O Brasil não é uma nação. O conceito de nação transcende o de país, que também acho que o Brasil ainda não é. Somos "uma terra habitada".
Apesar ou até por causa de sermos dessa geração, ou seja, de termos passado por algumas décadas renascentistas brasileira como a década de 60 e 70 do século passado, também vivemos as décadas perdidas de 80 até a os dias atuais. Isso nos deu um visão excelente para compreender essa "terra habitada".
O fato de possuirmos um nível educacional cultural superior a média brasileira também contribuiu para essa "tomada de consciência". Estudamos nos melhores colégios brasileiros na época, no meu caso, Colégio Pedro II e UFRJ. Hoje, nem sombra do que foi, principalmente o colégio federal Pedro II, mais uma consequência do abandono da educação nas décadas perdidas (como já disse 80 do século passado em diante).
A primeira vista isso pode parecer irrelevante, mas não é. E tenho certeza que aquelas pessoas dessa nossa geração entendem perfeitamente o que digo. Só como exemplo, costumo citar, no segmento musical, que acho importante, a Bossa Nova, e a Jovem Guarda. O que se criou após disso, nada. Só mediocridades, funk e outras anormalidades, degenerações. Há uma crise de criatividade, sensibilidade, humanidade, etc. O que assistimos é medíocre, idiota e ignorante, para dizer o mínimo.
As gerações anteriores e posteriores a essa nossa não possuem as condições necessárias para compreensão do que falo aqui, porque as coisas mais significativas que aprendemos, aprendemos por experiência, na vivência e não teóricamente nos livros ou por ouvir dizer.
Então, não se trata de ser ou não ser pessimista, talvez saudosista, na pior das hipóteses ou melhor, dependendo do ponto de vista.
Houve inegáveis progressos tecnológicos e materiais no período 1980 a 2012, mas não houve progresso humano, humanitário, de justiça social. Aliás, nem justiça social muito menos a outra.
Como economista vos digo que a avaliação do desenvolvimento de um país não pode ser medido, aferido, apenas pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Tem que haver principalmente a evolução de indicadores sociais e, hoje em dia, até ambientais e ecológicos, como já é consenso mundial.
Tem que haver a distribuição da renda. O Brasil é um dos países onde a Renda Nacional se encontra mais concentrada, nas mãos de muito poucos. Há muita demagogia, mas pouquissímo progresso em relação a isso.
Tem que haver a distribuição da renda. O Brasil é um dos países onde a Renda Nacional se encontra mais concentrada, nas mãos de muito poucos. Há muita demagogia, mas pouquissímo progresso em relação a isso.
O progresso de um país nunca é absoluto e sim, sempre relativo, relativo a outros países, principalmente no mesmo continente. E quando comparamos nesse período, o desenvolvimento brasileiro vis-a-vis com nossos países vizinhos da América Latina, Chile e Argentina, basicamente, o nosso retrocesso relativo fica evidenciado. Se compararmos com ouros países então, fica pior.
Somos um país subdesenvolvido, relativamente subdesenvolvido. Os políticos, tecnocratas e governantes impõem ao povão a idéia que somos desenvolvidos, mas quem conhece sabe que isso não é verdade.
Causas que provocaram essa situação a que chegamos temos muitas, mas as principais é a corrupção e a impunidade. A corrupção está em todos os níveis e em todos os três poderes e provavelmente no quarto poder (Ministério Público). Mas ela é mais grave no poder Judiciário, devido a sua importância moral, ética e corretiva.
O Brasil é um país estranho, muito estranho. De um povo estranho, muito estranho. Talvez uma junta reunindo os melhores economistas, cientistas sociais, psicólogos, psiquiatras, antropólogos, sociólogos, etc, internacionais possa um dia, quem sabe, retratar essa "terra habitada".
Eu perdi a esperança nessa terra, "gosto da terra mas não gosto da gente". Mas mantenho a fé no Espírito Santo e o Amor que nasceu comigo e me foi dado pelo Criador. Eu não criei a mim mesmo. E o que tenho realmente de valor não me foi dado pelo Homem, portanto não me pode ser tirado. Entende?
Como meu homônimo, o apóstolo, também tenho "lutado o bom combate". Mas, estou cansado. Porque "viver" nessa terra cansa.
(Paulo Cesar de Oliveria, 01.03.2012)