terça-feira, 22 de julho de 2014

NINGUÉM


Vocês sabem por que eu escrevo coisas que chamo de poemas?
E envio para vocês.

É por causa de um sonho que tive há dez anos.

Eu sonhei que tinha morrido e chegando lá na triagem do Céu
São Pedro me perguntou o que eu fiz na Terra.

“Não fiz nada não São Pedro. Nunca fui ninguém e nunca fiz nada”.

Mas de repente me lembrei: “Ah! Sim, a única coisa que fiz foi uns poemas e enviei para umas pessoas”.

Então, no meu sonho, São Pedro me disse: “Hum! Então fica ali naquele setor junto com Fernando Pessoa e os outros poetas”.

Quando olhei eu vi o poeta Fernando Pessoa sentado jogando dominó com seu amigo Mário de Sá-Carneiro e o também poeta português Luis de Camões.

Em outro canto conversavam Mário de Andrade, Cecília Meireles,  Florbela Espanca Shakespeare e Pablo Neruda.

Todos os poetas estavam lá. Não faltava ninguém.

Bem, eu já estava morto e no Céu, já não precisava provar nada para ninguém.

E ninguém perguntou quem eu era. Pessoa apenas disse: “pega uma cadeira e senta aqui comigo”.

Então eu pensei: “Valeu a pena escrever poemas”

(Paulo Cesar de Oliveira)