“Consegue haver um oposto ao que é?”
Um Filho-componente, uma parte do Todo, pareceu imaginar como seria experienciar ser o Todo, a Fonte de Todo Ser, e negar e substituir nossa Fonte.
Inerente a esse imaginar havia:
· limitação ao ilimitado,
· forma ao sem forma,
· concretude à abstração e
· especificidade ao inespecífico;
Em resumo, uma rejeição de nosso Criador Fonte e à criação como estabelecida por Ele; um pensamento inconcebível na Realidade, mesmo assim concebido, impossível, entretanto foi, na aparência, tornado possível.
Essa loucura, essa “ínfima idéia insana”
“Consegue haver um oposto ao que é?”
Como um vírus infeccioso, um feixe de laser fulgiu por toda Filiação. Isso foi experienciado como um estrondo de raio que abalou a quietude do Céu e pareceu expulsar o Filho de Deus para fora do Reino para uma dimensão de escuridão e vazio. Foi como se uma região parcial da mente da Filiação, como uma fina camada de celofane, se elevasse e saísse a voar para lugar nenhum. Uma cacofonia sonora dissonante pareceu emergir:
“Eu separei o Todo porque estabeleci minha própria auto criação. Eu me tornei meu próprio criador, minha própria fonte. Eu quero ser concreto, específico e especial. Eu limitarei a vasta ilimitabilidade e estruturarei o que não tem forma. Eu estancarei a totalidade do amor e a encapsularei no individual, específico e concreto.”
Mesmo nesse vazio, o estado de ser cônscio – ciente, atento, advertido – permaneceu na Filiação de que, em Realidade, não conseguíamos fazer isso, mesmo que – para nós mesmos – lográssemos crer estarmos numa dimensão alternativa.
Usando o poder de nossa própria Fonte, cremos que conseguimos negar nossa Fonte. Isso foi como uma grandiosa experiência numa realidade alternativa. Mesmo assim sabíamos que isso não conseguia ser feito naquele estado de perfeito Amor e Santidade e, então, para conseguir nos entronizar como criador tivemos de abandonar o Reino. Só nos separando de nossa Fonte e negando-a, opondo-nos à essência do amor, era possível crer que isso conseguiria ser realizado.
O resultado dessa experiência fez parecer como se houvesse uma imperfeição na criação e que a Trindade deixava Deus impotente e imperfeito e assim pervertia a criação.
Eu, como um dos componentes da Filiação, experienciei esses pensamentos, que se pareciam como a descida numa escada em espiral, gradualmente aumentado a intensidade da velocidade de queda até um máximo de intensidade violenta.
Foi uma experiência de absoluto terror e medo intenso; emoções de perda e desamparo, sem paralelo, jamais experienciadas antes. A certeza havia acabado, conhecimento havia desaparecido, e eu nada entendia. O que estava acontecendo? Onde estava eu? O que era eu? Pensei comigo mesmo que essa experiência do vazio – não-ser, não-espírito – era o outro, o oposto de nossa Casa e do Amor.
Para mim a unidade havia desaparecido; onde tudo havia sido um, formas opacas agora começavam a se fazer visíveis, e eu agora percebia muitos componentes-Filhos de Deus separados.
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[1] N.T. – O Filho ouviu de Seu Pai esta indagação: “Meu irmão, Filho santo de Deus, contempla o teu sonho vão no qual isso poderia ocorrer.” (T-27.VIII.9:7)
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Fonte: DESPERTO DO SONHO
O Mito Cosmogônico em Um Curso em Milagres
Gloria Wapnick
Kenneth Wapnick, Ph. D.
Tradução
M. Thereza de Barros Camargo
Ibis Libris2009
O Mito Cosmogônico em Um Curso em Milagres
Gloria Wapnick
Kenneth Wapnick, Ph. D.
Tradução
M. Thereza de Barros Camargo
Ibis Libris2009