Acho que fiquei acostumado ou
viciado a me sentar em frente ao notebook e fazer com que as palavras tenham
algum sentido para mim, já que tanta coisa não faz sentido. Já vi e observei o suficiente
da humanidade para concluir que o domínio quase total que o ego exerce sobre as
pessoas é impossível de se evitar. É impossível, inclusive, de dialogar. Apenas
perdoar. Já cri e até amei.
Não gosto de multidões, as pessoas me esvaziam. Me deixem numa sala
cheia de gatos, mas não me deixem numa sala cheia de gente.
Preciso ter contato com a natureza para me
reabastecer. Sou o que é melhor para mim, sentado aqui atirado, bebendo meu
vinho preferido e vendo as palavras sendo construídas na tela. E esperando que
elas me digam alguma coisa, algo mantido escondido, uma esperança, uma saída, quem sabe. Os budistas e taoistas dizem que há uma ação na não-ação.
Raramente encontro uma pessoa
rara ou interessante. Isso é perturbador, é um choque constante. Tenho que
ficar vigilante para não me tornar um maldito mal-humorado ou pessimista chato,
se é que já não sou.
Durante muito tempo não tinha
percebido isso, mas de certa forma, nunca consegui me ajustar a sociedade. Não
acho que isso seja o certo. Mas as pessoas engolem tudo sem pensar, engolem a
pátria, os governantes, as leis, as normas, as regras, a igreja..., tudo sem pensar e criam seus mundos cheios de ilusões e sonhos. Se casam por medo, dinheiro e segurança e chamam isso de amor.
Acho que ainda tenho o desejo e a
necessidade de viver, só não tenho a habilidade para isso.
Ainda sobre essa questão do amor que
vocês falam por aí, eu acho que tem um tipo de amor que você não busca, não
procura, ele te encontra. Acho que é desse tipo de amor que eu preciso, é desse tipo que acredito.
Sobre tudo isso que escrevi agora
e escrevi antes posso estar enganado. Em geral dizem que estou.
Paulo Cesar de Oliveira