O BRASIL VAI EXPLODIR
por Eurico Borba
Artigo publicado em 11.08.2015
(Publicado originalmente no blog Diário do Poder, de hoje)
O grave momento político atual causa profunda desilusão e
revolta na maioria silenciosa do povo brasileiro. A cada dia surgem
notícias de novos escândalos, novos envolvimentos de autoridades,
mentiras, violência. Os protestos nas redes sociais, na mídia e nas ruas
não são considerados pelos governantes, pelos partidos e pelos
políticos. O Brasil assiste, impotente e irado, o espetáculo imoral de
grupelhos usando, ilegitimamente, suas posições institucionais para
preservar o poder e a riqueza acumulada de forma corrupta, sem se
preocuparem com o bem estar e o progresso da nação.
A solução para a crise que enfrentamos passa,
necessariamente, pela solidariedade do povo ofendido para com o ideal da
promoção do bem comum. No entanto Brasil está cada vez mais despossuído
de sonhos, esgarçado nas suas ligações afetivas, perdidos pela
desconfiança generalizada que cada cidadão nutre pelos outros. O povo só
reage às freqüentes noticias de desgoverno e de corrupção ou com o
deboche que a nada conduz, ou com o ódio crescente que a tudo pode vir a
destruir.
Com o fracasso e o desaparecimento dos partidos políticos,
restaria a esperança de lideranças esclarecedoras da situação e
aglutinadoras da nação em torno de um projeto de país livre e justo,
tais como fizeram os grandes nomes da nacionalidade, em um passado
recente: Franco Montoro, Tancredo Neves, Juscelino Kubitheck, Getulio
Vargas. Onde estão se escondendo os seus sucessores?
Na ausência de partidos, de lideranças, de idéias norteadoras de ações, estamos nos encaminhando, celeremente, para o caos.
É moralmente legitimo que um eleitorado, humilhado e
enganado por um governo e um partido político, exija a imediata
substituição dos que os enganaram e roubaram. Isto não é “golpe” como
querem alguns – é o resultado da reflexão por parte do povo e do que
resta de suas autenticas lideranças locais, dispersos no anonimato das
pessoas envergonhadas e sofridas, que pretendem usar os instrumentos
legítimos e legais, oferecidos pela Constituição, que prevê punição e
substituição de maus governantes.
O Brasil real está parando com cada vez mais desempregados, inflação em alta, produção em baixa, investimentos insuficientes, a confiança se esvaindo pelos desvãos da nefanda prática política. Levaremos anos para recuperar a destruição praticada.
Estamos a um passo de uma explosão de revolta radical e
justo protesto de uma população que, mais dia menos dia, vai reagir. Os
atuais governantes e políticos que atuam na área federal, deveriam
começar a correr – todos. O povo quer uma substituição radical – saiam,
pois todos são, de alguma maneira, culpados pelo estado de anarquia a
que chegamos.
É preciso pensar em opções para a crise, como é o caso prioritário de necessárias novas eleições gerais, comandadas pelo Supremo Tribunal Federal. Acossados pelo clamor popular, reunindo o que resta da dignidade que talvez ainda possuam, ou pelo medo físico de uma população furiosa, este Congresso que aí está trataria de votar, antes de se auto-extinguir, com a máxima urgência, uma decente reforma política prévia, sem financiamento privado das campanhas, com clausulas que indiquem as condições honestas para a criação de novos partidos com expressão nacional, já que os atuais deverão ser extintos.
Já se fez muitas análises, já se falou e se escreveu
demais, temos as informações necessárias, possuímos mulheres e homens
capacitados, patriotas, honestos, prontos para contribuírem para o
soerguimento nacional – basta que lhes seja oferecida uma oportunidade.
Sabemos da roubalheira, sabemos das intenções de instauração de formas
de poder incompatíveis com as tradições democráticas do Brasil, sabemos
dos conchavos, das meias verdades, mas poderemos conhecer, também, quem
são as pessoas confiáveis, dignas e competentes, em quem se pode votar
neste momento de recuperação da dignidade nacional – caras novas.
Chega de incompetência e de corrupção. Basta de canalhas
dirigindo os destinos do Brasil. Não queremos e não podemos mais admitir
este estado de anarquia nacional.
Escritor, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE.