terça-feira, 28 de julho de 2009

De tanto fingir..

De tanto fingir quem sou deveras,
Já desconheço quem deveras sou.
Trago, talvez, desde longínquas eras,
Não quem eu sou, mas só para aonde vou...

E assim, inevitável e mesquinho,
Fiel a um ritmo cuja lei ignoro,
De mim sei só qual é o meu caminho
E que na estrada, de cansado, e choro.

Pobre de tudo, salvo de ir seguindo,
Tenho contudo uma esperança ainda:
É que Deus dê, a quem, assim, vai indo,
Uma estrada que nunca seja finda...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

NÃO, NÃO É CANSAÇO...

Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Álvaro de Campos

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Era uma criança...

Era uma criança pobre a passar
Tão pequena, e um seu olhar
Pousou em mim, pousou em vão,
Porque eu ia passando, pensando,
Em grandes coisas meditando;
Deixara em casa o coração.

Mas depois acordei, e vi
Que não sentia, que não sentia.
Eu creio em Deus e em Cristo, mas não
Tive ali o meu coração.

Porque é que eu penso tanto e ando
Alheio a quanto vai passando
No mundo, e é criança até?
Porque é que eu tenho esperança e fé?
E não sou nada do que sou?
Porque é que a criança passou
Sem que eu sequer a olhasse bem?
Meu coração não é ninguém!
Ah, o crime de não ter sentido
Naquele olhar pobre e pedido
Para os meus olhos sua dor!
E eu sou poeta e pensador!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Os Três Grupos

(Continuação da postagem anterior a essa, abaixo. Melhor ler a anterior primeiro)

Três grupos de formas-pensamento opacas pareceram estar emergindo:

1 – o ‘grupo-de-Luz,’ que continha a manifestação clara e definida do Espírito Santo de Deus; composto pelos que recusaram a separação;

2 – o ‘grupo-escuro’ que continha o pensamento original de separação composto pelos que se identificavam com a separação;

e finalmente

3 – o ‘grupo-do-meio’, que não continha nenhum pensamento definido, pró ou contra a separação, mas que de alguma forma, pela indefinição, se viu apanhado entre os dois outros.

Por alguma razão, os componentes agora separados ou componentes individuais da Filiação, pareciam estar quase que atraídos eletromagneticamente por um dos três grupos, o ‘grupo-escuro’. Eu me vi integrando o ‘grupo-do-meio.’

Eu havia sido infectado pela ignorância, e em minha total perda de conhecimento acreditei que esse pensamento de separação era passível de realização. O choque da travessia de saída do Céu para um vazio, produziu essa intensidade de dor, medo e esquecimento.

“Quem é o responsável por esses pensamentos de insanidade?” gritei alto. “Como foi que vim parar aqui?”

Em resposta ouvi bem alto, uma gargalhada sarcástica e desdenhosa, e reconheci o grupo-escuro imediatamente. Aquele pensamento original, aparecendo agora em forma opacificada, se uniu a outros componentes-Filhos. Essas formas-pensamento apenas pareciam estar pensando o seguinte:

“Alcançamos o impossível e o inconcebível: a auto-criação! Demos nascimento a alguma coisa que é totalmente separada da Realidade. Usurpamos e pervertemos o poder de Deus, e nos fizemos à nossa própria imagem. Agora nós somos Deuses: auto-criadores e auto-criados. Nosso experimento foi conseguido, parecia ter dado resultado. E tem mais, nós sabemos que nossa Fonte não tem como nos fazer parar porque Ela compartilha todo o poder conosco, em termos de igualdade. Nós atingimos o que queríamos por nos desatrelarmos do Reino. Deus não consegue ser Todas as Coisas porque Ele não consegue fazer parar, impedir, que parte Dele se separe Dele. Nós negamos à Causa seus Efeitos, e assim negamos a Ele Sua própria existência. Nós obliteramos Deus!”

Um terror a pino me engolfou e eu gritei alto para eles:

“Vocês estão todos loucos. É impossível negar a nossa Fonte!”

Mas eles contrapuseram:

“Por certo que conseguimos. Nossa Fonte não nos pára. Atenção! Nosso experimento está realizado!”

