domingo, 1 de abril de 2012

VOCÊ ME PEDIU UM POEMA...

Me pediste que lhe escrevesse um poema
E não pude fazê-lo
E me entristeci

Meus poemas são flechas envenenadas
Que se voltam contra mim
Não posso atirá-las em ti
Não posso feri-la

Sou um homem cansado
Que não acredita no amor
Se amo não amo a amada
Amo tão somente o amor
E a saudade

Não,isso não é uma contradição
Eu posso amar sim, aquilo que não acredito
O amor não segue nenhuma regra
Nenhuma lógica, nenhuma coerência
Ele simplesmente acontece
Livre de crenças

Sou infiel
Às vezes cruel
Sou triste
De uma tristeza justa

Nunca fui senhor do meu destino
E Deus sempre riu dos meus planos
Vivo
Simplesmente porque não sei fazer outra coisa

Ah! Sim, também sou mentiroso
Mas minto com perfeição
Difícil saber o que é verdade
E o que é ilusão
É como saber a diferença
Entre amor e paixão

Compreende agora?
Porque todos meus poemas
Só podem ser para mim
Como posso dividir com você essa angústia
Toda essa desilusão

Você acredita em tantas coisas
Que um dia também acreditei
Não posso destruir teus sonhos
Talvez você seja igual a essas pessoas
Cujos sonhos são a única coisa que lhes restou

Você gostaria de um poema de amor

Não é mesmo?

Existiu um poeta famoso que um dia escreveu assim:

"Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto."


O mundo, o amor e a felicidade são uma ilusão
Mas, por favor
Não acredite em mim
Viva os teus sonhos



(© 2012 4 - Paulo Cesar de Oliveira)