quarta-feira, 30 de março de 2011

REFLEXÕES SOBRE A ALMA IMORAL



(Sobre o livro de Nilton Bonder - “A Alma Imoral”, Editora Rocco) Estive refletindo sobre esse teu e-mail.


Pensei, pensei, pensei..., e antes que eu enlouquecesse, coloquei pra fora o que pensei. Por que Bonder diz que a alma é imoral? Deve ser porque ela transgride, penso eu. O corpo não faz nada, não transgride, apenas obedece a alma, o corpo é um moralista. O Espírito é o sopro de Deus colocado no Filho, portanto é perfeito como Seu Pai. Não é imoral nem moral, Ele é. Mas a alma quer se conhecer, ela quer saber quem ela é, de onde ela veio e o que ela está fazendo aqui. Mas isso não responde totalmente a pergunta por que a alma é imoral. Tá bom, vamos pensar mais um pouco então. Se ela é imoral, supõe-se que deve haver uma moralidade estabelecida, criada, subjacente. E portanto, existe um criador da moral. E há. Uma moral criada pelo ego que não deseja ver seu mundo ilusório acabar, seu mundo criado à parte do Espírito. O ego criou a moral, os costumes e as leis desse mundo e tudo mais que nos mantém prisioneiros a ele. Mas a alma não aceita isso e se rebela, transgride, questiona, busca, ela se torna contra a moral estabelecida, imposta pelo ego. Ela quer ser livre para se conhecer. Ela não é apenas imoral, ela se torna desobediente, rebelde. Ela mergulha numa busca, ela busca a verdade do seu Ser, ela busca o seu Espírito. Ela pode até não conhecer ainda a verdade, mas ela sabe que existe uma verdade, ela sente isso. Um belo dia em uma de suas milhões de vida, a alma na sua “ausência de si mesmo”, na pior das solidões, ela de tanto buscar, ela encontra O Consolador, O Ajudador, O Professor, O Divino Espírito Santo. A partir e agora sua imoral história muda, se transforma; ela não está mais sozinha. A alma agora sabe que ela não é só imoral, ela também é imortal. Ela já sabe de onde veio. Lhe resta agora voltar pra casa. Mas ela agora tem ajuda para encontrar o Caminho.


