
Ainda leio, mas já não recebo as várias experiências com entusiasmo, começo a ler qualquer livro, por mais interessante que seja, e nem consigo chegar a metade. Tudo me parece repetições e comércio.
Tomadas em justa conta as minhas várias equimoses, obsessões, fadigas e terrenos estéreis, resulta claro que já não sinto a vida como uma descoberta e, antes, como um frio material para especulações, análises e deveres. Aqui encalha, agora, a minha vida: tudo coisas que se aprendem nos livros, mas os livros não alimentam como o faz, pelo contrário, a esperança.
Ora, quando novo, procurava informações e me tornei um impassível explorador, vivia-a e desfrutava os livros. Vivia jogado em bibliotecas e sebos no Rio de Janeiro. Agora, desfiz-me de quase todos meus livros e deixei apenas uns 20 o que me pareceu mais uma escolha sentimental e emocional do que intelectual.
Os livros hoje, definitivamente, não me servem, sequer, para viver. E o pior, sinto náuseas e indiferença quando vejo uma estante cheia de livros. Acho que até sinto dó dessa pessoa. Porque o excesso de leitura pode levá-la a um labirinto sem saída.
Mas não perdi meu tempo, afinal, até agora, ao ler os livros pude chegar a poesia dos grandes poetas, ou o estado atual de mais profunda contemplação e observação.