De Geoffrey Hoppe e Tobias
1. Dores no corpo e sofrimentos, especialmente no pescoço, ombros e costas. Isto é o resultado de intensas mudanças no seu nível de DNA, enquanto a "semente Crística" é despertada interiormente. Isto também passará.
2. Sentimento de profunda tristeza interna sem aparente razão. Você está soltando seu passado (dessa vida e de outras) e isto causa o sentimento de tristeza. Isto é semelhante a mudar-se de uma casa na qual você viveu por muitos, muitos anos para uma nova casa. Por muito que você queira mudar-se para uma nova casa, existe uma tristeza por deixar as memórias para trás, energias e experiências da velha casa. Isto também passará.
3. Chorar sem razão aparente. Semelhante ao item 2 acima. É bom e saudável deixar as lágrimas fluírem. Isto ajuda a soltar a velha energia interna. Isto também passará.
4. Repentina mudança no trabalho ou carreira. Um sintoma muito comum. Como você muda, coisas a sua volta igualmente mudarão. Não se preocupe em achar o emprego "perfeito" ou carreira agora. Isto também passará. Você está em transição e poderá fazer várias mudanças de empregos até se estabelecer em algum que caiba sua paixão.
5. Afastar-se das conexões familiares. Você está conectado com sua família biológica via velho carma. Quando você sai do ciclo cármico, os vínculos das antigas conexões são soltos. Vai parecer que você está afastando-se de sua família e amigos. Isto também passará. Depois de um período de tempo, você pode desenvolver uma nova conexão com eles, se isso for apropriado. Porém, a conexão será baseada na nova
energia sem elos cármicos.
6. Padrões de sono pouco comuns. É provável, que você acorde muitas noites entre duas e quatro horas da manhã. Há muito trabalho sendo feito em você, e isso muitas vezes faz você acordar para dar uma respirada" . Não se preocupe. Se você não puder voltar a dormir, levante-se e faça alguma coisa. É melhor do que deitar na cama e preocupar-se com coisas humanas. Isto também passará.
7. Sonhos intensos. Nestes podem ser incluídos sonhos de guerra e batalhas, sonhos de caçadas e sonhos com monstros. Você está literalmente soltando a velha energia interna, e estas energias do passado são muitas vezes simbolizadas como guerras, corridas para escapar e o "bicho papão". Isto também passará.
8. Desorientação física. Em tempos você sentirá muito sem chão. Você estará "mudando espacialmente" com a sensação de que você não pode por os dois pés no chão, ou que você está andando entre dois mundos. Conforme sua consciência muda para a nova energia , seu corpo algumas vezes "atrasa-se" e "fica para trás", isto é, ele não acompanha. Gaste mais tempo na natureza para ajudar a aterrar a nova energia interior. Isto também passará.
9. Aumento da "conversa consigo mesmo". Você encontrar-se-á conversando com seu "Eu" mais frequentemente. Você de repente perceberá que esteve batendo papo com você mesmo pelos últimos 30 minutos. Existe um novo nível de comunicação tomando lugar dentro do seu ser, e você está experimentando a "ponta do iceberg" com a "conversa consigo mesmo". As conversas aumentarão, e se tornarão mais fluídas, mais coerentes e com mais visões interiores. Você não está ficando maluco. Você é apenas Shaumbra movendo-se para a nova energia.
10. Sentimentos de solidão, mesmo quando em companhia de outros. Você pode sentir-se sozinho e longe dos outros. Você pode sentir desejo de evitar grupos e multidão. Como Shaumbra, você está percorrendo um caminho sagrado e solitário. Tanto quanto os sentimentos de solidão causem ansiedade, é difícil, neste tempo, contar sobre isto a outros. Estes sentimentos de solidão estão associados ao fato de seus Guias terem partido. Eles estiveram com você em todas as suas jornadas, em todos os cursos de suas vidas. Era tempo deles se afastarem, assim você ocuparia esse espaço com sua própria divindade . Isto também passará. O vazio interior será ocupado com amor e energia de sua própria consciência Crística.