©Paulo Cesar de Oliveira – 30.03.2011

terça-feira, 29 de março de 2011

A PARÁBOLA DO PERDÃO - O FIM DA BUSCA

Havia um buscador que foi até Deus e disse, “Você me disse que meu treinamento está quase completo. Você disse que eu estou quase pronto para deixar o mundo da forma e entrar no Reino Celestial. Mas Você Que é o Amor não me deu instruções em relação ao homem e a mulher.” “Sim, minha criança,” Deus disse, “há uma questão que te entristece. Você vê isso claramente?” E como ele tinha sido treinado, o buscador entrou no Silêncio e viveu lá por algum tempo. E logo depois ele disse, “Eu tenho muitas questões que me entristecem. Eu devo me casar ou ficar sozinho? Se eu for sozinho, devo aceitar o celibato? E se eu devo me casar, devemos ser sozinhos ou ter filhos? E se eu tiver cônjuge e filhos, ele se unirão a mim no trabalho que você me deu? E se eles devem se unir a mim, o que eu devo fazer se eles se recusarem?” “Sim, minha criança,” disse Deus, “essas e milhares de questões mais você poderia perguntar. Porém você enxerga uma única questão por baixo de todas as outras?” De novo o estudante entrou no Silêncio, e desta vez ele permaneceu Quieto por um longo período. Então, depois ele disse, “Eu acredito que aquela única pergunta que eu tenho é ‘Estou sozinho’?” E Deus disse, “Você entendeu bem. Você viu que é a única pergunta que há. O mundo que você está para Ascender foi meramente esta questão.” Ainda assim o buscador não sorriu. E então Deus disse, “Talvez, minha criança, você pense que não sabe a Resposta.” E o buscador disse, “Não há nenhum pensamento que você possa me dar para responder estas muitas pequenas questões que nascem desta única?” “Realmente existem muitas enquanto você acredita que a Única são muitas”, disse Deus, “mas todas elas são respondidas na única Resposta.” E então Deus falou com o buscador do fundo do interior das profundezas do Amor. E Deus disse, “Você é o milagre que você deve apresentar. E toda vez que parece que você falhar na sua função você se sentirá sozinho, e por esta escolha você se absterá de toda a vida, toda a verdade, toda realidade.” “Você saberá quando você tiver lembrado da sua função pelo Amor que derrota o julgamento e o desejo. Pois o milagre é a sua função: Ser o reflexo do Meu Amor, e então ver que o nosso Espírito Divino é tudo que existe -- para dar Amor facilmente e assim recebê-lo facilmente. Nada que você diga ou faça no mundo terá qualquer significado sem o Amor.” “Amar é estar no brilhante Coração do Eu e assim dentro dos corações do “menor” e do “maior” dos Meus filhos. Pois quando você está no Coração do Eu você não olha através das faltas do seu irmão. Você olha para depois delas, ou por cima delas, ou em volta delas. Você olha para dentro de Mim. Pois somente no Meu Coração você irá reconhecer o Pulso que corre através de toda a Criação.” “Neste mundo você será tentando a acreditar que para Amar um você deve primeiro Amar todos. Mas agora eu te digo que você deve perdoar um irmão antes que você possa amar todos. Pois só existe Um. Não importa se você pareceu tomar um cônjuge ou tem um cônjuge, pareceu ter filhos ou não tê-los. Pois este irmão que você perdoa são todas as crianças, mulheres e homens que você olha. Mas até que você trate pelo menos um irmão como você gostaria de ser tratado e vir a reconhecer que o coração dele é o seu próprio, vai parecer que você está vagando sozinho através do espaço e tempo e sonho de morte. Vai parecer que você pensa em ferir o seu irmão e sonhar que está Me ferindo. Mas quando finalmente você Despertar para Quem o seu irmão é, você Despertará como Um em Mim.” “Durante aquele Instante você retornará ao Lar. E eu cantarei a Eterna Canção da Felicidade para Você. Pois Você é a minha Criança e não há nenhuma outra. E eu vou te embalar Desperto para a Vida em Mim: Você que é a Minha alegria e o Meu Significado e a Minha Completeza.” “Eu guardo um lugar na Eternidade para Você onde Nós moramos como Um, Eu em Você e Você em Mim para sempre. Conheça o Amor e Você saberá que Você nunca está sozinho.” Glória a Deus pelo Amor Eterno. O Perdão é sempre uma dádiva ao nosso Ser, e assim o perdão não tem preço ou custo.
"Quando a crença é exposta e liberada fica evidente que a crença nunca foi real de forma alguma. O ego é sinônimo de crença e no Céu não existe crença. Tudo de Deus só pode ser Conhecido."
Foi nessa idade que a poesia me veio buscar Não sei de onde veio Do inverno, de um rio Não sei como nem quando Não, não eram vozes Não eram palavras Nem silêncio Mas da rua fui convocado Dos galhos da noite Abruptamente entre outros Entre fogos violentos Voltando sozinho Lá estava eu sem rosto E fui tocado." Pablo Neruda

segunda-feira, 28 de março de 2011

ACONTECE

Bateram à minha porta...,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava...
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

(Últimos Poemas)

Pablo Neruda
Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um. (Fernando Pessoa) Observe a profundidade dessa frase: "..superarmos a ânsia do amor sem limites..." E finaliza: "Para viver a dois, antes, é necessário ser um." Fernando Pessoa não era um poeta apenas. Leia Tabacaria, meu poema preferido. E tantos outros. ... Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe porque ama, nem o que é amar Amar é a eterna inocência, E a única inocência, não pensar...

sexta-feira, 18 de março de 2011


"Multipliquei-me para me sentir,
Para me sentir, senti tudo"

(Álvares de Azevedo)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre Nossa Cotidiana e Infame Sabedoria

Sabemos que não se recupera a palavra atirada, nem o maldito gesto ou sobressalto, libertos em seu próprio espaço.

Sabemos que nossos amigos, amigas ou amantes, às vezes, se revelam quais serpentes cobertas por múltiplos sagrados mantos e mantras.

Sabemos que em torno, e no passado distante, escondem-se muitos dos nossos mais perversos medos - dormentes quietos em travesseiros de paina.

Sabemos que, não raro, somos irresponsáveis e intolerantes para com as pessoas que amamos. Mas, de soslaio olhando, esperamos permanecer.

Sabemos que nossas orações são da boca pra dentro de outras bocas, e de ouvidos fingimos nem delas precisar na hora precisa.

Sabemos, ou pretendemos crer, que deuses ou semideuses nos espreitam.

