quinta-feira, 30 de junho de 2011

“Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo, porque eu mesma não posso.”

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Afinal de contas, o que nos diz Gurdjieff ?





Podemos iniciar essa tentativa de simplificação a partir da sua idéia de que o homem, tal como existe na atualidade, se observarmos os seus comportamentos e reações, não pode ser encarado como um ser consciente, no domínio pleno das suas faculdades mentais, emocionais e mesmo, dos seus movimentos físicos.

O ser humano "normal" não pode ser considerado como um "homem desperto", ou seja, plenamente alerta ou "desperto", frente aos estímulos do meio ambiente. Na realidade, segundo Gurdjieff ele está dormindo de olhos abertos.

Além disso, diz Gurdjieff, uma observação mais cuidadosa mostra que além de estar "dormindo ", o homem moderno apresenta, no decorrer da sua vida cotidiana, um conjunto de comportamentos e reações que só podem ser consideradas como automáticas ou "condicionadas". Dessa maneira, o ser humano não passaria de uma espécie de "Cão de Pavlov" cujo comportamento poderia ser deliberadamente provocado e controlado de forma externa.

Esses condicionamentos, segundo Gurdjieff estaria não só presentes na esfera das atividades físicas do ser humano, mas também a nível da sua emotividade e mesmo, no seu pensamento, pouco restando de possibilidades para uma real expressão de criatividade ou de espontaneidade, que representariam, no caso, fenômenos raros e espúrios.

Embora possa parecer chocante à primeira vista, esse conceito do "homem adormecido" não representa uma idéia gurdjeffiana original, já que podemos identificar conceitos semelhantes dentro do Budismo, com os Filósofos Pré-Socráticos (Heráclito de Éfeso (2)) , e na tradição Cristã, no episódio do Monte das Oliveiras, onde Cristo sofre a agonia da antecipação do seu sacrifício, enquanto que os seus discípulos dormiam, apesar de terem sido avisados para manter a vigília. Da mesma maneira podemos identificar o mesmo tema dentro do Sufismo (através de frases e comentários feitos pelo Profeta Maomé e outras fontes).

A proposta de trabalho de Gurdjieff para tentar agir sobre esta situação parte do pressuposto que todas as vezes que o ser humano perdesse o contato com a sua própria identidade ou seja, a sua "sensação de ser", ocorre uma espécie de "transferência" quase que automática e instantânea da qualidade de atenção centrada nessa sensação interna de "ser" , para algum estímulo exterior que venha a lhe "chamar a atenção" naquele momento. Assim, com a sua atenção sistematicamente voltada para os estímulos exteriores, o ser humano passa a se "esquecer de si próprio" e "adormecendo" em conseqüência.


A chave para o "despertar", portanto, estaria no "lembrar-se de si mesmo continuamente" para que a dimensão individual não viesse a se perder naquilo que Gurdjieff chamou de "identificação externa". Cumpre-se notar que a definição atual do termo "externa" não implica nos eventos externos ao organismo do ser humano, mas sim, de quaisquer elementos, sejam do meio exterior (a televisão, o cinema e mesmo as atividades rotineiras do dia a dia) ou interior (pensamentos, imagens, preocupações, ansiedades e principalmente, fantasias) que façam com que a sensação de "ser" seja deslocada do seu lugar correto.


Atualmente sabemos que os seres humanos tem um limiar bastante baixo nas suas capacidades em manter a atenção focalizada frente a estímulos repetitivos e monótonos ou então, frente a estímulos complexos que exigem um esforço no sentido de tentar acompanhar informações provenientes de diferentes fontes ao mesmo tempo. Embora tal tendência provavelmente seja um resíduo de um processo de auto-sobrevivência que herdamos dos nossos antepassados animais, hoje em dia sem muito valor como fator de garantia da auto-preservação. Esse mecanismo de rebaixamento do limiar da atenção nos seres humanos é usado nos processos denominados de "lavagem cerebral" e também nas técnicas modernas de publicidade.


Nessa sua incapacidade de manter um nível "ótimo" de atenção, diz Gurdjieff, o organismo após algum tempo não mais é capaz de reconhecer a sua própria identidade e passa a ficar "fascinado" com o desenrolar dos acontecimentos externos a si mesmo, entrando numa espécie de "transe" onde a caraterística principal é a perda do sentido de "eu". A esse "transe" Gurdjieff denominava de "vida cotidiana" e que Gurdjieff associava com uma diminuição da consciência humana, um processo que ele considerava universal e inevitável para a grande maioria da humanidade com exceção de alguns poucos capazes de realizarem os intensos esforços necessários para virem a se libertar do "horror da situação humana".


A solução gurdjeffiana para esta diminuição da qualidade e intensidade da consciência está no treinamento da função psicológica da atenção nas suas diversas tonalidades. Este treinamento visa uma sensibilização e reforço da capacidade da concentração e manutenção do seu foco em objetos definidos, no caso, na própria sensação de "ser" de maneira contínua. Isto não difere muito das técnicas clássicas preconizadas pela Ioga, Zen-Budismo, Meditação Transcendental, etc.


Tal treinamento da atenção envolve a realização de "exercícios" para o desenvolvimento de tais níveis desejáveis da atenção. Estes exercícios exigem esforços consideráveis para serem realizados, físicos, (com a realização de diferentes tipos de movimentos , posturas, danças complexas e dessincrônicas, que foram planejadas no sentido de exigir o máximo possível da atenção), emocionais (com a realização de "sacrifícios e super- esforços" onde o componente emocional é desnudado e desafiado a mudar as suas reações emocionais habituais) e intelectuais (como por exemplo, ser capaz de realizar exercícios de contagens e operações matemáticas mentais; ser capaz de trabalhar rapidamente com jogos de palavras e imagens visuais, etc. (1) e ser capaz de colocar a atenção em diferentes tarefas intelectuais ao mesmo tempo com a finalidade de desenvolver rapidez e destreza de raciocínio, ser capaz de encontrar diferentes perspectivas e respostas para o mesmo tipo de problema ou situação proposta, etc.).