11. Perda da paixão. Você pode sentir-se totalmente desapaixonado, com pouco ou nenhum desejo de fazer qualquer coisa. Isto está certo, e isto é apenas parte do processo. Pegue este tempo para fazer nada mesmo. Não lute com você mesmo por isso, porque isto também passará. É semelhante a reprogramar um computador. Você precisa fechar por um breve período de tempo para poder carregar com o novo e sofisticado software, ou neste caso, a nova energia da semente Crística.
12. Um profundo desejo de ir para Casa. Esta talvez seja a mais difícil e desafiante de qualquer uma das condições. Você pode experimentar um profundo e irresistível desejo de voltar para Casa. Isto não é um sentimento suicida. Não é baseado numa frustração ou raiva.
Você não quer fazer um grande negócio disto ou causar drama para você mesmo ou para outros. Tem uma quieta parte de você que quer ir para Casa. A raiz que origina isto é bastante simples. Você completou seus ciclos cármicos. Você completou seu contrato para esta duração de vida. Você está pronto para começar uma nova vida enquanto ainda está neste corpo físico. Durante este processo de transição você tem lembranças interiores do que é estar do outro lado. Você está pronto para alistar-se para outra viagem de serviço aqui na Terra? Você está pronto para um contrato de desafios de mudanças em direcção à Nova Energia. Sim, na verdade você pode ir para Casa agora mesmo. Mas, você veio até aqui, e depois de muitas, muitas vidas seria um pouco frustrante ir embora antes de ver o final do filme. Além disso, O Espírito precisa de você aqui para ajudar outros na transição para a nova energia. Eles precisarão de um guia humano, como você, que fez a jornada da velha energia para a nova. O caminho que você está percorrendo agora fornece as experiências que te habilita a vir a ser um Professor para o Novo Humano Divino. Tão solitária e escura que sua jornada possa ser às vezes. Lembre que você nunca está só.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Resistência
O mundo mudou e eu ainda não me dei conta. Ainda me pego contemplando as estrelas, desafiando a lua e invocando São Jorge para me proteger – com sua espada - do dragão. Muito embora, também aspire corromper o herói em vilão.
O mundo mudou e eu ainda fico de bobeira, vagando noite adentro, madrugada inteira, só para colorir e admirar borboletas. Ainda busco significados nas lendas, ainda me reservo o direito de cultuar uma Helena. Ainda desenho, costuro e cinjo palavras de otimismo, mesmo quando o mundo parece-me um enorme abismo.
Ainda falo pelos cotovelos mesmo sabendo que o momento pede silêncio. Ainda me recuso a ouvir o óbvio, porque o tédio é o meu ópio. Porém, ainda alimento o opróbrio para fabricar uma bomba-relógio.
O mundo mudou e eu ainda caminho olhando para debaixo da ponte. Só para ver as lavadeiras tecendo longas e alvas cantilenas e as crianças festejando nas águas poluídas as suas existências. O mundo mudou e eu ainda escrevo versos em prosa; ainda falto aula, dissimulo em prova. Ainda desafio o professor, ainda rio para aliviar minha dor.
O mundo mudou e eu ainda leio José de Alencar, ainda choro com o beijo na novela. Torço pela boa sorte da personagem e me penalizo com o castigo do antagonista. Ainda me divirto com a dualidade dos espiritualistas e com a ignóbil racionalidade dos positivistas e de todos os demais istas. Ainda me levo à risca e busco verdade na retidão, só para ouvir a voz do meu coração. Ainda procuro ser justa com um irmão e ser-lhe fiel como a um bom cristão. Ainda acredito em tentação, pecado, obsessão, mas me recuso a ouvir sermão...
O mundo mudou e não deu tempo eu escrever - à mão-livre - uma carta de amor. Não deu tempo eu colar nas curvas-linhas de minha grafia uma boca pintada de carmim. Não deu tempo eu encharcar o texto de perfume e dedicar, ao amado, um fragmento da prosa poética de Eça de Queirós. O mundo mudou e eu não pude cuidar, ninar, alimentar o meu amor.