Eu estava confuso e perplexo:

“Como consegue um componente-Filho chegar ao conhecimento de que consegue negar sua Fonte? Estão eles querendo desafiar a Deus para que Ele os faça parar?”

Meu terror fez com que sua jactância parecesse ser verdade para mim, mas em alguma outra região de minha mente eu sabia ser isso impossível. Eu estava experienciando como real em minha mente o que não conseguia ser real, e eu não entendia o que se passava comigo. Era bem óbvio que eles não se importavam com o Reino, porque a sua única consciência estava totalmente em oposição à verdade, e sua intenção era existir numa dimensão oposta ao Céu e a Deus.

Completamente desesperado e perturbado, olhei ao meu redor por ajuda e percebi uma grande Luz emanando do que parecia ser algumas outras formas-pensamento.

Fui ao encontro desse ‘grupo-de-Luz’ e pedi ajuda e entendimento. Na presença de Amor me rodeando, senti uma tranquila segurança emanando desses grandes Seres que, mesmo cientes dessa ínfima idéia insana e tola, não se deixaram ficar contaminados por ela, por jamais haver perdido a memória – a lembrança, o conhecimento – de sua Fonte amorosa. Era como se uma linha de Luz do Céu intacta decolasse com eles, permitindo a eles se manterem em uma contínua presença de Amor.

Uma Voz gentil disse a mim estas resplandecentes formas-pensamento:

“Não tenha medo. Lembre-se de onde você veio e você quem é. Essas idéias tolas de usurpação, rebelião e limitação que abalaram sua paz e alegria não conseguem tocar você, se você se mantiver ciente da pureza de sua Fonte. O que você está experienciando é unicamente uma delusão da mente e, em Realidade, isso não consegue realmente afetar você.”

Mas eu disse a eles:

“Por que me sinto tão perdido: desolado, desnorteado, em dor e confuso?”

A Voz disse:

“Lembre-se, pense lá atrás em sua primeira resposta a essa ínfima idéia insana de que talvez houvesse um oposto ao Céu.”

Eu não conseguia lutar contra minha resistência a essa memória, e reconheci, para meu horror, o que minha verdadeira primeira resposta havia sido:

“Isso parece interessante; como isso poderia ser? imagino eu”

Eu me sentia doente só pela idéia de que, tendo considerado a possibilidade de algo outro que o Céu – mesmo por uma fração de segundo – eu tivesse permitido que aquele pensamento contaminasse parte de mim. A amorosa Voz da Luz me explicou:

“A razão para sua dor e confusão é esta: a parte de sua mente que considerou aquele pensamento que você pensou está agora experienciando seus efeitos de tê-lo pensado. Isso é tudo o que aconteceu. Nada mais. Aquele pensamento e seus efeitos parecem muito reais para você, mas seu verdadeiro estado de ser – espírito, uno a Deus – é sua única Realidade. Uma parte de sua mente crê estar experienciando essa não-realidade, um estado chamado consciência que percebe opostos e dualidade, em contraste com a unidade do Céu.”

Exclamei:

“Mas como isso consegue acontecer?”.

Eles explicaram:

“Na verdade isso não acontece. Focalize sua mente na lembrança da verdade, agora. Mantenha-se no pensamento de sua Fonte.”

Mas, com impaciência, eu disse a eles:

“Temos de fazer algo a respeito disso. Nós simplesmente não podemos permitir que isso continue. Nós temos de parar e erradicar esse pensamento de separação e todas as suas consequências.”

Eu estava aterrado. Dolorosamente comecei um inventário mental e entendi que através do nascimento do que chamamos consciência eu percebi a dualidade, e isso se tornou o estado mental – a mentalidade – do grupo-do-meio, inclusive a minha. O medo, que eu havia experienciado como um ruído áudio boom, por causa de minha primeira emoção que senti ao crer que eu havia me separado de minha Fonte e negado o Amor, a emoção do Céu.