Estas são apenas algumas técnicas que fazem parte de um conjunto maior, que representa um currículo de atividades propostas de forma individualizada de acordo com as necessidades, qualidades e defeitos de personalidade que o indivíduo participante possa apresentar. A partir do treinamento da atenção, pode-se chegar à "auto-observação" ou seja uma forma especial da atenção voltada temporariamente, porém prolongadamente, à observação dos comportamentos, reações, processos psicológicos individuais que, quando realizada durante um determinado período de tempo, permite a identificação de conjuntos correlatos de comportamentos e reações que definem a atuação de "eus particulares" que surgem em determinados contextos, como por exemplo, um "eu profissional" em contraposição a um "eu dona de casa".


O objetivo da técnica é a produção de um "eu observador" capaz de observar com absoluta imparcialidade os fenômenos de expressão e reações da personalidade que agora passa a ser percebida como extremamente mutável, inconstante e sensível a estímulos externos. A partir deste "eu" seria possível chegar a uma estrutura de personalidade mais estável, capaz de modificar e corrigir de maneira eficiente determinados padrões de comportamento considerados inaceitáveis. Aqui podemos identificar uma confluência entre a técnica gurdjeffiana e as psicoterapias clássicas, no sentido que ambas procuram conscientizar processos, ou seja, de trazer à tona mecanismos "defeituosos" que não eram reconhecidos pela esfera da consciência.


O objetivo de todo esse processo seria tentar trazer á luz da consciência a "característica principal" do indivíduo, ou seja o padrão mais freqüente de expressão da personalidade do indivíduo que, por ser muito ativo, costuma ser desconsiderado na maioria das vezes simplesmente por ser extremamente óbvio. Gurdjieff costumava expor tais "características principais" ao atribuir aos seus discípulos, apelidos freqüentemente constrangedores, diretamente vinculados às suas características principais de tal maneira que o uso repetido do apelido sempre funcionava como uma espécie de "recordação de si próprio".


Igualmente, a capacidade de observar e corrigir padrões errados de comportamento permitiria atuar finalmente sobre a segunda deficiência básica do ser humano que, segundo Gurdjieff, é a facilidade com que este se condiciona.


Portanto, no sistema gurdjeffiano, o ser humano poderia ser considerado como um robô adormecido, realizando tarefas mecânicas e preso a rotinas e processos repetitivos. Tal processo seria reforçado e estimulado pelos mecanismos sociais vigentes, na medida em que propiciam uma ferramenta de controle social eficiente e aceita. Assim o indivíduo é colocado de forma imparcial e muitas vezes, chocante, frente a si mesmo; tem de se observar e aceitar como um mecanismo automatizado mal trabalhado, educado e mal aproveitado. Espera-se que depois de ter "trabalhado em si próprio" durante algum tempo, ele não mais venha a retornar ao estado de "esquecimento" ou de "sono" onde pode continuar alheio das suas deficiências. Algo se modificou dentro dele de forma indelével. Ele agora percebe uma nova realidade dentro e fora de si e sente a necessidade de atuar dentro dessa nova perspectiva.
(Fonte: Instituto Nokhooja)



Gurdjieff, G.I. nasceu em Alexandropol, no sul da Transcaucásia russa. O seu pai era grego e a sua mãe armênia. Excepcionalmente dotado, ainda rapaz foi favorecido com tutores da Igreja Ortodoxa e precocemente preparado tanto para o sacerdócio como para a medicina. Convencido de que a linha do conhecimento esotérico perene ainda estava preservada em algum lugar, deixou o meio acadêmico para se envolver numa busca por respostas definitivas.




Por cerca de vinte anos (1894–1912) perseguiu a sua busca — principalmente na Ásia Central e no Médio Oriente — pelo cerne das tradições antigas. Este capítulo de sua vida permanece um mistério, embora os eventos significativos sejam contados na sua narrativa autobiográfica Encontros com Homens Notáveis.

Em 1913 Gurdjieff apareceu em Moscou com um ensinamento totalmente desenvolvido e começou a organizar a seu redor grupos de alunos oriundos principalmente da intelligentsia. A partir deste momento os contornos de sua vida podem ser traçados mais claramente. Tanto o escritor russo P. D. Ouspensky quanto o compositor Thomas de Hartmann descrevem a continuidade de seu trabalho durante os tempos difíceis da Revolução bolchevique e a viagem que ele e seus seguidores fizeram ao Cáucaso (1917), daí a Constantinopla (1920) e finalmente a Fontainebleau, França, ao sul de Paris, onde, em 1922, foi capaz de estabelecer com bases mais firmes o seu Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem em Prieuré d’Avon.

A doutrina e os métodos experimentais do instituto rapidamente atraíram muitos dos principais artistas e intelectuais da Inglaterra e dos Estados Unidos, que vieram para se encontrar com Gurdjieff e eventualmente trabalhar com ele. A maioria deles, como Maurice Nicoll, Jane Heap, e Katherine Mansfield, tinha sido introduzida ao ensinamento por A. R. Orage, o notável crítico e editor da The New Age, e por P. D. Ouspensky.

No começo de 1924, Gurdjieff fez sua primeira visita aos Estados Unidos, acompanhado por um numeroso grupo de alunos, onde, principalmente em New York, ele realizou uma série de apresentações públicas de seu trabalho sobre as danças sagradas. A sua meta era mostrar os princípios esquecidos de uma “ciência dos movimentos” objetiva e demonstrar o papel específico desta ciência no trabalho de desenvolvimento espiritual.

No verão de 1924, após um acidente automobilístico quase fatal, Gurdjieff decidiu reduzir as atividades do seu instituto e o círculo dos seus seguidores, e assegurar o legado das suas idéias em forma escrita. Em 1934 já tinha completado as duas primeiras séries dos seus escritos e parte da terceira. Durante este período manteve contacto com os seus alunos mais antigos, voltou duas vezes aos Estados Unidos (em 1929 e 1933) e estabeleceu-se definitivamente em Paris.