O mundo mudou e eu ainda sinto vontade de me sentar no banco da praça, e ficar lá - por algum tempo - entre flores, folhas, insetos e pássaros. O mundo mudou e eu ainda sinto saudade do sítio, de tomar banho de chuva quando o sertão anuncia inverno. De mergulhar na água quente do açude nas madrugadas enluaradas.
O mundo mudou e eu ainda busco a Deus e me escandalizo quando, por acaso, sinto-me ateu. O mundo mudou e eu ainda insisto em quebrar barreiras, evocar uma revolução que, de alguma forma, ressignifique simbolicamente os valores humanos.
O mundo mudou e eu mudei? Não sei, não sei... Sei que estou a me perguntar (e já faz algum tempo): ― Quem eu sou?
Enquanto tantas pessoas estão no mundo buscando prazer na transitoriedade e acreditam que há felicidade na superficialidade, eu me pergunto: ― Onde está o sentido da vida?
Talvez, para muitas pessoas esse comportamento, essa viagem, esse mergulho em torno do ser “eu” pareça pura perda de tempo, considerando que o mundo mudou!...
* Texto selecionado, em 3◦ Lugar, na categoria crônica, no XX Concurso Internacional Literário de Inverno, promovido por Arnaldo Giraldo (Edições AG), em agosto de 2006. A escrita fora selecionada para integrar o livro "Ritmo Vital". FERNANDES, Hercília M. Resistência. In: ____. GIRALDO, Arnaldo (Vários Autores). Ritmo vital: conto, poesia e crônica. All Print Editora: São Paulo, 2007, p. 108-109.
O mundo mudou e eu ainda fico de bobeira, vagando noite adentro, madrugada inteira, só para colorir e admirar borboletas. Ainda busco significados nas lendas, ainda me reservo o direito de cultuar uma Helena. Ainda desenho, costuro e cinjo palavras de otimismo, mesmo quando o mundo parece-me um enorme abismo.
Ainda falo pelos cotovelos mesmo sabendo que o momento pede silêncio. Ainda me recuso a ouvir o óbvio, porque o tédio é o meu ópio. Porém, ainda alimento o opróbrio para fabricar uma bomba-relógio.
O mundo mudou e eu ainda caminho olhando para debaixo da ponte. Só para ver as lavadeiras tecendo longas e alvas cantilenas e as crianças festejando nas águas poluídas as suas existências. O mundo mudou e eu ainda escrevo versos em prosa; ainda falto aula, dissimulo em prova. Ainda desafio o professor, ainda rio para aliviar minha dor.
O mundo mudou e eu ainda leio José de Alencar, ainda choro com o beijo na novela. Torço pela boa sorte da personagem e me penalizo com o castigo do antagonista. Ainda me divirto com a dualidade dos espiritualistas e com a ignóbil racionalidade dos positivistas e de todos os demais istas. Ainda me levo à risca e busco verdade na retidão, só para ouvir a voz do meu coração. Ainda procuro ser justa com um irmão e ser-lhe fiel como a um bom cristão. Ainda acredito em tentação, pecado, obsessão, mas me recuso a ouvir sermão...
O mundo mudou e não deu tempo eu escrever - à mão-livre - uma carta de amor. Não deu tempo eu colar nas curvas-linhas de minha grafia uma boca pintada de carmim. Não deu tempo eu encharcar o texto de perfume e dedicar, ao amado, um fragmento da prosa poética de Eça de Queirós. O mundo mudou e eu não pude cuidar, ninar, alimentar o meu amor.
O mundo mudou e eu ainda sinto vontade de me sentar no banco da praça, e ficar lá - por algum tempo - entre flores, folhas, insetos e pássaros. O mundo mudou e eu ainda sinto saudade do sítio, de tomar banho de chuva quando o sertão anuncia inverno. De mergulhar na água quente do açude nas madrugadas enluaradas.
