quarta-feira, 19 de junho de 2013

ENQUANTO O POVO VAI AS RUAS...

Nesse exato momento.
Enquanto o povo brasileiro vai as ruas
Protestar, gritar, quebrar...
Eu volto para o papel, ou melhor, para o teclado.
E escrevo algo
Eu também quero protestar
Também estou descontente com esse país, com a saúde e com a educação desse povo, principalmente.
Mas não sei contra o quê ou contra quem protestar
Eu sou tão feliz, alegre e indiferente
Que não encontro motivos para meu protesto
Mas também não sei porque sou feliz, alegre e indiferente.
Será que não sou igual, sou diverso
Não, não sou diverso e especial
Também sou de carne e osso
Eu apenas matei em mim um pouco dessa ilusão que me consumia todos os dias
Ilusão de querer mudar aquilo que de mim não dependia
Amor, paixão, ódio, raiva, justiça, orgulho, poder, dinheiro, esperanças, felicidade e vaidades
Quantos desejos num mundo que nem sabemos o que significa
Quem é você, quem sou eu...
Quando termina esse filme
Que tantas vezes assistimos
Quanto tempo ainda temos antes de partirmos
Para onde sequer sabemos
Quanto tempo mais tem a fita desse filme
Um dia, dois dias, um mês, um ano, um século..., um milênio ou uma era
Enquanto o povo vai para as ruas e os governantes ironizam e debocham
Muitos a favor e alguns contra
Eu apenas tento lembrar o que vim fazer aqui
E como vim parar aqui
Se a Glaci acha demais as minhas demandas
Imagina o que ela acha desse povão que vai as ruas como se fosse carnaval
Esse povão, Glaci, que é a própria demanda nacional
Por favor, me dê um pouco de sexo, um café e um pouco mais de solidão
Porque eu amo o teu silêncio e os teus gemidos na minha cama


(© Paulo Cesar de Oliveira – 19-06-2013)