Isso foi seguido pela percepção do aparente abalo da unidade, fragmentada de muitas formas. Eu me tornei ainda mais assustado e não consegui aceitar as reafirmações do grupo-de-Luz. A experiência de culpa e terror era forte demais. De repente, em minha mente torturada outra vez ouvi o gargalhar de desacato do grupo-escuro. Virei minha atenção para eles ao me dizerem:

“Como você consegue ouvir o que lhe dizem? Você sabe o que está experienciando. Eles não entendem isso. Atenção! Vamos mostrar a você que poder temos.”
Virei-me de volta para o grupo-de-Luz e, sentindo-me escorregar para a escuridão, berrei para eles em desespero:

“Vocês não sabem o que eles vão fazer? Como conseguem ficar aí postados sem fazer coisa alguma? Vocês nem ao menos se importam? O que estão fazendo é imperdoável, assim como é a sua permissão para que isso aconteça.”

Com a calma do Céu, os Seres de Luz do grupo-de-Luz me disseram:

“Não se oponha a nada. Não os responsabilize e também não creia no que você esteja ou venha a ouvir e ver. O Amor, nosso estado verdadeiro, nunca consegue se opor a coisa alguma, você sabe disso. O Amor simplesmente é, e não consegue abrigar opostos. O que se apresenta como oposto ao Amor é irreal e, portanto, insano. Não creia no que não existe.”

Desvairado, olhei em torno e vi que havia outros que, como eu mesmo, se sentiam aterrados e perdidos. Meus pensamentos voaram até eles à medida que sua luta dolorosa reforçava a minha. Virei-me de novo para o grupo-de-Luz, implorando-lhes:
“Por favor unam-se a nós. Vamos todos juntos parar os escuros para conseguirmos fugir desse estado de separação e retornar à nossa Fonte e Criador. Em Seu Santo Nome, eu insisto que se mobilizem junto conosco contra os escuros.”
Sua Voz amorosa e autorizada respondeu:

“Considere isto: opondo-se a esses pensamentos você está se separando a si mesmo da Filiação e fará então a separação real em sua mente, sem mencionar sua própria culpa, por ter primeiro se interessado nesses pensamentos. Por dar-lhes esse poder, você crerá que sua insanidade seja agora possível de realização. Se esses pensamentos verdadeiramente não tivessem realidade para você, você não se incomodaria em opor-se a eles. Tornando-os reais em sua mente, você não será capaz de evitar tornar-se parte do que, inevitavelmente, se seguirá. Lembre-se que você é um com sua Fonte, e tudo que Ele tem é seu.”

Eu ponderei esses pensamentos e busquei conseguir clareza interior enquanto o caos me rodeava e me engolfava, puxando-me forte por um vórtice descendente de terror e auto ódio. Eu tinha conhecimento de que outros estavam mergulhando verticalmente nessa mesma espiral de medo e culpa comigo, e nessa escuridão vazia eu freneticamente clamei para esses que estavam tão desnorteados como eu:

“Juntemo-nos e vamos. Agora sabemos que o grupo-de-Luz não nos ajudará, por razões que não ficaram claras para mim. Temos de agir por nossa conta. Juntos nos oporemos os componentes escuros e impediremos suas más ações contra o Reino e nosso Criador e conseguiremos vencer os escuros de nossa própria maneira.”

E assim as linhas de batalha foram formadas e montadas. Eu me uni a outros componentes e juntos lideramos as forças desse grupo-do-meio que queriam retornar à quietude prístina do Céu. Eu ainda não sabia que havendo virado as costas à mensagem dos Seres de Luz eu havia me aprisionado a mim mesmo, e aos que me seguiram também, para uma realidade que era a total negação do Deus verdadeiro e, mais adiante, uma descida obrigatória quase vertical ao inferno.

A Descida ao Interno

De repente, não mais que de repente, a partir de coisa nenhuma,[1] um pensamento-indagação pareceu ocorrer dentro da mente de um dos Filhos de Deus:

“Consegue haver um oposto ao que é?”


Um Filho-componente, uma parte do Todo, pareceu imaginar como seria experienciar ser o Todo, a Fonte de Todo Ser, e negar e substituir nossa Fonte.
Inerente a esse imaginar havia:

· limitação ao ilimitado,
· forma ao sem forma,
· concretude à abstração e
· especificidade ao inespecífico;


Em resumo, uma rejeição de nosso Criador Fonte e à criação como estabelecida por Ele; um pensamento inconcebível na Realidade, mesmo assim concebido, impossível, entretanto foi, na aparência, tornado possível.