O mundo mudou e eu ainda busco a Deus e me escandalizo quando, por acaso, sinto-me ateu. O mundo mudou e eu ainda insisto em quebrar barreiras, evocar uma revolução que, de alguma forma, ressignifique simbolicamente os valores humanos.
O mundo mudou e eu mudei? Não sei, não sei... Sei que estou a me perguntar (e já faz algum tempo): ― Quem eu sou?
Enquanto tantas pessoas estão no mundo buscando prazer na transitoriedade e acreditam que há felicidade na superficialidade, eu me pergunto: ― Onde está o sentido da vida?
Talvez, para muitas pessoas esse comportamento, essa viagem, esse mergulho em torno do ser “eu” pareça pura perda de tempo, considerando que o mundo mudou!...
* Texto selecionado, em 3◦ Lugar, na categoria crônica, no XX Concurso Internacional Literário de Inverno, promovido por Arnaldo Giraldo (Edições AG), em agosto de 2006. A escrita fora selecionada para integrar o livro "Ritmo Vital". FERNANDES, Hercília M. Resistência. In: ____. GIRALDO, Arnaldo (Vários Autores). Ritmo vital: conto, poesia e crônica. All Print Editora: São Paulo, 2007, p. 108-109.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Tocando em Frente
Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira
segunda-feira, 25 de maio de 2009
A Oração da Gestalt
Eu faço minhas coisas, e você faz as suas.
Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer.
Frederick Perls
Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer.
Frederick Perls
Culpa
Não existe silêncio dentro do meu ser
Na escuridão da noite escuto minha alma gritar
Pedindo socorro em vão.
Quando fecho os olhos
Vejo faíscas de minha alma machucada
Pelo mundo, pelas pessoas
Alma de criança que outrora foste pura
Pureza poluída pela moralidade
Sociedade injusta
Mentes dominantes
O amor?
Nem este foi capaz de cicatrizar minha alma
Minha alma ainda chora amores perdidos
Amor condenado por um mundo bobo
Repressão destruidora
Raiva humana
Mercenários da paixão
Sangue transparente corre sobre minha face
Minha mente degrada lentamente
Destrói todos os sonhos de infância
Toda a felicidade de menino traquina
E sobra apenas a delirante lembrança de momentos felizes
Das partidas de queimada
Os sorrisos dos colegas
De minha imaginação brotava felicidade
Onde ela está?
Em que estrela ela se encontra
Na terra não há de ficar
Dizem que as coisas mais belas da vida surgem do coração
Mas meu peito chora angustias infundadas
Num desrespeito patético por mim mesmo
Por culpa do mundo
Por culpa das pessoas de todos os cantos
Por culpa dos idiotas, dos inteligentes, dos sensatos
Dos moralistas, dos militares, dos ingratos
Dos educados
Por culpa minha... é minha a culpa
Resta apenas viajar na imundice de minha consciência
E buscar no seu âmago a maldita mediocridade
E esquecer que a alma sangra
Esquecer que o mundo tortura
Esquecer que, uma vez, existiu a possibilidade
de ser alguém neste mundo idiota.
Fabio Caldas
Na escuridão da noite escuto minha alma gritar
Pedindo socorro em vão.
Quando fecho os olhos
Vejo faíscas de minha alma machucada
Pelo mundo, pelas pessoas
Alma de criança que outrora foste pura
Pureza poluída pela moralidade
Sociedade injusta
Mentes dominantes
O amor?
Nem este foi capaz de cicatrizar minha alma
Minha alma ainda chora amores perdidos
Amor condenado por um mundo bobo
Repressão destruidora
Raiva humana
Mercenários da paixão
Sangue transparente corre sobre minha face
Minha mente degrada lentamente
Destrói todos os sonhos de infância
Toda a felicidade de menino traquina
E sobra apenas a delirante lembrança de momentos felizes
Das partidas de queimada
Os sorrisos dos colegas
De minha imaginação brotava felicidade
Onde ela está?