Em 1935, Gurdjieff retomou o seu trabalho com grupos, assistido por Jeanne de Salzmann, a sua discípula mais próxima, que mais tarde foi responsável pela continuação do seu trabalho. Embora fosse exigida dos seus seguidores uma extrema discrição, os grupos expandiram-se continuamente em França, mesmo durante a guerra, e incluíram figuras destacadas da literatura, arte e medicina, tais como René Daumal, Kathryn Hulme e P. L. Travers. Após a guerra, a família internacional de alunos de Gurdjieff reuniu-se novamente em torno dele. Ele fez a sua última visita à América em Dezembro de 1948 e, apesar de doente, continuou o seu trabalho intensamente até à sua morte em Paris, em 29 de outubro do ano seguinte.

Lendas de Belzebu a Seu Neto, publicado em inglês pela primeira vez em 1950, é a sua obra-prima, uma visão ampla, panorâmica e sem precedentes de toda a vida do Homem na Terra, tal como vista por seres de um mundo distante. Através de uma alegoria cósmica e sob o disfarce de anedotas digressivas e elaborações linguísticas provocativas, ela transmite o essencial do ensinamento de Gurdjieff. Encontros com Homens Notáveis, publicado em 1963, conta a estória da juventude de Gurdjieff e a sua incessante busca de conhecimento. Originalmente Gurdjieff pretendia completar a sua trilogia com uma série final intitulada A Vida É Real Só Quando “Eu Sou”; o manuscrito, no entanto, nunca foi completado, e parte dele perdeu-se. A parte restante, em forma bruta e fragmentada, foi publicada em 1981. Gurdjieff Fala a Seus Alunos, publicado em 1973, é uma coletânea de palestras proferidas por Gurdjieff e registradas por seus alunos nos anos vinte. Gurdjieff também deixou uma considerável quantidade de música, composta em colaboração com Thomas de Hartmann. Parte desta música foi usada para acompanhar os movimentos e as danças sagradas, que constituíram uma parte essencial do ensinamento de Gurdjieff e foram documentadas e preservadas por seus alunos.

O trabalho específico e a pesquisa correlata propostos por Gurdjieff têm sido sustentados e expandidos sob a direção dos seus alunos, através de fundações e sociedades na maioria das principais cidades do mundo ocidental. Alguns outros grupos também têm aparecido, os quais, embora não ligados com alunos seus, pretendem seguir Gurdjieff ou ter alguma relação com seu ensinamento.

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Este ensaio foi publicado previamente na Enciclopédia da Religião, 16 Volumes, Mircea Eliade, editor-chefe, New York: Macmillan, 1987. Tradução para o Português: por Sociedade para o Estudo e Pesquisa do Homem–Instituto Gurdjieff, Rio de Janeiro, Brasil. Em 13 de Novembro de 2001.

Adaptado para o português de Portugal por O trabalho dos Centros em 2005

English Copyright © 1987 Macmillan Publishing Company
a Division of Macmillan, Inc.
This webpage © 2002 Gurdjieff Electronic Publishing
Revision: October 10, 2002

sexta-feira, 24 de junho de 2011



Vou guardar essas minhas coisas escritas aqui, até que eu possa descobrir o que isso significa.
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Onde estava você quando precisei
Onde estava você quando me perdi
Onde estava você quando lhe procurei
Onde está você agora

Eu não sinto saudades de você
Eu sinto saudades dos teus beijos
Eu não sinto saudades de você
Eu sinto saudades do teu corpo
Eu sinto saudades da tua companhia

Cheguei perto do abismo
Olhei lá para baixo
E voltei
Olhei para o céu
E vi o sol que ainda brilhava

Caminhei até o rio
Na água limpa e transparente
Vi meu rosto refletido
Mas não me reconheci

Onde estou agora?
Em que parte desse caminho
Me perdi de mim mesmo
Depois de já ter me perdido você

(© Paulo Cesar de Oliveira)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A VIAGEM



As lembranças de uma paixão,
Ou será amor
Ainda povoam o meu presente
Me deixam marcas que mostram
Por onde andei
Mas não podem impedir de viver
Uma nova paixão
Ou será amor

Mas será que ainda acredito no amor?
Afinal, o que é isso?
Tenho vivido sem ter vivido
Não posso viver no passado nem no futuro
Porque de real só tenho o presente

A vida segue o seu curso inexorável
Pra onde vai continua sendo um mistério
Não posso viver de esperanças nem de lembranças
Vou seguir meu caminho,
minha jornada aqui na Terra

Viajo sozinho
Mas nunca estou sozinho
Todos esses meus pensamentos me acompanham

Ah! O grande amor que não pude viver
Será por quê?

Como um monge
Para seguir viagem
Só preciso da minha túnica,
minhas sandálias e meu cantil de água

A vida é uma viagem
Não conhecemos o caminho
Nem o destino
Mas viajamos assim mesmo
Viajar é preciso
Ou será navegar é preciso...

As pessoas que encontramos nessa jornada
São lições de gratidão e perdão
Que aprendemos durante a viagem
É preciso lembrar delas com esses sentimentos
Elas também são viajantes como nós
Tentando lembrar quem são
Enquanto viajam sem saber o destino final
E conhecendo o caminho enquanto viajam

Talvez seja isso
O amor é isso
Uma viagem ao desconhecido
Que aprendemos enquanto viajamos
Ou será isso apenas uma paixão?
Mas qual é mesmo a diferença?

Se eu fosse poeta, isso poderia ser uma poesia
Mas quem vai compreender...
É tão próximo a distância entre um poeta e um louco

(© Paulo Cesar de Oliveira, 24.06.2011)


Apesar de saber
Que és mais que um corpo

Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou...


(Paulo Cesar de Oliveira, 23.06.2011)

terça-feira, 21 de junho de 2011

ESTRANHOS EM UM TERRA ESTRANHA

Discutiremos a inevitável desesperança das pessoas que buscam o lar aqui, sem mencionar a busca por felicidade em um mundo cujo propósito específico é nos manter afastados da nossa verdadeira felicidade – a Vontade de Deus. Nesse artigo, eu me focalizo na esperança que ainda pode ser encontrada em meio ao que o Curso descreve como um mundo que está “muito cansado agora… velho e exausto, e sem esperança” (MP-1.4:4-5).