Essa loucura, essa “ínfima idéia insana”

“Consegue haver um oposto ao que é?”

Como um vírus infeccioso, um feixe de laser fulgiu por toda Filiação. Isso foi experienciado como um estrondo de raio que abalou a quietude do Céu e pareceu expulsar o Filho de Deus para fora do Reino para uma dimensão de escuridão e vazio. Foi como se uma região parcial da mente da Filiação, como uma fina camada de celofane, se elevasse e saísse a voar para lugar nenhum. Uma cacofonia sonora dissonante pareceu emergir:

“Eu separei o Todo porque estabeleci minha própria auto criação. Eu me tornei meu próprio criador, minha própria fonte. Eu quero ser concreto, específico e especial. Eu limitarei a vasta ilimitabilidade e estruturarei o que não tem forma. Eu estancarei a totalidade do amor e a encapsularei no individual, específico e concreto.”

Mesmo nesse vazio, o estado de ser cônscio – ciente, atento, advertido – permaneceu na Filiação de que, em Realidade, não conseguíamos fazer isso, mesmo que – para nós mesmos – lográssemos crer estarmos numa dimensão alternativa.
Usando o poder de nossa própria Fonte, cremos que conseguimos negar nossa Fonte. Isso foi como uma grandiosa experiência numa realidade alternativa. Mesmo assim sabíamos que isso não conseguia ser feito naquele estado de perfeito Amor e Santidade e, então, para conseguir nos entronizar como criador tivemos de abandonar o Reino. Só nos separando de nossa Fonte e negando-a, opondo-nos à essência do amor, era possível crer que isso conseguiria ser realizado.
O resultado dessa experiência fez parecer como se houvesse uma imperfeição na criação e que a Trindade deixava Deus impotente e imperfeito e assim pervertia a criação.

Eu, como um dos componentes da Filiação, experienciei esses pensamentos, que se pareciam como a descida numa escada em espiral, gradualmente aumentado a intensidade da velocidade de queda até um máximo de intensidade violenta.
Foi uma experiência de absoluto terror e medo intenso; emoções de perda e desamparo, sem paralelo, jamais experienciadas antes. A certeza havia acabado, conhecimento havia desaparecido, e eu nada entendia. O que estava acontecendo? Onde estava eu? O que era eu? Pensei comigo mesmo que essa experiência do vazio – não-ser, não-espírito – era o outro, o oposto de nossa Casa e do Amor.
Para mim a unidade havia desaparecido; onde tudo havia sido um, formas opacas agora começavam a se fazer visíveis, e eu agora percebia muitos componentes-Filhos de Deus separados.
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[1] N.T. – O Filho ouviu de Seu Pai esta indagação:
“Meu irmão, Filho santo de Deus, contempla o teu sonho vão no qual isso poderia ocorrer.” (T-27.VIII.9:7)
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Fonte: DESPERTO DO SONHO
O Mito Cosmogônico em Um Curso em Milagres
Gloria Wapnick
Kenneth Wapnick, Ph. D.
Tradução
M. Thereza de Barros Camargo
Ibis Libris2009

O Cristianismo Sem Cristo

Para até mesmo o mais casual dos observadores, fica claro e evidente que, ao longo dos dois mil anos da história ocidental, o elemento mais dominante tem sido o cristianismo, e essa influência encontrou seu caminho em cada aspecto importante de nossa sociedade.
Nossos anos são numerados a partir do presumido nascimento de Jesus, e não de uma pessoa, sem levar em conta sua religião, falhou em ser influenciada por Jesus, e pela religião que tomou seu nome. também é aparente que o cristianismo não tem sido muito cristão. Nietzsche assinalou que “em verdade, houve apenas um cristão e ele morreu na cruz,” enquanto que Chesterton[1] registrou que “o ideal cristão ‘não foi tentado e encontrado falho;’ foi encontrado difícil e deixado de lado sem nem ser tentado.”