Em que estrela ela se encontra
Na terra não há de ficar
Dizem que as coisas mais belas da vida surgem do coração
Mas meu peito chora angustias infundadas
Num desrespeito patético por mim mesmo
Por culpa do mundo
Por culpa das pessoas de todos os cantos
Por culpa dos idiotas, dos inteligentes, dos sensatos
Dos moralistas, dos militares, dos ingratos
Dos educados
Por culpa minha... é minha a culpa
Resta apenas viajar na imundice de minha consciência
E buscar no seu âmago a maldita mediocridade
E esquecer que a alma sangra
Esquecer que o mundo tortura
Esquecer que, uma vez, existiu a possibilidade
de ser alguém neste mundo idiota.
Fabio Caldas
Amor é Síntese
Por favor não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise profunda
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito amor.
Mário Quintana
Não fique procurando cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise profunda
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor
Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito amor.
Mário Quintana
Não Digam que Isso Passa
Não digam que isso passa,
não digam que a vida continua,
e que o tempo ajuda,
que afinal tenho filhos e amigos
e um trabalho a fazer.
Não me consolem dizendo que ele morreu cedo
Mas morreu bem ( que não quereria uma morte como essa?)
Não me digam que tenho livros a escrevere viagens a realizar.
Não digam nada.
Vejo bem que o sol continua nascendo
nesta cidade de Porto Alegre
onde vim lamber minha ferida escancarada.
Mas não me consolem:
da minha dor, sei eu.
Lya Luft
não digam que a vida continua,
e que o tempo ajuda,
que afinal tenho filhos e amigos
e um trabalho a fazer.
Não me consolem dizendo que ele morreu cedo
Mas morreu bem ( que não quereria uma morte como essa?)
Não me digam que tenho livros a escrevere viagens a realizar.
Não digam nada.
Vejo bem que o sol continua nascendo
nesta cidade de Porto Alegre
onde vim lamber minha ferida escancarada.
Mas não me consolem:
da minha dor, sei eu.
Lya Luft
sexta-feira, 22 de maio de 2009
O que há em mim é sobretudo cansaço...
O que há em mim é sobretudo cansaço
-Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço asssim mesmo, êle mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amôres intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas tôdas
-Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Êste cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum dêles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...E o resultado?
Para êles a vida vivida ou sonhada,
Para êles o sonho sonhado ou vivido,
Para êles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
-Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço asssim mesmo, êle mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amôres intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas tôdas
-Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Êste cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum dêles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...E o resultado?
Para êles a vida vivida ou sonhada,
Para êles o sonho sonhado ou vivido,
Para êles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Do meu pai sei o nome...
"Quando ponho de parte os meus artifícios e arrumo a um canto, com um cuidado cheio de carinho - com vontade de lhes dar beijos - os meus brinquedos, as palavras, as imagens, as frases - fico tão pequeno e inofensivo, tão só num quarto tão grande e tão triste, tão profundamente triste!...
Afinal eu quem sou, quando não brinco? Um pobre órfão abandonado nas ruas das sensações, tiritando de frio às esquinas da Realidade, tendo que dormir nos degraus da Tristeza e comer o pão dado da Fantasia. De meu pai sei o nome; disseram-me que se chamava Deus, mas o nome não me dá idéia de nada. Ás vezes, na noite, quando me sinto só, chamo por ele e choro, e faço-me uma idéia dele a que possa amar...Mas depois penso que o não conheço, que talvez ele não seja assim, que talvez seja nunca esse o pai da minha alma...
Quando acabará isso tudo, estas ruas onde arrasto a minha miséria, e estes degraus onde encolho o meu frio e sinto as mãos da noite por entre os meus farrapos? Se um dia Deus me viesse buscar e me levasse para a sua casa e me desse calor e afeição...Ás vezes penso isto e choro com alegria a pensar que o posso pensar...Mas o vento arrasta-se pela rua fora e as folhas caem no passeio...Ergo os olhos e vejo as estrelas que não têm sentido nenhum...E de tudo isto fico apenas eu, uma pobre criança abandonada, que nenhum Amor quis par seu filho adoptivo, nem nehuma Amizade para seu companheiro de brinquedos.
