sábado, 18 de abril de 2009

Nova Sociedade

Frei Betto:

Para superar a crise devemos mudar o modelo que leva a maioria à pobreza

Rio - Ao participar do Fórum Econônimo Mundial para a América Latina, nesta semana, no Rio, indaguei: diante da atual crise financeira, trata-se de salvar o capitalismo ou a humanidade?


Não são poucos os que acreditam que fora do capitalismo a humanidade não tem futuro. Mas teve passado? Em cerca de 200 anos de predominância do capitalismo, o balanço é excelente se considerarmos os 20% da população mundial que habitam países ricos do hemisfério Norte. Excelente também para bancos e grandes empresas.

E os restantes 80%? Mas, como explicar, à luz dos princípios éticos e humanitários mais elementares, estes dados da ONU e da FAO: de 6,5 bilhões de pessoas que existem hoje no planeta, cerca de 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, dos quais 1,3 bilhão abaixo da linha da miséria. E 950 milhões sofrem desnutrição crônica.

Se queremos tirar algum proveito da atual crise financeira, devemos pensar como mudar o rumo da história, e não apenas como salvar empresas, bancos e países insolventes. Devemos ir à raiz dos problemas e avançar rapidamente na construção de uma sociedade baseada na satisfação das necessidades sociais, de respeito aos direitos da natureza e de participação popular num contexto de liberdades políticas.

O desafio consiste em construir um novo modelo econômico e social que coloque as finanças a serviço de um novo sistema democrático, fundado na satisfação de todos os direitos humanos: trabalho decente, soberania alimentar, respeito ao meio ambiente, à diversidade cultural, uma economia social e solidária. E um novo conceito de riqueza.