Não é indispensável ser um estudante atilado de história, portanto, para compreender que os dons do cristianismo para o mundo foram de dois gumes. Para começar, ele preservou por séculos a memória e o exemplo de Jesus – a expressão mais pura que conhecemos do Amor de Deus – inclusive seu evangelho de perdão, bem como beneficiando o mundo com suas muitas contribuições culturais e artísticas. Ao mesmo tempo, entretanto, o cristianismo se mostrou uma religião de sacrifício, culpa, perseguição, assassinato e elitismo, com Jesus como seu símbolo maior – ele cujo evangelho era só amor, perdão, paz e unidade. Como afirma Um Curso em Milagres "Alguns ídolos amargos foram feitos dele que apenas queria ser um irmão para o mundo." (ET-5.5:7)

O desenvolvimento do cristianismo consegue ser visto, em parte, como a história de um povo que, apesar de crer em Jesus e em sua mensagem, muitas vezes involuntariamente trazia conflito, guerra, e separação para o mundo, em vez de paz, unidade e salvação. Em vez de ver todas as pessoas como uma só família sob Deus, ela dividiu e subdividiu sua família. Antes que consigamos aceitar completamente essa mensagem radical de perdão e unicidade de todas as pessoas como a família de Deus, os erros do passado têm de ser corrigidos, curados e desfeitos.

Como Um Curso em Milagres torna claro, os erros do cristianismo meramente refletem os erros básicos de qualquer pessoa ou grupo que creia que a separação de Deus de fato ocorreu. Assim, o cristianismo nos abre a oportunidade de não só curar os erros do passado, mas entender melhor a dinâmica de nossos próprios egos através de vê-los refletidos na história das religiões cristãs.

Os que começam a estudar Um Curso em Milagres esperando encontrar – para o melhor ou para o pior – o cristianismo que aprenderam e praticaram, ou o cristianismo que parece tolerar intolerância e perseguição, ficará muito surpreso. Encontrarão muitas das mesmas palavras com as quais estavam familiarizados – crucificação, expiação, salvação, milagre, perdão de pecados, Cristo, Filho de Deus, etc. – mas com significados e conotações bem diferentes.

A crucificação permanece o evento central da vida de Jesus, porém a interpretação do Curso fica a 180 graus do ensinamento tradicional de que ele haja sofrido e morrido por nossos pecados.[2] Além do mais, a crucificação é explicada como um modelo de perdão por nosso próprio comportamento quando somos tentados a nos perceber, a nós mesmos, injustamente tratados pelo mundo.

Enquanto que Freud geralmente recebe críticas ferozes tanto nos círculos populares como profissionais – em parte por causa de sua forte atitude anti religiosa – não deixa de ser verdade que sem o seu trabalho o registro de Um Curso em Milagres no mundo poderia ter sido muito retardado. A dinâmica do ego, como apresentada pelo Curso, é amplamente psicanalítica, e a disseminada aceitação e entendimento da ‘projeção’ certamente são diretamente atribuídas a seu trabalho e aos que seguiram seus passos. De forma paradoxal, então, conseguimos observar que as conclusões interiores do homem que lutou tão apaixonadamente para negar a existência da espiritualidade consegue ser revertida para nos ajudar a desfazer as barreiras que nos mantiveram impedidos de reconhecer nossas verdadeiras identidades como crianças – criações – de Deus.

É importante notar que Um Curso em Milagres veio para o mundo num lugar pouco provável – um grande centro médico no coração da Cidade de Nova York. Não se conseguiria pedir um lugar mais dramático para simbolizar o materialismo e o uso inadequado do poder em nosso mundo. Como já observamos em relação ao cristianismo, os erros pedem correção nas formas em que são expressados. Para os que ficassem tentados a “praticar” ou “aprender” o Curso em isolamento, o nascimento do Curso serve como um memento simbólico da necessidade de aprender suas lições exatamente onde nos encontramos, nas próprias situações dos relacionamentos problemáticos diários de nossas vidas.
Um Curso em Milagres afirma: "Há aqueles que são chamados a mudar sua situação de vida quase que imediatamente, mas esses são geralmente casos especiais. Para a grande maioria é dado um programa de treinamento de evolução lenta, durante o qual é corrigido o maior número possível de equívocos anteriores. Relacionamentos em particular têm de ser percebidos de modo correto e todas as pedras angulares da incapacidade de perdoar têm de ser removidas." (M-9.1:6-8)



