sexta-feira, 18 de maio de 2012

CINQUENTA E OITO ILUSÕES EM CADA ANO


Cinqüenta e oito anos de ilusão
Mas essa não é a questão
A questão é:
O que fiz com essa ilusão?

Transformei em sonhos

Cinqüenta e oito anos de sonhos, então
Mas essa ainda não é a questão
A questão é:
O que fiz com esses sonhos?

Transformei em cansaços

Mas apesar da ilusão, dos sonhos e do cansaço
Eu não sou mais quem começou essa caminhada
Todo ano quando faço anos, faço um balanço
E percebo que o tempo também é uma  ilusão

O que fica em cada ano de vida é apenas
A quantidade de Amor que conseguimos reter
De alguma forma, de qualquer jeito

Não, não falo desse amor dos amantes e dos apaixonados
Porque  desses amores tem sido feito meus sonhos,
 minha ilusão e meus cansaços
Falo do Amor do outro mundo, além do tempo e do espaço
Não falo da vida, nem mesmo quando perdi o norte
Pergunto se a vida,
 não é apenas a continuação da morte

Não busco mais Deus
Nem a felicidade
Fiquei ali parado, estagnado e perplexo
O dia que percebi que essas buscas eram apenas
Mais  desejos meus
E que me faziam  sofrer
Igual aquele tempo em que eu buscava você

Nunca pensei  chegar tão longe
Quando dei por mim
Já estava lá

Sei que você não entende essas coisas que digo
Nem mesmo esse meu cansaço
Mas preciso que você  me perdoe por isso
Porque ainda preciso dessas palavras
Para dizer aquilo que não precisava ser dito

Um dia eu vou ser poeta
Só para dizer que te amo
Sem que você perceba

(©19.05.1954  -  Paulo Cesar de Oliveira)