quarta-feira, 31 de outubro de 2012

MINHA PRÓPRIA TABACARIA

Sinto-me hoje vencedor e ao mesmo tempo vencido.
Lúcido, como se estivesse preparado para a morte,
Como se não tivesse mais irmandade com as coisas
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu
Com a sensação de que tudo é sonho, sem nenhuma realidade por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,

Não me serve para nada
Tudo que aprendi, aprendi vivendo, com alegria, tristeza, felicidade e dor
Até mesmo esse tal de amor
Fui a campo com grandes propósitos
E hoje percebo que a única e verdadeira coisa a ser conquistada
É o conhecimento de Quem Eu Sou
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Penso tanta coisa!
Vivi, estudei, amei e até cri,   
No final fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não fiz
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.

E escrevo esta história para provar que sou sublime.

Tão sublime quanto meu poeta Fernando Pessoa, 
porém desconhecido até de mim mesmo.

(Paulo Cesar de Oliveira)