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Um Curso em Milagres é publicado pela Fundação para a Paz Interior e sua primeira edição foi em 1976, e ao tempo da edição deste livro (1995) já vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo, sem qualquer campanha promocional na mídia, senão o boca-a-boca. Traduções até essa data (1995) foram feitas em espanhol, português e alemão, com outras línguas em breve se seguindo.[3]

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Fonte: DESPERTO DO SONHO
O Mito Cosmogônico em Um Curso em Milagres
Gloria Wapnick
Kenneth Wapnick, Ph. D.
Tradução
M. Thereza de Barros Camargo
Ibis Libris2009

[1] N.T. – Gilbert Keith Chesterton, conhecido como G. K. Chesterton, (Londres, 29 de maio de 1874Beaconsfield, 14 de junho de 1936) foi um renomado escritor, poeta, narrador, ensaísta, jornalista, historiador, biógrafo, filósofo, desenhista e conferencista britânico.
[2] N.T. – ou que seu corpo e seu sangue lavem os pecados
[3] N.T. – Hoje (2009) já está traduzido e publicado em papel: 14 novas + 3 existentes + 1eletrônica = 18 línguas e foram vendidos mais de dois milhões de cópias, só do original em inglês, sempre anunciados pelo boca-a-boca.

sábado, 18 de julho de 2009

O silêncio de um grito

Trago comigo o que passou com o vento
no instante atemporal que vivi com um susto,
nas sombras dessegredadas de inoportuna hora
exatamente no tempo de refazer minha vida.

Impulsos levam-me a todo canto,
no encanto das emoções ou no choro das saudades,
e inda que sorrindo não enxergo verdades
e minto pra viver no que em mim inexisto.

Amando é que acho a solidão,
nos bastidores da descrença, esse furacão
que açoda os iniguais amigos do meu peito.

Anuncio findado o que nunca encontrei
e passam a ser verdades as mentiras do mundo,
tão distantes dos meus sonhos e dos meus encantos
que chegam fadados no silêncio de um mero grito.

(Paulino Vergetti Neto)

SIGNOS ZODIACAIS: CARACTERES

ÁRIES. O Rei de Desafio Enérgico. Aventureiro e espontâneo. Confiante e entusiástico. Divertido. Ama um desafio. EXTREMAMENTE impaciente. Às vezes egoísta. Fusível curto,(enfurece facilmente) Vivido, inteligência total, apaixonado e afiado nos desafios. Gosta de sair. Perde interesse depressa se nota que não vale a pena a tentativa - facilmente entediado. Egoístico. Corajoso e afirmativo. Tende a ser atlético.

TOURO - O Resistente. Que encanta, mas muito agressivo. Pode parecer enfadonho, mas não é. Trabalhador. Amável. Forte, tem resistência. Ser sólido e estável, seguros de seus modos. Não procura atalho. Orgulhoso da beleza. Paciente e seguro. Faz grandes amigos e dá bons conselhos. Bom coração. Ama profundamente - apaixonado. Expressa-se emocionalmente. Propenso a temperamento-acessos de raiva ferozes. Determinado. Cede aos seus desejos frequentemente. Muito generoso.

GÊMEOS - O Tagarela. Inteligente e engenhoso. Parece estar sempre de saída, muito falador. Vivo, enérgico. Adaptável, mas com necessidade de se expressar. Argumentativo e franco. Gosta de mudança. Versátil. Ocupado, mas às vezes nervoso e tenso. Fofoqueiro. Pode parecer superficial ou incoerente, porém só é sujeito à mudança. Bonito fisica e mentalmente.

CÂNCER - O Protetor Mal-humorado. Emocional. Pode ser tímido. Muito amoroso e gentil. Bonito. Sócio excelente para vida. Inventivo e imaginativo. Cauteloso. Tipo de pessoa sensível. Tem a necessidade de ser amado pelos outros. Magoa-se facilmente, mas simpático.

LEÃO - O Chefe. Muito organizado. Precisa de ordem na vida como estar no controle de tudo. Gosta de impor limites. Tende a assumir tudo. Mandão. Gosta de ajudar os outros. Social e adora sair. Extrovertido, generoso, amável, sensível. Energia criativa. Confiante em seu taco. Bom amante. Fazer a coisa certa é o importante. Atraente.

