De tanto fingir quem sou deveras,
Já desconheço quem deveras sou.
Trago, talvez, desde longínquas eras,
Não quem eu sou, mas só para aonde vou...
E assim, inevitável e mesquinho,
Fiel a um ritmo cuja lei ignoro,
De mim sei só qual é o meu caminho
E que na estrada, de cansado, e choro.
Pobre de tudo, salvo de ir seguindo,
Tenho contudo uma esperança ainda:
É que Deus dê, a quem, assim, vai indo,
Uma estrada que nunca seja finda...