quarta-feira, 26 de novembro de 2014


CANÇÃO DO MEU EXÍLIO


Meu país tem ladrão onde canta o urubu
As rapinas que aqui nos sorrateiam, sorrateiam mais do que lá
(lá fora)
Minha terra tem um sapo barbudo e uma anta cascuda
e um monte de bicho feio chamado petistas, socialistas e comunistas
também tem um bando de ovelhinhas e cordeirinhos
que alimentam os petistas com seu dinheirinho
Minha terra é tão boa que se plantando tudo dá
ladrão deu de montão
Meu país tem a direita
e a esquerda caviar
na minha terra muitos trabalham
para os petralhas roubar

(como seria bom se eu fosse um poeta 
e nas palavras viajar)

\pco

domingo, 16 de novembro de 2014


EXISTE FELICIDADE EM ESCREVER?


Rodrigo Gurgel
novembro 16, 2014

Existe felicidade em escrever?

"Minhas dúvidas formam um círculo em torno de cada palavra." — Franz Kafka

O trabalho diário com as palavras não é fácil. Em abril de 1852, enquanto compõe Madame Bovary, Flaubert escreve a Louise Colet: “Estou mais cansado do que se empurrasse montanhas. Há momentos em que tenho vontade de chorar. É preciso uma vontade sobre-humana para escrever e eu sou apenas um homem”.

Esse tormento renasce, maior ou menor, no coração de cada escritor. Kafka anota, em novembro de 1910: “Quando sento-me diante da escrivaninha, meus ânimos não são melhores do que os do indivíduo que cai no meio da ‘Place de l’Opéra’ e quebra as duas pernas”.

Mas por que Kafka insistiu, ainda que escutasse “as consoantes se chocando com ruído metálico”? “Minhas dúvidas formam um círculo em torno de cada palavra; vejo-as antes que a palavra […]”, ele afirma e prossegue, cheio de incertezas. Sentindo-se “estéril como uma pedra”, Flaubert também foi adiante. E hoje, quando lemos o resultado dessas angústias, perguntamos qual o motivo de terem feito o que não é prazeroso.

Para um tempo como o nosso, em que o hedonismo quase sempre dita as escolhas, é difícil compreender. Mas o escritor sabe a resposta. Sabe que o prazer é o que menos importa na felicidade — como lembra Ortega y Gasset em seu ensaio “Sobre la caza” —, porque a felicidade consiste sempre “numa atuação, numa energia e num esforço”.

Rodrigo Gurgel

sexta-feira, 14 de novembro de 2014


POEMINHA CURTO
 
A VIDA É CURTA
E INCONSTANTE
EU SÓ TENHO ESSE INSTANTE
TÁ VENDO!
JÁ PASSOU

\pco

Eu jogo poemas
e as pessoas me jogam
problemas


(quando não jogam pedras)

sábado, 8 de novembro de 2014


O NEGÓCIO DO AMOR

COM O TEMPO EU DESCOBRI
QUE ESSE NEGÓCIO DE AMOR
(E NEGÓCIO É UM TERMO ADEQUADO AQUI)
É QUE ACABA COM UM BOM RELACIONAMENTO
A MINHA VIDA ME TROUXE SABEDORIA
NÃO ESSA VIDA APENAS
E QUANDO VOCÊ É SÁBIO
E POUCO HUMILDE
VOCÊ TEM PRESSA EM DEIXAR ESSA ILUSÃO
DISSE ME UM DIA O ORÁCULO:
"PC, SE VOCÊ TIVER QUE ESCOLHER ENTRE NÃO SER HUMILDE OU SER UM HIPÓCRITA,  ESCOLHA NÃO SER HUMILDE."
AÍ EU OLHEI PARA O BRASIL E A HUMANIDADE.
E VI QUE QUE O ORÁCULO TINHA RAZÃO.
O AMOR É APENAS UMA COMPANHIA.
NÃO SEJA TÃO AMBICIOSO.
E ORGULHOSO.
O AMOR É UM GRANDE NEGÓCIO.

pco

ENQUANTO ESSE TAL DE AMOR
SEMPRE ME TROUXE PROBLEMAS
E ME IMPEDIU DE SER AQUILO QUE SOU
OU SEJA, NADA,
O SEXO POR SUA VEZ
ME CONTACTOU COM O TAO
E ME ELEVOU AS ENERGIAS SUPERIORES.
MAS AÍ VEIO O MEDO,  A CULPA E O EGO
E O MOMENTO DE MAGIA E ENERGIA SUBLIME
SE DESMANCHOU,
EVAPOROU-SE NAS CAMADAS ETÉRIAS
E SE TORNOU POEIRA CÓSMICA.
SIM, PORQUE AMOR E MEDO SÃO ENERGIAS MUTUAMENTE EXCLUDENTES.
MAS DEPOIS QUE VOCÊ E SEU CORPO SE FORAM DE MIM,
FICOU O AROMA DO TEU SEXO,
POSTO QUE É ENERGIA SUPERIOR
E SE MANTÉM MESMO QUANDO ACABA.
AGORA VAGUEIO POR ESSE PLANETA VIAJANTE E POETA,
ALMA IMORTALMENTE
PERDIDA
CORPO EM DECOMPOSIÇÃO 
IMPLACÁVEL DO TEMPO,
DE UM TEMPO LINEAR, QUE NA VERDADE TAMBÉM SEI QUE NÃO É REAL.
COMO NÃO É REAL ESSE PLANETA QUE ME JOGARAM.
DO AMOR
FICOU APENAS ESSE POEMA
SEM NEXO E SEM O TEU SEXO.
É SEMPRE ASSIM, QUANDO TUDO SE VAI, FICA A POESIA, POSTO QUE TUDO É ÉTER.

pco

sábado, 1 de novembro de 2014

NO FUNDO EU SOU UM SENTIMENTAL


SABE, NO FUNDO EU SOU UM SENTIMENTAL, MESMO O PT COLOCANDO FOGO NESSE PAÍS COM SUAS MENTIRAS, SEU COMUNISMO E SUA CORRUPÇÃO.

DIVIDINDO ESSA NAÇÃO.

MESMO TENDO QUE ATURAR ESSE POVO IGNORANTE QUE PREFERE ESMOLAS A UM EMPREGO.

MESMO OUVINDO ESSA POLITICAGEM SUJA E HIPÓCRITA.

A OMISSÃO E A COVARDIA.

MESMO QUANDO MINHAS MÃOS DESEJAM ESGANAR E TRUCIDAR ESSA GENTE.

MEU CORAÇÃO FECHA OS OLHOS E SINCERAMENTE, UM POEMA ME ACALMA A ALMA. 

(pco).

nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas

( E. E. Cummings, tradução: Augusto de Campos )