Como Jesus repetidamente nos ensina em Um Curso em Milagres, o objetivo do ego ao criar o mundo físico foi (e continua a ser) perpetuar a ilusão da esperança no que é inerentemente uma situação sem esperança. Ele atinge esse objetivo impelindo-nos a buscar e encontrar as respostas para nossos problemas percebidos em qualquer coisa que seja externa às nossas mentes, dessa forma, é claro, assegurando que nunca vamos realmente encontrá-las, uma vez que a Resposta só pode ser encontrada dentro da mente que o ego teve sucesso em enterrar:

Uma escolha real não é uma ilusão. Mas o mundo não tem nenhuma a oferecer. Todas as suas estradas só levam ao desapontamento, ao nada e à morte. Não existe nenhuma escolha entre as suas alternativas. Não busques escapar dos problemas aqui. O mundo foi feito para que não fosse possível escapar dos problemas. Não sejas enganado por todos os nomes diferentes que são dados às estradas. Elas só têm um fim. E cada uma não passa de um meio de adquirir aquele fim, pois é a isso que todas as suas estradas conduzirão, por mais que os seus inícios pareçam diferentes; por mais que os seus percursos pareçam diferentes. O seu fim é certo, pois não existe nenhuma escolha entre elas. Todas conduzirão à morte (T-31.IV.2:1-12).

E é a escuridão da morte que nos atrai, como a seção sobre o terceiro obstáculo à paz explica (T-19.IV-C). Portanto, nós intencionalmente chegamos a esse mundo sem escolha, para viver, sofrer e finalmente morrer.

No entanto, a estratégia do ego em fazer o mundo ilusório foi esconder essa atração subjacente por trás de um véu de esquecimento. É essa amnésia deliberadamente selecionada que impede que nos lembremos de que foi realmente a escolha de nossas mentes vivermos na escuridão da separação, individualidade e especialismo. É realmente nossa decisão não voltarmos para a luz da verdade, a Presença amorosa do Espírito Santo que, em nossas mentes certas, continuamente nos chama para escolhermos outra vez. Seu chamado é um sussurro sublime que gentilmente nos lembra, em meio aos gritos estridentes do ego, de escolhermos o Cristo vivo – o verdadeiro Filho de Deus – como nossa Identidade, e não o travesti moribundo da criação que o ego chama de “Filho”.

Nossas vidas aqui são salas de aula, como Jesus nos ensina em Um Curso em Milagres, nas quais temos a escolha de aprender ou as lições escuras de culpa, ódio e desespero do ego, ou as lições repletas de luz de perdão, amor e esperança do Espírito Santo. A escolha, de acordo com o Curso, se resume simplesmente a com qual professor vamos escolher aprender, uma decisão baseada nas lições que desejamos aprender. Pelo fato de termos escolhido o ego, a vida realmente tem sido difícil, o mundo sendo um lugar “seco e poeirento, aonde criaturas famintas e sedentas vêm para morrer” (LE-pII.13.5:1). No entanto, “na crucificação está depositada a redenção” (T-26.VII.17:1), e então, quando a vida parece mais escura e fútil, ainda podemos escolher ouvir a Voz interior que fala sobre outra forma de perceber o mundo.

Tudo o que é necessário é uma pequena disponibilidade para pedirmos ajuda a Jesus ou ao Espírito Santo. Isso faz com que nossa disponibilidade seja quieta, e permite que Ele aponte o caminho. “Os sábios são silentes”, o poema de Helen nos diz, pois eles viram através dos truques do ego e, portanto, perceberam que nenhuma resposta à ilusão é necessária. A paciência é uma das dez características dos professores avançados de Deus – os mais sábios -, pois eles “estão certos do resultado [e] podem esperar, e esperar sem ansiedade” (MP-4.VIII.1:1). Na verdade, uma das descrições mais importantes do Um Curso em Milagre sobre o perdão salienta esse aspecto de espera paciente e confiante:

"O perdão… é quieto, e em sua quietude, nada faz… Meramente olha e espera e não julga."
(LE-pII.1.4:1,3).

Esse olhar e esperar pacientes nascem da certeza de que as coisas não são como parecem. A imagem escurecida de falha e morte do ego desvanece-se suavemente ante o gentil advento do perdão, afastada de nós por Jesus, nosso maior símbolo do mundo ocidental para a vida e a verdade. Como o poema afirma, em seu verso inicial, sobre o Jesus crucificado e aparentemente morto: “Venha, Minha criança/ E não O julgue. Ele não está morto. Tão brilhante é/ Sua radiância, que nada ainda permanece/ Obscurecido do Céu na dúvida da noite”.

Em outras palavras, nossas percepções mentem, pois elas nos dão o testemunho de uma realidade aparente de um mundo separado de tempo e espaço, ganho e perda, vida e morte. Nossos problemas aqui parecem tão reais, nossas necessidades tão prementes, que é quase impossível reconhecer o truque de ilusionismo do ego que nos faz ver algo onde não existe nada, e não ver o que realmente está lá. É por uma boa razão que através de todo o Curso, Jesus descreve o ego em palavras sugerindo um mágico, o mestre ilusionista. E então, Um Curso em Milagres nos ensina o quanto estamos errados e, na verdade, sempre estivemos – sobre tudo. É por isso que o poema diz: “Então, até o nascimento, tu não compreendeste/ Quem veio a ti. Nem podes ver/A Criança de esperança Que repousa em uma manjedoura”.

Nossas vidas individuais são as manjedouras nas quais, para reformular a adorável linha do livro de exercícios (LE-pII.182.10:1), Cristo renasce a cada vez que o viajante retorna para casa. Nosso lar é temporariamente a mente certa, que corrige e desfaz a insistência da mente errada do ego de que nosso lar é no corpo e no mundo, uma existência baseada em uma ordem ilusória de necessidades, derivada do nosso senso de falta. Essa falta começa no nascimento e não cessa até a morte, o final aparente do sonho corporal do ego. E, dentro desse sonho de escassez, o nascedouro de todo especialismo, nós cambaleamos por aí, com olhos que não vêem, e cérebros que não compreendem, ainda que a Criança da esperança repouse dentro de nossas mentes, pacientemente aguardando nossa decisão de voltarmos a Ela, nosso verdadeiro Ser.

