quinta-feira, 21 de julho de 2011

CINQUENTA E SETE


São cinqüenta e sete anos,
Ou será cinqüenta e sete mil anos.
Ou, talvez, cinqüenta e sete milhões de anos.

O cansaço é de cinqüenta e sete milhões de anos.
É um cansaço de estar existindo.
Um cansaço de existir num mundo de ilusão.

Quantos anos tenho de verdade?
Não digo nesse corpo atual,
Mas, de existência, de todas as vidas já vividas.
Quantos anos tem a minha alma imortal?

Há um tédio em mim.
Mas não um tédio qualquer.
Não é um tédio de alguém que desistiu da vida.
E deseja à morte, só porque a vida não lhe deu algo.

Mas é o mesmo tédio que Salomão sentiu e disse:
“Vi que tudo era vaidade e correr atrás do vento”.
Salomão que foi rei e rico,
E que foi considerado por muitos o homem mais sábio do mundo,
Não conseguiu ser feliz.
E percebeu que não podia ser feliz aqui.

“A vida é a busca do impossível através do inútil.”
Teria dito o poeta maior.
Mas quem mais entende o poeta.
Quem pode entender o que diz um poeta?
Que não diz coisas bonitas e melosas,
que as pessoas querem ouvir.

“Fui tudo e nada vale a pena”,
Teria dito o imperador.
Mas o poeta disse:
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Sim, eu fico com o poeta, mais uma vez.

Tem valido a pena esses,
Cinqüenta e sete anos.
Ou será, cinqüenta e sete milhões de anos?
Novamente eu me pergunto.
O cansaço é de cinqüenta e sete milhões de anos.

Cinqüenta e sete, 57, Jacaré.
Feliz aniversário PCO!
Seja lá o que isso significa.
Amor, perdão e gratidão.
Sempre.


(Paulo Cesar de Oliveira ©19.05.2011)