Há dias de tédio total.
Olho a minha volta e não vejo nada.
Como um cachorro correndo atrás do seu próprio rabo.
Eu passei toda a minha vida.
E hoje me sinto cansado.
Matei a própria esperança,
Porque ela me deixava ansioso.
Melhor não tê-la.
Destrui meus castelos de areia.
E deixei desabrigada minha ilusão.
Inventamos esse mundo.
E agora não encontro a porta de saída.
Tantos deuses criou o homem e nenhum deles pode me ajudar nesse momento.
Filosofias, crenças, palavras de sabedoria e estímulo...
Tudo isso não me serve para mais nada.
Já li todas, são meras palavras.
É preciso ir além delas.
Se pelo menos eu fosse pessimista como alguns me julgam,
Eu seria alguma coisa.
Mas nem isso eu consigo mais ser.
E essa tal felicidade, de que tanto se fala, o que será?
Uma flor linda que murcha quando a colhemos?
Pensei em ser mau, mas me sinto sem vocação.
Pensei em se bom, mas fui incompetente,
E a minha bondade se virou contra mim.
E acabei não sendo, nem uma coisa, nem outra.
Todos os assuntos corriqueiros me entendiam.
Política, economia, culinária, religião, crenças e filosofias...Tudo.
Está fazendo um calor insuportável na minha cidade maravilhosa, há um mês.
Minha cidade é tão barulhenta, e eu preciso tanto de silêncio.
Pelo menos uma mente quieta.
Me ajudaria muito.
Meu Mestre!
Onde posso te encontrar agora?
Preciso tanto de você.
Eu li que ninguém morre sem o próprio consentimento.
Acho que isso é verdade.
Mas a verdade é tão misteriosa quanto a morte.
Ou a própria vida.
© Paulo Cesar de Oliveira, 12.03.2009