A redenção que está depositada na crucificação, repousa dentro do poder de nossas mentes de escolher ver o mundo através dos olhos que realmente vêem, capacitando-nos a compartilhar a visão de Cristo. Assim como o prisioneiro liberto da famosa alegoria de Platão, os sábios que vêem através dos olhos do Cristo conhecem a diferença entre aparência e realidade, entre sombras e luz. Portanto, novamente, eles não são levados pelos problemas do mundo, reconhecendo que são todos o mesmo. E, sendo todos iguais, só requerem uma única solução – a visão de Cristo que vê através do véu ilusório da materialidade, vislumbrando a verdade interior. Como Jesus afirma sobre as “nuvens escuras de culpa”:

"Permite que o teu Guia te ensine a sua natureza sem substância à medida que Ele te conduz além delas, pois lá embaixo há um mundo de luz, sobre o qual não projetam sombra alguma."
(T-18.IX.8:3).

E depois, no texto:

"Não há problema, não há evento nem situação, não há perplexidade que a visão não selecione
". (T-20.VIII.5:6-8)

Uma vez que nossa própria voz de medo e especialismo tenha sido aquietada por nossa decisão de ouvir verdadeiramente, uma nova percepção vem a nós
(LE-pII.313), e podemos ver e ouvir. O sussurro sublime do Espírito Santo finalmente está livre para falar conosco sobre a simples verdade da mensagem de Jesus sobre a ressurreição e vida, o perdão e o Amor. O mundo não mais nos aprisiona por seus cantos de sereia que nos tentam com as aparentes alegrias da vida separada, pois ultrapassamos o mundo ilusório da morte até a terra pacífica do nosso gentil renascimento como o filho mais Santo de Deus:

Quando tiveres olhado para o que aparentava ser aterrador e tiveres visto tudo isso se transformar em paisagens de beleza e paz; quando tiveres olhado cenas de violência e morte e observado que mudaram e vieram a ser panoramas tranqüilos de jardins sob céus abertos, com a água clara, portadora da vida, correndo alegremente por eles em riachos dançantes que nunca se perdem, quem precisará persuadir-te a aceitar a dádiva da visão? E depois da visão, há alguém que poderia recusar aquilo que necessariamente se segue? Pensa só por um instante apenas nisso: podes contemplar a santidade que Deus deu ao Seu Filho. E nunca mais precisas pensar que há alguma outra coisa para veres
(T-20.VIII.11).

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O trabalho pioneiro de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, nos oferece um insight maravilhoso sobre o que deu errado com o relacionamento de Jesus com o mundo, e porque as coisas correram tão mal durante dois mil anos desde então, com sua visão repleta de esperança sobre o mundo real oculta por trás da zombaria de salvação oferecida pelo mundo no lugar dela.

Já se passou quase um século agora, desde que Freud cunhou o termo sonhos de conveniência para apreendermos uma experiência que quase todas as pessoas compartilham, e é aqui que encontramos nosso paralelo para o problema de Jesus, assim como em Um Curso em Milagres Jesus usa nossos sonhos enquanto estamos adormecidos como um modelo para nos ajudar a entender as dinâmicas dos sonhos despertos aos quais nos referimos como nossa “vida” aqui, na terra (vejam, T-2.I.4; T-10.I.2-3; e T-18.II).

Um exemplo de um sonho de conveniência é essa situação: enquanto estamos dormindo e desfrutando de um sonho repousante, um estímulo externo subitamente penetra essa paz e ameaça perturbar nosso sono. Entretanto, um mecanismo dinâmico dentro do cérebro vem em nosso socorro, e incorpora o estímulo ao sonho para que possamos continuar confortavelmente adormecidos, continuando a experiência agradável do sonho.

Portanto, por exemplo, a campainha de um telefone invadindo a quietude do nosso quarto agora se torna um símbolo integrante do sonho, permitindo-nos modificá-la como acharmos adequado – atender ao telefone, fazer com que ele pare de tocar, ligar a secretária eletrônica, etc -, assim como um truque cibernético pode escanear uma fotografia em um computador, e modificá-la para se adaptar à necessidade percebida; mudando cores, formatos e tamanhos, sem mencionar omitindo detalhes não desejados e criando aqueles que são desejados. E então, nosso sono continua sem ser abalado, e, para emprestar uma frase adorável do texto: “Nenhuma nota na canção do nosso sonho foi perdida” (T-26.V.5:4).

As considerações de Freud sobre esses sonhos de conveniência valem a pena ser citadas, especialmente sob a luz de nossa discussão de Jesus ser o “estímulo externo” que ameaça o sono ontológico do Filho adormecido. Todas as referências são de “A Interpretação dos Sonhos”, publicado pela primeira vez em 1900, exceto pela primeira, que vem em uma carta a Wilhelm Fliess, escrita em 1899:

Você sonha para evitar despertar, porque quer dormir (p. 283).

Todos os sonhos são, em certo sentido, sonhos de conveniência: eles servem ao propósito de prolongar o sono ao invés de despertar… Se ela [a mente] for obrigada a reconhecê-los [os estímulos externos], buscará uma interpretação para eles, o que transformará a sensação ativa corrente em um componente de uma situação que é desejada e que é consistente com o sono. A sensação ativa corrente é elaborada em um sonho para ser privada de realidade (p.233).

O mecanismo de desejar continuar dormindo é mais facilmente visto em sonhos de excitação, que modificam os estímulos sensórios externos de tal forma a torná-los compatíveis com a manutenção do sono; eles os elaboram em um sonho para privá-los de qualquer possibilidade de agirem como lembretes do mundo externo (p. 571).

Existem várias maneiras nas quais uma pessoa adormecida pode reagir a um estímulo sensório externo. Ela pode despertar ou pode ter sucesso em continuar adormecida apesar dele. No último caso, ela pode fazer uso do sonho para se livrar do estímulo externo… sonhando que está em uma situação que é absolutamente incompatível com o estímulo (p. 680-81).

