A espiritualidade genuína sempre dará ênfase ao autoconhecimento e a experiência direta com o sagrado, nenhum livro pode ser mais importante do que o Ser, nenhum mandamento será mais importante que uma experiência mística, nem um julgamento ou preconceito estará acima do amor.
Muitos espiritualistas vivenciam o que eu costumo chamar de “a abertura do leque” que é o período de pesquisa, leitura, onde entramos em contato com muitas vertentes místicas, filosóficas e científicas e tal como uma criança nos sentimos deslumbrados diante das novidades que surgem ante aos nossos olhos curiosos e da nossa sede de saber.
No entanto, este período também faz parte “das mil e uma distrações”. É de fundamental importância que neste período o buscador possa encontrar um caminho que melhor se adeque a sua própria natureza e faça o seu “ser vibrar”, e a partir deste encontro dar início a realização de sua “grande síntese” e a partir daí aprofundar-se neste caminho, construindo um forte relacionamento que precisará de sua dedicação para o seu amadurecimento e crescimento.
Vivemos na era da informação, por um lado isto é magnífico, o acesso a informação é realmente um direito de liberdade dos mais importantes da sociedade moderna, respeitado por alguns Estados e menos por outros. A internet tornou-se o veículo mais poderoso neste acesso a informação, apesar de que a grande massa ainda, tem a televisão como vitrine para o mundo, no entanto, há um grande risco por de trás disso.
Receber uma gama de informações massificadas desnorteia a mente, deixando-a sem direção, no entanto, há alguns valores estabelecidos pela sociedade de consumo, que procura convergir os indivíduos em torno de uma causa (que é a propriedade privada, o bem de consumo e o acúmulo de capital), o que não é suficiente para eliminar dois corrosivos para o potencial da mente, a fragmentação e a dispersão.
Sendo a espiritualidade uma extensão mais profunda da existência humana, só é possível vivência-la através da concentração, dedicação a um caminho, vigilância e entrega.
Uma mente dispersa, uma vontade pouco intensa, uma motivação menor (como a curiosidade, a obtenção de conhecimento para conquista de erudição, cumprir com um dever para com a família, para com a sociedade), uma dedicação em tempo parcial (como dedicar o domingo de manhã para ir a missa ou fazer jejum uma vez por semana num dia considerado sagrado), ter muitos livros na estante sobre espiritualidade, nada disso apresenta a força necessária para romper com padrões de condicionamentos profundamentes enraizados e para desfazer os bloqueios que impedem o individuo de ter contato com o sagrado presente em seu próprio ser.
Isto quer dizer então que para um indivíduo ter acesso a espiritualidade ele precisa habitar num mosteiro ou transformar-se num sacerdote e se entregar em tempo integral a causa?
Não!
Se alguem sente-se impelido por sua natureza a seguir um desses caminho, ótimo! Mas não é necessário e obrigatório segui-los para ter acesso a espiritualidade genuína.
No livro Quatro Yogas de Auto-Realização, o seu autor; Swami Vivekananda nos apresenta quatro caminhos para o despertar espiritual, o caminho da ação ou obras, o caminho do conhecimento, o caminho da meditação e o caminho da devoção.
Vamos dizer que um indivíduo, devido as suas características de uma personalidade introvertida, decida por seguir o caminho da meditação, isto não significa que ele vai abandonar tudo em sua vida e só meditar, mais ele irá transformar por meio de sua consciência tudo aquilo que pertence a sua vida em meditação, caminhará com atenção plena, comerá, trabalhará, cuidará de sua higiene pessoal com presença de espírito, sentará muitas vezes no seu cantinho de paz para meditar, ou fechará os olhos dentro de um transporte publico vontando para dentro de si e também meditará, ou seja, o ponto de união e concentração para este individuo alcançar a realização da dimensão espiritual de sua existência será a meditação.
Eu como estudante de Um Curso em Milagres estabeleço a paz profunda como minha única meta e a partir deste propósito unificado, procuro desfazer tudo aquilo que pode perturbar a minha paz e assim superar todos os conflitos e limitações, seja qual for a atividade que eu esteja realizando neste momento, o propósito é de proporcionar paz ao meu semelhante e a mim mesmo, acredito que através deste estado de profunda paz, torne-se possível ouvir a orientação de uma mente unificada em Cristo e ter por este meio a revelação do Espírito e, desta forma, vivenciar a genuína espiritualidade.
Ou seja, se você busca a espiritualidade como um caminho de realização e vê na espiritualidade o seu propósito, é de suma importância trilhar um caminho ou ter um ideal unificado, que pode ser aplicado em todas as tuas atividades, permeando todos os seus pensamentos e ações, tornado-se uma força motriz, numa vontade que esteja acima de todas as outras, mesmo um instante de entrega plena é suficiente para a realização de milagres, só assim, através de uma entrega inequívoca será possível vivenciar a espiritualidade genuína.