Tenho frio de mais. Estou tão cansado no meu abandono. Vai buscar, ó Vento, a minha Mãe.
Leva-me na Noite para a casa que não conheci...Torna a dar-me, ó Silêncio imenso, a minha ama e o meu berço e a minha canção com que eu dormia..."
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Um Homem Cansado
Se encontrares em teu caminho um homem
por demais cansado para dar-te um sorriso,
deixa-lhe o teu, pois ninguém precisa tanto do teu sorriso
como aquele que já não tem sorrisos para dar. Mas não critique
esse homem por não conseguir sorrir para você.
por demais cansado para dar-te um sorriso,
deixa-lhe o teu, pois ninguém precisa tanto do teu sorriso
como aquele que já não tem sorrisos para dar. Mas não critique
esse homem por não conseguir sorrir para você.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Senhora do Silêncio
Às vezes quando, abatido e humilde, a própria força de sonhar se me desfolha e se me seca, e o meu único sonho só pode ter como sonho pensar nos meus sonhos, folheio-os então, como a um livro que se folheia e se torna a folhear sem ter mais que palavras inevitáveis. É então que me interrogo sobre quem tu és, figura que atravessas todas as minhas visões demoradas de paisagens outras, e de interiores antigos e de cerimoniais faustosos de silêncio.
Em todos os meus sonhos ou apareces, sonho, ou, realidade falsa, me acompanhas. Visito contigo regiões que são talvez sonhos teus, terras que são talvez corpos teus de ausência, o teu corpo essencial.
Talvez eu não tenha outro sonho senão tu, talvez seja nos teus olhos, encostando a minha face à tua, que eu terei essas paisagens impossíveis, esses tédios falsos, esses sentimentos que habitam a sombra dos meus cansaços e as grutas dos meus desassossegos. Quem sabe se as paisagens dos meus sonhos não são o meu modo de não te sonhar? Eu não sei quem tu és, mas sei ao certo o que sou? Sei eu o que é sonhar para que saiba o que vale o chamar-te o meu sonho? Sei eu se não és uma parte, quem sabe a parte essencial e real, de mim? E sei eu se não sou eu o sonho e tua a realidade, eu um sonho teu e não tu um sonho que eu sonhe?
Que espécie de vida tens? Que modo de ver é o modo como te vejo? Teu perfil? Nunca é o mesmo, mas não muda nunca. E eu digo isto porque o sei, dina que não saiba que o sei. Teu corpo? Vejo-o nu o mesmo que vestido, sentado está na mesma atitude do que quando deitado ou de pé. Que significa isto, que não significa nada?
Tu não és mulher. Nem mesmo dentro de mim evocas qualquer coisa que eu possa sentir feminina. É quando falo de ti que as palavras te chamam fêmea, e as expressões te contormam de mulher. Porque tenho de te falar com ternura e amoroso sonho.
Ocupas o intervalo dos meus pensamentos e os interstícios das minhas sensações. Por isso eu não penso nem te sinto, mas os meus pensamentos são ogivais de te sentir, e os meus sentimentos góticos de evocar-te.
A minha vida é tão triste, e eu nem penso em chorá-la; as minhas horas tão falsas, e eu nem sonho o gesto de parti-las.
Como não te sonhar? Como não te sonhar?
Rezo a ti meu amor porque o meu amor é já uma oração, mas nem te concebo como amada nem te ergo ante mim com santa.
Como não te adorar se só tu és adorável? Como não te amar se só tu és digna do meu amor?
Quem sabe se sonhando-te eu não te crio, real noutra realidade; se não serás minha ali, num outro e puro mundo onde amaremos com outro jeito de abraços e outras atitudes essenciais de posse? Quem sabe mesmo se não existias já e não te criei nem te vi apenas, com outra visão, interior e pura, num outro e perfeito mundo?
Não sei mesmo se não te amei já, num vago onde cuja saudade este meu tédio perene talvez seja. Talvez seja uma saudade minha, corpo de ausência, presença de distância, fêmea talvez por outras razões que não as de sê-lo.