Extrapolando os insights de Freud para a situação experienciada com Jesus, podemos ver como as pessoas escolhem permanecer adormecidas, excluindo Jesus, o estímulo externo ao seu sonho de uma vida de individualidade e materialidade. Elas conseguem isso trazendo-o para o sonho de especialismo e para o corpo, continuando a sonhar que estavam “em uma situação absolutamente incompatível” com sua realidade não-corpórea e não-especial além do sonho do mundo. E, uma vez que eles combinam Jesus com o mundo de sonho, inevitavelmente terão se privado de qualquer possibilidade de ele “agir como um lembrete” desse mundo, pois escolheram “roubar dele sua realidade”. E então, seu sonho tem sucesso em seu objetivo de “se livrar” dele.

E tudo isso simplesmente continua a “evitar que tenham que despertar”, porque eles desejaram continuar com o sonho de separação para que pudessem continuar a sonhar com o especialismo e o pecado.

A questão principal, portanto, é que não queremos despertar, e então, buscamos falsas esperanças de felicidade ao invés disso. Essas esperanças sempre vão ensejar um desejo não apenas de algum repouso dentro do sonho de dor e sofrimento, o que certamente é compreensível, mas também o ato de igualar tal cessação de dor com a paz do Céu. Na verdade, usualmente é necessário ficarmos livres da dor física ou psicológica para podermos nos mover além dela, para a tentação subjacente de adorar o ídolo ao invés de nos voltarmos para o verdadeiro Deus Que está “além de todos os ídolos” (T-30.III). E então, como uma defesa contra o retorno a esse Deus, nasce a necessidade por ídolos, citada em alguma parte do Um Curso em Milagres como nossos relacionamentos especiais de amor:

Eles [ídolos] são apenas substitutos para a tua realidade. De algum modo, tu acreditas que completarão o teu pequeno ser, dando-te segurança em um mundo percebido como perigoso, com forças concentradas contra a tua confiança e a paz da tua mente. Eles têm o poder de suprir o que te falta e acrescentar o valor que tu não tens. Ninguém acredita em ídolos sem se ter escravizado à pequenez e à perda. E assim, precisa buscar a força além de seu pequeno ser para levantar a cabeça e se colocar à parte de toda a miséria que o mundo reflete (T-29.VIII.2:1-8).

E um dos maiores ídolos do mundo, a incorporação de falsas esperanças, foi Jesus, sobre quem o Curso diz: “Alguns ídolos amargos foram feitos dele, que seria o único irmão para o mundo” (ET-5.5:7). Ao invés de nos lembrar da sua realidade além do sonho, ele se tornou um substituto para esse Ser – um ídolo -, cujo propósito era provar a realidade do nosso sonho. E então, ao invés de nos tornarmos como ele, fizemos com que ele se tornasse como nós, à imagem e semelhante de um ser físico, no entanto, um mais especial e santo do que nós.

De forma interessante, em Um Curso em Milagres, Jesus nos provê com uma descrição de um sonho de conveniência:

Se uma luz subitamente se acende enquanto alguém está sonhando um sonho amedrontador, ele pode inicialmente interpretar a própria luz como parte do seu sonho e ter medo. Todavia, quando acorda, a luz é percebida corretamente como a liberação do sonho, ao qual já não mais se confere realidade. Essa liberação não depende de ilusões. O conhecimento que ilumina não só te põe em liberdade, mas te mostra também claramente que tu és livre (T-2.I.4:8-15).

E assim foi com Jesus. Como uma luz que foi acesa em nosso quarto, chamando o Filho de Deus para despertar do seu sonho confortável de individualidade, especialismo, pecado e morte, Jesus apareceu subitamente dentro do sonho do mundo. Sua própria presença afirmou o seguinte: esse mundo de tempo e espaço é um sonho que, na verdade, já acabou; é possível despertar desse sonho ouvindo minhas palavras e seguindo meu exemplo; os muitos ídolos nos quais vocês acreditam não são verdadeiros, porque o Deus real não é o deus pessoal ou tribal dos seus ancestrais, mas um Deus impessoal de Totalidade, Unicidade e Amor. Aqueles que experimentam esse estímulo têm a escolha entre despertar e responder ao seu chamado, ou vê-lo como uma influência nociva e amedrontadora, permanecendo adormecidos e, como no nosso já mencionado truque de computador, trazê-lo para o sonho ilusório da realidade física, pecado e redenção mágica, dessa forma, omitindo a realidade considerada inaceitável, modificando-o para atender melhor às suas necessidades específicas.

Assim como com nosso sonhador noturno, o Filho de Deus teve, e ainda tem, a escolha entre despertar do seu sonho e se unir a Jesus fora do sonho, ou de trazer Jesus para o seu sonho, dessa forma, permanecendo adormecido. A decisão de despertar do sonho e responder ao chamado de Jesus também é uma decisão de dizer que não quer mais permanecer adormecido. E essa é a parte difícil da decisão: dizer não ao sonho. É a rejeição do chamariz do ego de permanecer como um indivíduo que é o cerne da mudança da mente, que é o objetivo do Um Curso em Milagres, e um lembrete importante para todos nós nessa época de Natal. É a rejeição dos nossos pensamentos de julgamento e ataque, de separação e manipulação. É a aceitação da presença amorosa de Jesus em nossas mentes que nos lembra da felicidade que repousa além de todos os sonhos.


