quinta-feira, 7 de junho de 2012

UMA ILHA CERCADA DE GENTE

A  música, a poesia e o vinho tinto me embriagam
Enquanto penso no tempo que me resta
Mas não há nenhuma pressa

Pela janela do meu quarto
Vejo essa gente e os automóveis que passam
Como formigas carregando sonhos em vez de folhas

As pessoas estão tristes ou sou apenas eu?
Elas fazem barulhos, mas eu quero o silêncio

Há muita tristeza nos teus olhos meu amor
Ao mesmo tempo que há tanta vida contida
Além da dúvida e do medo

Há tanta ilusão lá fora
Que quando saio volto correndo
Para dentro de mim

Meus amigos são amigos de ninguém
Meus amores foram amores perdidos
E meus sonhos me acordam todos os dias

Estou só na cidade super povoada
E do medo que os dominam
Buscam rotas de fuga
Como um bando de pombos em revoada
Se escondem nos bares, nos shoppings,
nas igrejas e templos 
Ou na internet

Não tenho comunicação real com as pessoas
Minhas palavras escritas tem sido meu grito de alerta
Ou talvez de desespero

Vejo tanta solidão na multidão

Jogo palavras ao vento
Como quem joga mensagens em garrafas
Que se quebrarão num rochedo qualquer
Ou no coração de pedra de uma mulher

Afinal, sou uma ilha cercada de gente

Essa chuva lá fora, esse vinho e essa música
Me deixam tão sentimental
Que às vezes até penso que tudo isso é real


(©07.06.2012  -  Paulo Cesar de Oliveira)