Cinqüenta e oito anos de ilusão
Mas essa não é a questão
A questão é:
O que fiz com essa ilusão?
Transformei em sonhos
Cinqüenta e oito anos de sonhos, então
Mas essa ainda não é a questão
A questão é:
O que fiz com esses sonhos?
Transformei em cansaços
Mas apesar da ilusão, dos sonhos e do cansaço
Eu não sou mais quem começou essa caminhada
Todo ano quando faço anos, faço um balanço
E percebo que o tempo também é uma ilusão
O que fica em cada ano de vida é apenas
A quantidade de Amor que conseguimos reter
De alguma forma, de qualquer jeito
Não, não falo desse amor dos amantes e dos apaixonados
Porque desses amores
tem sido feito meus sonhos,
minha ilusão e meus
cansaços
Falo do Amor do outro mundo, além do tempo e do espaço
Não falo da vida, nem mesmo quando perdi o norte
Pergunto se a vida,
não é apenas a continuação
da morte
Não busco mais Deus
Nem a felicidade
Fiquei ali parado, estagnado e perplexo
O dia que percebi que essas buscas eram apenas
Mais desejos meus
E que me faziam sofrer
Igual aquele tempo em que eu buscava você
Nunca pensei chegar
tão longe
Quando dei por mim
Já estava lá
Sei que você não entende essas coisas que digo
Nem mesmo esse meu cansaço
Nem mesmo esse meu cansaço
Mas preciso que você
me perdoe por isso
Porque ainda preciso dessas palavras
Para dizer aquilo que não precisava ser dito
Um dia eu vou ser poeta
Só para dizer que te amo
Sem que você perceba
(©19.05.1954 -
Paulo Cesar de Oliveira)