ESCREVER ATÉ FRAGMENTAR-SE E VOLTAR AO ÁTOMO
Quando li um pouco de Charles Bukoswki, seus poemas e livros, achei a vida dele muito parecida com a minha vida depois dos 40 anos de idade, com a desvantagem que eu não uso bebida alcoólica nem tabagismo. Tive que viver meu drama a sangue frio, sem nenhuma anestesia. E foi foda! E ainda é.
Eu não gosto de vida social. Pessoas são chatas com seus egos, desfilando vaidades, orgulhos e egoísmos. Fazem muito barulho. Eu gosto de ouvir o silêncio. Principalmente o silêncio da natureza de uma pessoa.
Hoje, há 4 meses de completar 63 anos, eu tenho um grande sentimento que preciso fazer algo importante e crucial para ter uma velhice decente, um final de vida com alguma dignidade. Já pensei em entrar sozinho numa floresta fechada e nunca mais voltar. Se sobreviver tudo bem, caso contrário, dou um fim a uma vida que se tornou estúpida e medíocre. Já não aguento mais Internet e vida urbana. Não tenho amigos e não acredito no deus dos cristãos.
Pensei em encontrar uma mulher que pudesse ser compatível comigo na sexualidade, nas idéias e no comportamento. Um amor livre, natural e espontâneo, porque só consigo aceitar o amor desse jeito, com liberdade, respeito e convergências, sem posse, sem competição. Uma mulher que gostasse de gatos e dos meus poemas. Acho que isso é ficção minha.
É madrugada e estou sem sono, minha mente agitada quer que eu escreva essas coisas, mas não sei para quem enviar. Escrever para mim mesmo não adianta. Escrever é fragmentar-se, se revelar, e, principalmente, se expor e se fragilizar perante o outro. Mas não me importo. Tudo é ego e vaidades mesmo.
Mas se escrever é fragmentar-se, gostaria de escrever até a menor partícula de mim mesmo, até o meu átomo. E começar dali, a entender o que aconteceu comigo e por que cheguei aqui onde estou agora, nesse estado e nessas condições físico psíquicas mentais espirituais.
É uma loucura enviar isso para as pessoas, elas vão pensar que sou um pessimista e até que estou em depressão. E se for um psicólogo ou psiquiatra, eu estou fudido. Se meus filhos lerem esse texto vão querer me internar num hospício; eles acham que o mundo está certo e eu errado, desajustado, louco. Ah! Quer saber? Foda-se! Estou sem sono. De qualquer forma, bem ou mal, as pessoas já formaram uma opinião ao meu respeito. Não há nada que eu possa fazer, a não ser ganhar na Mega Sena. Isso muda tudo.
Acho que estou carente de um grande amor, do "grande amor da minha vida". Mas onde achar? Eu mereço? Isso também deve ser ilusão.
Vou tentar dormir. Talvez eu esteja só ficando um pouco mais louco do que o normal. Se fosse o Charles ele estava "enchendo a cara", velho maldito. Você tinha razão em muitas coisas. Essa vida é estúpida demais.
*pco
jan./2017