terça-feira, 8 de maio de 2012


Tenho medo que a tristeza e a descrença me impeçam

De escrever

Não me restou muita coisa num mundo ilusório

Nem paixão, nem amor, nem felicidade nem infelicidade

Apenas uma frágil esperança de um dia romper definitivamente

Essa Roda de Nascimentos e Mortes

 

Escrever tornou-se para mim uma maneira de chorar

Chorar sem razão, chorar sem motivo algum

Chorar apenas para lubrificar os olhos

 

Há um imenso vazio em mim agora

Que me imunda de um sentimento estranho

Como se estivesse num planeta fora da minha própria órbita

 

Já procurei em todos os lugares os originais de mim mesmo

Mas só encontrei  cópias feitas pelo ego

Cópias manchadas em preto e branco

Mas meus originais são coloridos

 

Embora saiba que a compreensão esteja muito além das palavras

Mesmo assim ainda insisto em escrever

Na esperança que alguém possa me ouvir

Mesmo que seja um E.T.

Que fale a minha língua ou entenda meu código

 

Uns bebem, outros comem e dormem

Uns namoram, outros casam

E descasam

E namoram

E vão as compras

E cuidam dos filhos e dos netos

E consideram seus trabalhos muito importantes

Pensam no futuro, vivem do passado

 

Mas nada sabem da grande descoberta

Da grande tragédia humana

Da grande ilusão e engano de todas as coisas

 

Buscam Deus e deuses, santos e milagres

Buscam dinheiro, riquezas, amores e paixões

Buscam a salvação

E enchem as igrejas e os templos

Buscam respostas

 

Mas eu apenas busco a poesia perfeita

A música das Esferas

E onde coloquei minha taça de vinho

Que estava em minhas mãos cansadas

Quando iniciei esse poema

 

Eu ainda busco a paz e os meus originais

 


(©2012  5  -  Paulo Cesar de Oliveira)