sábado, 10 de outubro de 2009

O que é Deus? O que é eu?

Um homem e um leão discutiam a força relativa de homens e leões em geral. O homem sustentou que ele e a sua raça eram mais fortes por causa da sua maior inteligência. "Venha agora comigo", ele gritou, "e eu vou provar que estou certo". Assim, ele levou o leão para os jardins públicos e lhe mostrou uma uma estátua de Hércules derrotando o leão e rasgando a sua boca em duas. "Está tudo muito bem", disse o leão, "mas não prova nada, visto que foi o homem que fez a estátua".
Os seres humanos interpretam as informações de acordo com os preconceitos, os desejos e os quadros de referência limitados. Os rótulos e as estátuas, assim como os símbolos religiosos, teologias e filosofias, podem nomear e definir aspectos da vida, mas nunca revelar diretamente qualquer coisa sobre a existência, tal como a equação 2 + 2 = 4, que é uma definição matemática relativa mais do que o conhecimento absoluto. Até mesmo em circusntâncias extremas, essa aritimética se decompõe. De acordo com a teoria da relatividade especial de Albert Einstein, a velocidade da luz é uma barreira infinita, e quando a colisão de duas astronaves se aproxima dela, a velocidade relativa dessas astronaves não mais derivada da soma suas velocidades individuais, seria quase refletida na comparação 2 + 2 = 2. De forma semelhante, ao perceber o "eu infinito", estátuas, nomes e definições finitos do mundo tornam-se inúteis.
Contemplar a Deus eventualmente revela que o eu se projeta em cada decisão, crença e ação. E a menos que o eu seja questionado, o condicionamento continuará a programá-lo e mantê-lo pequeno. Por meio de perguntas emergindo do eu finito, é impossível perceber um eu infinito, mas questionar O que é Deus? leva à pergunta O que é o eu? à medida que o inquiridor examina o seu sentido flutuante de identidade e intui o seu eu universal subjacente. Consequentemente, passos avançados ao longo da via para o autoconhecimento já não podem estar baseados no exame de ídolos do mundo idealizados pelo homem, pois fazê-lo, na melhor das hipóteses, somente desvelaria o eu que os fez e o eu que os está examinando. Uma vez que os buscadores da verdade aprendem a utilizar a via sofisticada da intuição, investigações externas serão integradas com realizações internas progressivas e positivas da essência do eu.
(Sankara Saranam)