VIRGEM - O Perfeccionista. Dominante em relações. Conservador. Sempre quer a última palavra. Argumentativo. Preocupado. Muito inteligente. Antipatiza com barulho e caos. Ansioso. Trabalhador. Leal. Bonito. Fácil falar. Difícil de agradar. Severo. Prático e muito exigente. Frequentemente tímido. Pessimista.

LIBRA - O Harmonizador. Agradável a todo o mundo que se encontra com ele. Indeciso. Tem uma atracção própria sem igual. Criativo, enérgico e muito social. Odeia estar só. Calmo, generoso. Muito amoroso e bonito. Gosta de flertar. Cede muito facilmente. Tende a deixar para depois. Muito crédulo.

ESCORPIÃO - O Intenso. Muito enérgico. Inteligente. Pode ser ciumento e/ou possessivo. Trabalhador. Grande beijador. Pode ficar obsessivo ou reservado. Guarda rancor. Atraente. Determinado. Amores que estão em relações longas. Falador. Romântico. Pode ser às vezes egocêntrico. Apaixonado e emocional.

SAGITÁRIO - O otimista agradável irrefletido. Não quer crescer (Síndrome de Peter Pan). Favorece ego. Orgulhoso. Gosta de luxos e jogar. Social e gosta de sair. Não gosta de responsabilidades. Frequentemente fantasia. Impaciente. Divertido estar ao seu redor. Tem muitos amigos. Coquete e gosta de flertar. Não gosta de regras. Às vezes hipócrita. Antipatiza com espaços limitados ou até mesmo roupas apertadas. Detesta que duvidem dele. Bonito por dentro e por fora.

CAPRICÓRNIO - O Paciente. Pessoa agressiva e sábia. Prático e rígido. Ambicioso. Tende a estar bonito. Humorístico e engraçado. Pode ser um pouco tímido e reservado. Frequentemente pessimistas. Tende a agir antes de pensar e pode ser às vezes pouco amigável. Guarda rancor. Gosta de competição. Obtém o que quer.

AQUÁRIO - O Amado. Otimista e honesto. Doce personalidade. Muito independente. Inventivo e inteligente. Amigável e leal. Pode parecer não emotivo. Um pouco rebelde. Muito teimoso, mas original e sem igual. Atraente por dentro e por fora. Personalidade excêntrica.

PEIXES - O Sonhador. Generoso. Bom coração e pensativo. Muito criativo e imaginativo. Pode ficar reservado e vago. Sensível. Não gosta de detalhes. Irreal, simpatico e amoroso. Tipo desinteressado. Bom beijador. Bonito.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Segue o teu destino...

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós própios.

Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Ricardo Reis

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quem sou é quem me ignoro e vive...

Não sou quem sou. Sou o emissário meu. Não me conheço.

SOU DEUS ONDE SOU EU, AQUI NÃO SOU.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dom Quixote

Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
peixe fora d'água, borboletas no aquário

Muito prazer, meu nome é otário
na ponta dos cascos e fora do páreo
puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
aerodinâmica num tanque de guerra,
vaidades que a terra um dia há de comer.
"Ás" de Espadas fora do baralho
grandes negócios, pequeno empresário.

Muito prazer me chamam de otário
por amor às causas perdidas.

Tudo bem, até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento

Tudo bem, seja o que for
seja por amor às causas perdidas

Por amor às causas perdidas
tudo bem...até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
muito prazer...ao seu dispor

Se for por amor às causas perdidas
por amor às causas perdidas


(Engenheiros do Hawai)

Despacha a mala feita pra partida

Despacha a mala feita pra partida!
Chegaste a usar a mala?
Que importa? Desespera antes da ida.
Pois tudo a ti te iguala.

Sempre serás o sonho de ti mesmo.
Vives tentando ser,
Papel rasgado de um intuitivo, a esmo
Atirado a perder.

Como as correias cingem, quase estala,
Tudo o que vais levar.
Mas é só a mala e não a vida na mala
Que há de sempre ficar!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O cansaço em que me estou...

O cansaço em que me estou
O excesso de pensamento
Queimou-me.
Sou cinza só.

Não me falem a emoção
Dorme no alpendre do fim.
Não sei que sabe de mim.
E quando sente não sinto.
Tenho em vez de emoção.