Jesus, como um pensamento de perfeito amor, é a luz desse amor brilhando através de toda a mente sonhadora da Filiação, carregando uma mensagem diferente das manifestações mundanas da voz do ego. Portanto, para entendermos como Jesus é nossa esperança, precisamos primeiro reconhecer e aceitar a falta de esperança de encontrar qualquer felicidade dentro do mundo de sonho. Só então, podemos saber quem ele verdadeiramente é – um pensamento de amor na mente, e não um corpo -, uma vez que entender o propósito do seu aparecimento vai nos capacitar a entender seu significado. Sua mensagem é a da inerente desesperança de tentar encontrar a salvação no mundo, e da verdadeira esperança de salvação na mente. E então, podemos entender que ele veio na verdade como uma luz de esperança para o sonho escurecido da desesperança; uma estrela que não brilha fora de nós, mas no Céu interior, nos chamando para aceitarmos sua presença amorosa como um sinal de que o tempo do Cristo chegou
(T-15.XI.2:1-2). Venham, minhas crianças”, ele nos chama, “Venham até mim e me deixem levá-los gentilmente para casa comigo”.


A paz de Deus está destinada para o Filho que Ele ama. Entre comigo e deixe sua quietude encobrir a terra para sempre. Está feito. Pai, sua Voz nos chamou para casa finalmente: o sonho se foi. Desperte, Minha criança, em amor (As Dádivas de Deus, p. 122-123).


Kenneth Wapnick, Ph.D.
Tradução: Eliane Ferreira de Oliveira

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Felicidade é como a gota


"A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor"

terça-feira, 14 de junho de 2011

ALÉM DESSE MUNDO HÁ UM MUNDO QUE EU QUERO

Qualquer coisa nesse mundo que acredites seja boa, de valor e digna de se lutar por ela, pode te ferir e o fará. Não porque tenha o poder de ferir, mas apenas porque negaste que ela não passa de uma ilusão e fizeste com que fosse real. E é real para ti. Ela deixou de ser nada. E através da realidade que é percebida nela introduziu-se todo o mundo das ilusões doentias. Toda crença no pecado, no poder do ataque, no ferimento e no dano, no sacrifício e na morte, veio a ti. Pois ninguém pode fazer com que uma única ilusão seja real e escapar ao resto. Pois quem pode escolher manter aquelas que prefere e achar a segurança que só a verdade pode dar? Quem pode acreditar que todas as ilusões são a mesma e ainda assim afirmar que uma delas é melhor?

Nesse mundo, acreditas que és sustentado por tudo, menos por Deus. A tua fé é colocada nos símbolos mais insanos e triviais: pílulas, dinheiro, roupa ‘protetora’, influência, prestígio, que gostem de ti, conhecer as pessoas ‘certas’ e uma lista infindável de formas do nada que dotas com poderes mágicos. Todas essas coisas são os teus substitutos para o Amor de Deus. Todas essas coisas são apreciadas para assegurar uma identificação com o corpo. São cantos de louvor ao ego.

Não ponhas tua fé no que não tem valor. Isso não vai sustentar-te. Só o Amor de Deus te protegerá em todas as circunstâncias. Ele te elevará fazendo com que saias de todas as provações e te erguerá para o alto, acima de todos os perigos percebidos nesse mundo a um clima de perfeita paz e segurança. Ele te transportará a um estado mental em que nada pode ameaçar, nada pode perturbar e onde nada pode interferir na calma eterna do Filho de Deus.

Já observamos antes quantas coisas sem sentido te pareceram ser a salvação. Cada uma tem te aprisionado com leis tão sem sentido quanto ela mesma. Não estás preso por elas. Mas para compreenderes que isso é assim, em primeiro lugar é preciso que reconheças que a salvação não está lá. Enquanto queres buscá-la em coisas que não tem significado, tu te prendes a leis que não fazem nenhum sentido. Assim, buscas provar que a salvação está onde não está.

Hoje, ficaremos contentes por não poderes provar isso. Pois, se pudesses, estarias para sempre buscando a salvação onde não está e jamais a acharias. A idéia para o dia de hoje mais uma vez te diz quão simples é a salvação. Procura-a onde ela espera por ti e lá será achada. Não procures em nenhum outro lugar, pois ela não está em nenhum outro lugar.

Pensa na liberdade que há no reconhecimento de que não estás preso a todas as estranhas leis distorcidas que tens estabelecido para salvar-te. Realmente pensas que morrerás de fome se não tiveres montes de tiras de papel verde e pilhas de discos de metal (o papel verde e os discos de metal são referências à moeda dos EUA).

Realmente pensas que uma pequena pílula redonda ou um pouco de líquido introduzido na tua veia por uma agulha pontiaguda afastará a doença e a morte. Realmente pensas que estás só, se não houver outro corpo contigo. É a insanidade que pensa nessas coisas.

Tu as chamas de leis e as dispõe sob diferentes nomes num longo catálogo de ritos que não tem nenhuma utilidade e não serve a nenhum propósito. Pensas que tens que obedecer às “leis” da medicina, da economia e da saúde. Protege o corpo e serás salvo.

Essas não são leis, mas loucura. O corpo é colocado em perigo pela mente, que fere a si mesma. O corpo só sofre para que a mente deixe de ver que é vítima de si mesma. O sofrimento do corpo é uma máscara mantida pela mente para ocultar o que realmente sofre. Ela não quer compreender que é a sua própria inimiga, que ataca a si mesma e quer morrer. É disso que as tuas “leis” querem salvar o corpo. É por isso que pensas que és um corpo. Não há outras leis senão as leis de Deus. É preciso repetir isso muitas e muitas vezes, até que reconheças que se aplica a tudo o que tens feito em oposição à Vontade de Deus.

A tua magia não tem significado. O que ela pretende salvar não existe. Só o que ela pretende esconder te salvará. As leis de Deus nunca podem ser substituídas.

Dedicaremos o dia de hoje a nos regozijarmos por ser assim. Já não é mais uma verdade que queremos esconder. Em vez disso, reconheceremos que é uma verdade que nos mantém livres para sempre. A magia aprisiona, mas as leis de Deus libertam. A luz veio porque não há outras leis senão as de Deus.

Começaremos os períodos de prática mais longos de hoje com uma breve revisão dos vários tipos de “leis” que acreditamos ter que obedecer. Esses incluiriam, por exemplo, as “leis” da nutrição, da imunização, da medicação e da proteção ao corpo de inúmeras maneiras. Pensa ainda mais; tu acreditas nas “leis” da amizade, dos “bons” relacionamentos e reciprocidade. Talvez até penses que existam leis estabelecendo o que é de Deus e o que é teu. Muitas “religiões” tem sido baseadas nisso. Não pretendem salvar, mas condenar em nome do Céu. No entanto, elas não são mais estranhas do que outras “leis” que insistes ter que obedecer para fazer com que te salves.

