domingo, 10 de agosto de 2014


EU TENHO MAIS DEZ ANOS

Quando você foi embora eu fiquei por algum tempo (alguns anos) perdido no vazio que você deixou. Mas fui me recuperando aos poucos, nunca totalmente, mas posso dizer hoje que estou curado de você. Mas paguei um preço caro demais por essa cura. Eu perdi quase toda  minha inocência e ingenuidade. Talvez tenha perdido também a minha crença. Na verdade eu agradeço a Deus por ter me livrado de você.

Hoje dou risadas do grande amor. Eu quero apenas os pequenos e possíveis amores. Amores sem culpa, sem medo, sem passado e sem futuro. Amor que viva apenas do presente e do aqui e agora. Amor à vista, sem a vida inteira para ficar pagando prestações caríssimas, com taxas de juros exorbitantes. Quanto mais se paga mais aumenta o saldo devedor.

Mas amor é sorte e dinheiro. Sexo é escolha como diz a Rita Lee. Eu tenho alguma sorte mais pouco dinheiro. Eu precisaria de muita sorte para ter muito dinheiro e comprar um grande amor. Mas não tenho mais muito tempo. Eu só tenho mais dez anos.

O dinheiro que tenho é suficiente para eu viver razoavelmente sem me privar de grandes necessidades, pois sou um homem de pouca ambição. Mas não é suficiente para comprar um grande amor.

Eu vi o grande amor ser comprado e vendido várias vezes por uma grande quantia. Eu nunca tive essa quantia. Eu vi o grande amor ser leiloado a quem dá mais.

Eu sei que vocês não acreditam e mim, e até me julgam impiedosamente. Vocês acreditam no amor, no grande amor e até no pequeno amor, desde que seja amor.

E eu fico muito feliz por vocês acreditarem no amor. O amor precisa disso, precisa de vocês. E vocês precisam de amor para viver.

Durante 45 anos (eu comecei a buscar o amor aos 15 anos) eu busquei o amor, pequeno e grande, agora só tenho 10 anos para encontrar uma coisa que não acredito mais.

Eu sei que todos falam muito bem do amor. Mas, como poeta, fico intrigado porque amor rima tão perfeitamente com dor e paixão com ilusão.

Eu também te amo!


pco/.