“Eu penso, logo existo”. Não! O certo é, “eu penso,
logo escrevo”. Mas como escrever algo tão volátil como os pensamentos? E ainda
assim ser compreendido ou se fazer entendido? Sei lá! Melhor é colocar os
pensamentos e idéias na tela do computador e ir arrumando, colocando as
palavras em ordem, alguma ordem que seja. Isso é um quebra-cabeça de símbolos
que se chamam palavras.
A maravilhosa Clarice Lispector disse assim um dia:
“Escrever é uma maldição”. Não sei exatamente porque a poetisa disse isso, mas
se é maldição, é uma maldição que salva.
Mas eu menti, acabei de mentir para vocês. Ou sei sim,
por que Lispector disse isso. “É uma maldição porque obriga e arrasta como um
vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui”.
Mas por que ele salva? Salva de quê? De outros vícios.
Por exemplo, me salva da televisão.
É verdade, reconheço que tenho esse vício de escrever.
E pior do que isso, tenho exposto vocês a esse meu vício. Hoje mesmo, quando
todo mundo está vendo o final da novela da Globo, uma coisa tão saudável e
útil, cá estou eu, escrevendo para vocês. Não! Outra mentira, escrevendo para
mim mesmo e obrigando vocês a lerem o que escrevo.
Do que eu mais gosto de escrever é umas coisas que
chamo de “poemas”. Nos últimos cinco anos escrevi mais de cem. Exatamente hoje
tenho publicado 100 poemas no meu blog, mas tem alguns que não foram publicados
em lugar nenhum.
Nesses nossos tempos modernos, cibernéticos, visuais,
virtuais, etc, ninguém quer ler um texto grande, um livro, um poema grande.
Vocês nem são da época das cartinhas de amor, ou se eram não se lembram mais,
mas “todas as cartas de amor são ridículas” como disse o poeta Pessoa. O mundo
tem pressa e as pessoas não podem mais perder tempo em leituras, melhor ver as
figuras, os ícones.
Mas aí está o cerne do meu problema e do meu vício de
escrever, tenho imensas dificuldades de me adaptar a velocidade e modo desse
mundo moderno. Por isso, enquanto todo mundo, quer saber quem matou Max, eu
apenas tento manter vivo o meu amor escrevendo esses meus sentimentalismos e
pensamentos. E correndo todo o risco de não ser entendido porque minhas
palavras nunca poderão definir e explicar meu coração.
Meu amor! Se eu fosse um pintor,
ou um escultor
Te mostrava toda nua
Que é como eu te gosto mais
E como te sinto melhor
Mas como sou apenas um poeta
Tento tirar você dos meus pensamentos
Colocando-a em
meus poemas
Que é como sei fazer
E é como sei de esquecer
(© 19.10.2012 – Paulo Cesar de Oliveira)