Não há outras leis senão as de Deus. Afasta todas as tolas crenças mágicas hoje e mantém a tua mente em silenciosa prontidão para ouvir a Voz Que te fala a verdade. Estarás escutando Aquele Que diz que não há perda sob as leis de Deus.

O mundo que vês não te oferece nada do que precisas, nada que te possa ser de algum modo útil a ti e absolutamente nada que sirva para te dar alegria. Acredita nesse pensamento e serás salvo de anos de miséria, de inúmeros desapontamentos e de esperanças que se tornam amargas cinzas de desespero. Ninguém pode deixar de aceitar esse pensamento como verdadeiro, se quiser deixar o mundo para trás e elevar-se acima de suas mesquinhas dimensões e de seus caminhos curtos. Aqui, cada coisa que valorizas não passa de uma corrente que te prende ao mundo e não servirá a nenhum outro fim senão esse. Pois tudo não pode deixar de servir ao propósito que tu lhe dás, até que vejas lá um propósito diferente.

O único propósito digno da tua mente que o mundo contém é o de que passes por ele sem te deteres para perceber alguma esperança onde não há nenhuma. Não te enganes mais. O mundo que vês não contém nada do que queres. Hoje, escapa das correntes que colocas na tua mente quando percebes a salvação aqui. Pois aquilo que valorizas, fazes com que seja parte de ti na tua percepção de ti mesmo. Todas as coisas que buscas para fazer com que o teu valor seja maior aos teus olhos te limitam ainda mais, escondem de ti o teu próprio valor e acrescentam mais um obstáculo diante da porta que conduz à verdadeira consciência do teu Ser. “Além desse mundo há um mundo que eu quero”.

Tu não podes deter-te na idéia de que o mundo é sem valor, pois se não vires que existe algo mais por que esperar, só ficarás deprimido. A nossa ênfase não está em desistir do mundo, mas em trocá-lo pelo que é muito mais satisfatório, cheio de alegria e capaz de te oferecer paz. Pensas que esse mundo pode te oferecer isso? Talvez valha a pena dedicares um breve período de tempo para pensar uma vez mais sobre o valor desse mundo. Talvez admitas que não há perda em abandonar qualquer pensamento de valor aqui.

O mundo que vês é de fato sem misericórdia, instável, cruel, indiferente a ti, rápido na vingança e implacável em seu ódio. Ele só dá para tirar e leva embora todas as coisas que te foram caras por um momento. Nenhum amor duradouro é encontrado, pois não há nenhum aqui. Esse é o mundo do tempo, em que todas as coisas chegam ao fim.

Será uma perda achar, ao invés desse, um mundo em que é impossível perder? Em que o amor dura para sempre, o ódio não pode existir e a vingança não tem significado? Será uma perda achar todas as coisas que realmente queres e saber que elas não têm fim e que permanecerão exatamente como as queres através do tempo?

Porém, até mesmo estas coisas serão finalmente trocadas por algo de que não podemos falar, pois daí em diante vais para um lugar em que as palavras fracassam inteiramente, para um silêncio no qual a linguagem não é falada mas certamente compreendida. A comunicação, sem ambigüidades e clara como o dia, permanece ilimitada por toda a eternidade. E o próprio Deus fala com o Seu Filho como o Seu Filho fala com Ele.

A linguagem de Deus não tem palavras, pois o que dizem não pode ser simbolizado. O Seu conhecimento é direto, totalmente compartilhado e totalmente uno. Como tu, que permaneces preso a esse mundo, estás longe disso! E, no entanto, como estás perto quando o trocas pelo mundo que queres.

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(“O Sonhador do Sonho” - Workshop / Estudo / Discussão Direcionada - Seleções de Um Curso Em Milagres)

QUANDO PENSO EM TI



Nessa ilusão
Que chamamos de tempo e espaço
Nunca sou o mesmo
Mudo a cada dia

Às vezes sou tristeza
Às vezes sou alegria

Tem dias que sou esperanças
Noutros sou apenas lembranças

Tem alguns dias que sou raiva
Mas nunca sou ódio

Mas quando penso em Ti
Eu sou apenas Amor
Nesses dias Eu Sou.

(©Paulo Cesar de Oliveira, 14.06.2011)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

OS ERROS POR AMOR JÁ NASCEM COM PERDÃO

NUMA MADRUGADA DE INSÔNIA
EU PENSAVA NAS MULHERES QUE AMEI
E DEIXEI PELO CAMINHO
COMO PÉTULAS ARRANCADAS DE MIM
COMO SE FOSSEM UMA FLOR QUALQUER
NÃO NECESSARIAMENTE UMA ROSA

E UM PENSAMENTO ME VEIO A MENTE
"O VERDADEIRO AMOR LIBERTA A PESSOA AMADA"

MAS NÃO LIBERTA O LIBERTADOR

OS ERROS POR AMOR JÁ NASCEM COM PERDÃO
POR ISSO NUNCA SERÃO UM ERRO

(Paulo Cesar de Oliveira em 14.06.2011)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

EXPLICADO



Explicado
por que o mundo
está neste estado
de se lamentar.
A Terra,gente,é bipolar!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ÚLTIMAS PALAVRAS



O meu amor é bem maior do que mágoa
O meu amor é bem maior que o teu perdão
O meu amor resiste as curvas e o vento
O meu amor te quer como recordação

Por isso é que eu não vou te arrancar a força
Não vou acreditar que você não amou
Não vou espalhar que você não presta
Não vou te condenar por que você me mancha
Eu vou silenciar a boca

Mas não vou calar meu coração
Não posso te odiar
Porque você não sabe
Os erros por amor já nascem com perdão

Você não percebeu quem sou
Não compreendeu insegurança é dor
Não caiu a ficha, eu errei por amor
Você não entendeu nada


(Patricia Mellodi)