Tenho medo que a tristeza e a descrença me impeçam
De escrever
Não me restou muita coisa num mundo ilusório
Nem paixão, nem amor, nem felicidade nem infelicidade
Apenas uma frágil esperança de um dia romper definitivamente
Essa Roda de Nascimentos e Mortes
Escrever tornou-se para mim uma maneira de chorar
Chorar sem razão, chorar sem motivo algum
Chorar apenas para lubrificar os olhos
Há um imenso vazio em mim agora
Que me imunda de um sentimento estranho
Como se
estivesse num planeta fora da minha própria órbita
Já procurei em todos os lugares os originais de mim mesmo
Mas só encontrei cópias feitas pelo ego
Cópias manchadas em preto e branco
Mas meus originais são coloridos
Embora saiba que a compreensão esteja muito além das palavras
Mesmo assim ainda insisto em escrever
Na esperança que alguém possa me ouvir
Mesmo que seja um E.T.
Que fale a minha língua ou entenda meu código
Uns bebem, outros comem e dormem
Uns namoram, outros casam
E descasam
E namoram
E vão as compras
E cuidam dos filhos e dos netos
E consideram seus trabalhos muito importantes
Pensam no futuro, vivem do passado
Mas nada
sabem da grande descoberta
Da grande tragédia humana
Da grande ilusão e engano de todas as coisas
Buscam Deus e deuses, santos e milagres
Buscam dinheiro, riquezas, amores e paixões
Buscam a salvação
E enchem as igrejas e os templos
Buscam respostas
Mas eu apenas busco a poesia perfeita
A música das Esferas
E onde coloquei minha taça de vinho
Que estava em minhas mãos cansadas
Quando iniciei esse poema
Eu ainda busco a paz e os meus originais
(©2012 5 -
Paulo Cesar de Oliveira)