LARANJAS, OU GOIABAS, TALVEZ

AGORA MESMO ESTAVA RECORDANDO
ALGUMAS COISAS QUE FIZ NO PASSADO
QUE BEM PODERIA DIZER QUE FOI POR AMOR 
EMBORA CORRA O RISCO DE ME ENGANAR
COM ESSA PALAVRA TÃO FAMOSA
E TÃO DESCONHECIDA
MAS, CREIO QUE HOJE, NÃO FARIA O QUE FIZ
NÃO É POR ARREPENDIMENTO
É QUE MUDEI
OU O TEMPO MUDOU
QUEM SABE O MUNDO
EU NÃO SEI 
FICO AQUI PENSANDO EM FAZER POESIA
APENAS PARA ACALMAR ESSA MINHA ALMA INQUIETA 
COMO SE ALGUÉM EM ALGUM LUGAR 
PUDESSE COMPREENDER MINHAS METÁFORAS 
SEM EMBARALHAR MEUS DIVERSOS EUS
AINDA MAIS INCOMPREENSÍVEL É AQUELE QUE ESCREVE
 SEM SER UM POETA
SE UM POETA, É APENAS UM FINGIDOR,
PIOR SOU EU
QUE SEQUER SEI O QUE SOU

MAS EU ESTAVA FALANDO DAS MINHAS RECORDAÇÕES
SOMENTE PORQUE ACORDEI E LEMBREI SEM RAZÃO NENHUMA
DE VOCÊ E DE QUANDO COLHÍAMOS ALGUMA FRUTA 
DE UMA ÁRVORE NUM TERRENO ABANDONADO
NEM CONSIGO ME LEMBRAR AGORA, QUAL ERA A FRUTA
SÓ ME LEMBRO QUE VOCÊ ESTAVA FELIZ
E DE COMO ERA SIMPLES A FELICIDADE NAQUELES TEMPOS
E COMO ELA FOGE DAS NOSSAS MÃOS
COMO FUMAÇA QUE INSISTIMOS EM SEGURAR
LARANJAS, OU GOIABAS, TALVEZ

SIM,
EU DISSE A MINHA ALMA
ACHO QUE JÁ FIZ QUASE MIL POEMAS
MAS, SÓ EU E VOCÊ
PODEMOS COMPREENDER
O NOSSO FINGIMENTO TÃO SINCERO
ESSA TUA ÂNSIA E ESSE TEU DESEJO
PELA AVENTURA E O MISTÉRIO 
DO AMOR
VOCÊ FOGE DESSA VIDA
EU FUJO DESSA DOR

POETA? EU SÓ CONHECI ATÉ AGORA 
SOMENTE UM
CHAMAVA-SE FERNANDO PESSOA
ELE FINGIU A PRÓPRIA DOR QUE SENTIU

EU JÁ NÃO SEI 
FINGIR 
TÃO BEM

/pco
22.10.2015