O que há em mim é sobretudo cansaço
O que faço nesse mundo
Quantas vidas tive
Quantas vezes morri
Quantas vidas ainda terei
Essas perguntas me cansam
As respostas também
Não fazer perguntas também me cansa.
O cansaço é pior do que a desesperança
Porque há uma razão em não se ter mais esperança
Mas o cansaço não tem causa, mas tem efeitos.
Você simplesmente se cansa, e pronto.
De repente, você fica cansado.
Não só o corpo, mas tudo fica cansado, paralisado,
Principalmente a alma.
Eu fingi ser tanta coisa na vida
Que acabei me cansando de tudo que tentei ser
Ao descobrir que nunca poderia ser nada, além do que já sou.
Os livros me cansaram
As teorias me cansaram
As filosofias, religiões e crenças me cansaram.
As perguntas me cansaram
As respostas também
Quem é Deus?
Quem sou eu?
Pra onde vou?
De onde vim?
Só tenho dúvidas,
E cansaço.
Sou o que pergunta?
Ou sou o que não sabe a resposta?
Meus falsos amores me cansaram
Ser triste ou ser alegre.
Otimista ou pessimista.
Rir ou chorar?
Sol ou chuva?
Tudo isso meu é cansaço.
Essa hipocrisia toda, Meu Deus!
Que cansaço de tudo isso!
Mas esse meu cansaço, afinal o que é?
Cansaço de quê?
Cansaço da vida?
Cansaço do mundo?
De onde vem esse cansaço?
Esse ser abstrato.
Infundado.
Não tenho as respostas.
Tento fazer uma poesia desse meu cansaço.
Espero que você não se canse de mim
Nem da minha poesia.
Mas se cansar...junte-se ao meu cansaço
Será que Jesus um dia,
também ficou cansado?
De tudo que via.
De toda essa hipocrisia,
Da vida que não existia.
E continua não existindo.
( © Paulo Cesar de Oliveira)