Mas caminhamos por trilhas fáceis e familiares, na direção de abismos já conhecidos.

Sabemos que somos capazes de ferir. Portanto, ferimos com o mesmo ferro com
que nos ferem, como se aí houvesse algo de bendito ou original.

Sabemos que nossos dias são ainda mais curtos do que nossa vã auto-imagem,
ou ação, nos faz crer. Mas nosso apetite desperta miragens travessas.

Sabemos que o sol nem sempre se levanta pra todos; nem para milhões tão bem disposto.
Mas alardeamos uma igualdade de ser que não somos ou vemos.

Sabemos que amanhã será outro dia (!?). Quando muitas, e tantas vezes, apenas desconfiamos que assim venha a ser...

Sabemos que “Amor” é uma palavra; como “Rosa” é uma cor, uma flor e outra palavra.
Mas vestimos palavras com verdades, males e matizes que pouco, muito pouco, conhecemos.

Sabemos que “Querer” é um verbo voraz e insaciável. Mas pretendemos que sobre ele possamos fazer algo: talvez toureá-lo, mantendo-o sob severo controle.

Sabemos que uma linha, que sequer suporta a palavra “Tênue”, separa a Vida da Morte.
Mas, noite e dia, fazemos de conta que há um cabo de aço aonde existe somente um fiapo de fé.

Sabemos tanto que, quase nunca, queremos tentar saber aquilo que o Outro sabe ou vive: tropeçamos no alheio sentir como em pedras soltas num beco escuro.

Sabemos que sabemos e nada mais queremos saber.

E esta meia verdade se impõe como um juiz vulgar que avalia nossa partida perdida.

Sabemos que erramos. E quietos aguardamos um xeque mate - como se de nós ele não dependesse; como se fôssemos só filhos ou frutos de casos ou acasos.

Sabemos que buscamos, aqui e alhures, aquele ou aquela que Bem nos quer.

Mas nunca aceitamos como fácil tal e tão bem-querer.

Sabemos que o mundo em torno, os vizinhos ou algumas visitas, pouco se importam com nosso mal-estar.

Mas “fazemos a sala”; construímos o túmulo que outras culpas nos ditam.

Sabemos que é chegada a hora de ficar ou ir embora. Mas esperamos para ver como, afinal, tudo vai ,talvez, amanhã estar. E quase nunca, verdadeiramente, estamos ou ficamos.

Sabemos que ninguém vai viver ou por nós morrer. Mas insistimos em acreditar que outras formas de ser ou amar irão nos salvar. Nem mesmo o universo noutra “casca de noz” nos apraz ou satisfaz.

Sabemos que foi ontem e pensamos que será amanhã.

Mas nos ilude a certeza de poder vir a ser tudo o quê simplesmente não podemos ou, de fato, queremos ser.

Sabemos que viver sem certezas é mais saudável.

Mas queremos que pedra sobre pedra seja pedra sobre pedra e não, pelo menos às vezes, pão sobre pão; talvez até pão de queijo ou... Pó de arroz integral!

Sabemos, sabemos, e tanto sabemos que parece nem mais haja, para duvidar, um pequeno espaço ou lugar comum: como um canteiro, um jardim, a beira de um caminho, as margens de rios e laudas; um quintal, o inverso de uma esquina, ou nuvens grávidas sobre um lago azul.

Sabemos, sabemos, e tanto sabemos que claro nos parece nem mais preciso perguntar:
Para quê, afinal, faz-se necessário tanto saber?


(Jairo De Britto)

terça-feira, 8 de março de 2011

"NÃO CONSEGUI CHEGAR EM NADA, NEM MESMO TORNAR-ME MAU:

NEM BOM NEM CANALHA NEM HONRADO NEM HERÓI NEM INSETO.


AGORA VOU VIVENDO MEUS DIAS EM MEU CANTO, INCITANDO-ME A MIM

MESMO, COM O CONSOLO RAIVOSO - QUE PARA NADA SERVE - DE QUE UM

HOMEM INTELIGENTE NÃO PODE, A SÉRIO, TORNAR-SE ALGO, E DE QUE

SOMENTE OS IMBECIS CONSEGUEM".


(Dostoieviski)
Ajudar burros a atravessar,
Ajudar cavalos a atravessar,
Gostaria de ser esta ponte.
Entretanto, estou sendo ajudada a atravessar.

(Shundo Aoyama Roshi)