Posso amar-te e também adorar-te porque o meu amor não te possui e a minha adoração não te afasta.
Que o teu silêncio me embale, que a tua voz me adormeça, que o teu mero ser me acaricie e me amacie e me conforte. Anjo da guarda dos abandonados.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Fragmentos de Uma Autobiografia
Primeiro entretiveram-me as especulações metafísicas, as idéias científicas depois. Atrairam-me finalmente as sociológicas. Mas em nenhum destes estágios da minha busca da verdade encontrei segurança e alívio. Pouco lia, em qualquer das preocupações. Mas no pouco que lia tantas teorias me cansava de ver, contraditórias, igualmente assentes em razões desenvolvidas, todas elas igualmente prováveis e de acordo com uma certa escolha de fatos que tinha sempre o ar de ser os fatos todos. Se erguia dos livros os meus olhos cansados, ou se dos meus pensamentos desviava para o mundo exterior a minha pertubada atenção, só uma coisa eu via, desmentindo-me toda a utilidade de ler e pensar, arrancando-me uma a uma todas as pétalas da idéia do esforço: a infinita complexidade das coisas, a imensa soma, a prolixa inatingibilidade dos próprios poucos fatos que se poderiam conceber precisos para o levantamento de uma ciência.
O desgosto de não encontrar nada encontra comigo pouco a pouco. Não achei razão nem lógica senão a um cepticismo que nem sequer busca uma lógica para se defender. Em curar-me disto não pensei - porque me havia eu de curar disso? E o que era ser são? Que certeza tinha eu que esse estado de alma deva pertencer à doença? Quem nos afirma que, a ser doença, a doença não era mais desejável, ou mais lógica ou mais do que a saúde?
Nunca encontrei argumentos senão para a inércia. Dia a dia mais e mais se infiltrou em mim a consciência sombria da minha inércia de abdicador. Procurar modos de inércia, apostar-me a fugir a todo o esforço quanto a mim, a toda a responsabilidade social - talhei nessa materia a estátua pensada da minha existência.
Deixei leituras, abandonei casuais caprichos de este ou aquele modo estético da vida. Do pouco que li aprendi a extrair só elementos para o sonho. Do pouco que presenciava, apliquei-me a tirar apenas o que se podia, em reflexo, distante e errado, prolongar mais dentro de mim. Esforcei-me porque todos os meus pensamentos, todos os capítulos quotidianos da minha experiência me fornecessem apenas sensações. Criei à minha vida uma orientação estética. E orientei essa estética para puramente individual. Fi-la minha apenas.
Envelheci pelas sensações...Gastei-me gerando os pensamentos...E a minha vida passou a ser uma febre metafísica, sempre descobrindo sentidos ocultos nas coisas, brincando com o fogo das analogias misteriosas, procrastinando a lucidez integral, a síntese normal para se despir [?].
Hoje sou ascético na minha religião de mim...
Que sonhos tenho? Não sei. Forcei-me por chegar a um ponto onde nem saiba já que penso, em que sonho, o que visiono. Parece-me que sonho cada vez de mais longe, que cada vez mais sonho o vago, o impreciso, o invisionável.
Não tenho teorias a respeito da vida. Se ela é boa ou má não sei, não penso. Para meus olhos é dura e triste, com sonhos deliciosos de permeio. Que me importa o que ela é para os outros?
A vida dos outros só me serve para eu lhes viver, a cada um a vida que me parece que lhes convém no meu sonho.
Cenário
Tudo é só, a montanha é só, o mar é só,
A lua ainda é mais só.
Se encontrares alguém
Ele está só também.
Que fazes a estas horas nesta rua?
Que solidão é a tua
Que te faz procurar
O cenário maior,
O de uma solidão maior que a tua?
(Dante Milano)
A lua ainda é mais só.
Se encontrares alguém
Ele está só também.
Que fazes a estas horas nesta rua?
Que solidão é a tua
Que te faz procurar
O cenário maior,
O de uma solidão maior que a tua?
(Dante Milano)
Assinar:
Postagens (Atom)