O cansaço que desce sobre mim,
O cansaço mental que desce fisicamente sobre mim,
O cansaço universal que desce individualmente sobre mim,
Esse cansaço.
Parecerá aos outros o cansaço de descansar,
O cansaço da vontade de dormir,
O cansaço de ser somente cansaço.
Mas é mais mais de dentro, mais de cima.
É o cansaço da soma de todas as desilusões,
É o cansaço da síntese de todas as desesperanças,
É o cansaço de hver mundo.
Cansaço lá dentro.
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.
Debruço-me à procura de alguém
De quem?
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é cansaço.
Meu Deus, tanto cansaço!
terça-feira, 31 de março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
CÉU DA SEMANA - 29 DE MARÇO A 04 DE ABRIL
por Eduardo Krug
Destaque do Céu: Sol, Mercúrio e Vênus retrógrada em Áries. Lua, Saturno e Plutão no elemento terra
Reflexo do Céu no Cotidiano - O Céu na Terra. O Sol em Áries conjunto a Vênus retrógrado traz experiências de conflitos nas relações.
A semana - A semana inicia com Lua em Touro fazendo aspectos fluentes com Saturno e Plutão, pé no chão e muito tato para fazer frente aos conflitos que se apresentam.
Domingo - 29 de março - dia do Sol
O Sol em Áries está tenso com Plutão exigindo aquela franqueza tradicional ariana. (+) Lado positivo – falar com coragem aquilo que incomoda (--) Lado negativo – falar por falar, sem conexão
Destaque do Céu: Sol, Mercúrio e Vênus retrógrada em Áries. Lua, Saturno e Plutão no elemento terra
Reflexo do Céu no Cotidiano - O Céu na Terra. O Sol em Áries conjunto a Vênus retrógrado traz experiências de conflitos nas relações.
A semana - A semana inicia com Lua em Touro fazendo aspectos fluentes com Saturno e Plutão, pé no chão e muito tato para fazer frente aos conflitos que se apresentam.
Domingo - 29 de março - dia do Sol
O Sol em Áries está tenso com Plutão exigindo aquela franqueza tradicional ariana. (+) Lado positivo – falar com coragem aquilo que incomoda (--) Lado negativo – falar por falar, sem conexão
Quem Sabe
Diz a mecânica quântica
que as partículas atômicas
se comportam de um jeito
quando são observadas
e de outro quando estão sós
(como, aliás, todos nós).
E quem nos assegura
que o Universo que está aí
não é como aí está
quando ninguém está olhando?
E que quando os astrônomos
se viram do telescópio
para a prancheta
o Universo não faz uma careta?
O corpo e a mente têm biografias separadas,
cada um sua memória própria,
seu próprio jogo de charadas,
Meu corpo tem lembranças- cheiros, tiques, andanças -
que a mente não registrou
e o corpo não tem as marcasde metade do que a mente passou
(Pior que uma mente insana
num corpo sem muito assunto
é um corpo que já foi ao Nirvana
sem que a mente tenha ido junto.)
Cada um tem um passado
do qual o outro não tem pista
(como um bilhete amassado)
e nem o Mahabharataexplica
uma mente anarquista
num corpo socialdemocrata.
Compartilham bioplasmase o gosto por certas atrizes,
mas não tem os mesmos fantasmas
nem as mesmas cicatrizes.
Das duas, uma, gente:
ou toda mente é de outro corpo-
ou todo corpo mente.
de Luís Fernando Veríssimo
que as partículas atômicas
se comportam de um jeito
quando são observadas
e de outro quando estão sós
(como, aliás, todos nós).
E quem nos assegura
que o Universo que está aí
não é como aí está
quando ninguém está olhando?
E que quando os astrônomos
se viram do telescópio
para a prancheta
o Universo não faz uma careta?
O corpo e a mente têm biografias separadas,
cada um sua memória própria,
seu próprio jogo de charadas,
Meu corpo tem lembranças- cheiros, tiques, andanças -
que a mente não registrou
e o corpo não tem as marcasde metade do que a mente passou
(Pior que uma mente insana
num corpo sem muito assunto
é um corpo que já foi ao Nirvana
sem que a mente tenha ido junto.)
Cada um tem um passado
do qual o outro não tem pista
(como um bilhete amassado)
e nem o Mahabharataexplica
uma mente anarquista
num corpo socialdemocrata.
Compartilham bioplasmase o gosto por certas atrizes,
mas não tem os mesmos fantasmas
nem as mesmas cicatrizes.
Das duas, uma, gente:
ou toda mente é de outro corpo-
ou todo corpo mente.
de Luís Fernando Veríssimo
sábado, 28 de março de 2009
"Saia à noite, sob um vasto céu estrelado, e levante os olhos para esses milhões de mundos acima da sua cabeça. Em cada um deles provavelmente formigam bilhões de seres semelhantes a você, talvez de constituição superior. Olhe a Via Láctea. A Terra não pode sequer ser chamada de grão de areia nessa infinidade. Ela se dissolve, desaparece e, com ela, você também. Onde está você? Quem é você? Que quer você? Aonde quer ir? 0 que você empreende não será pura loucura?
Diante de todos esses mundos, interrogue-se sobre suas metas e suas esperanças, suas intenções e seus meios de realizá-las, sobre o que pode ser exigido de você, e pergunte a si mesmo até que ponto esta preparado para responder a essas perguntas.
Espera-o uma viagem longa e difícil; você se dirige a um lugar estranho e desconhecido. O caminho e infinitamente longo. Você não sabe se poderá descansar nem onde isso será possível. Deve prever o pior. Leve consigo tudo que for necessário para a viagem.
Trate de não se esquecer de nada, porque depois será muito tarde para reparar o erro: você não terá tempo de voltar para buscar o que tiver esquecido. Avalie suas forças.
São suficientes para toda a viagem? Quando é que você poderá partir?
Lembre-se de que quanto mais tempo passar a caminho, mais provisões precisara carregar, o que retardara proporcionalmente a sua marcha e alongara ate a duração dos preparativos. E cada minuto é precioso. Uma vez que decidiu partir, por que perder tempo?
Não conte com a possibilidade de voltar. Essa experiência poderia lhe custar muito caro. O guia só se comprometeu a conduzi-lo; não é obrigado a reconduzi-Io. Você será abandonado a si mesmo e ai de você se fraquejar ou perder o caminho; jamais poderá voltar. E, mesmo que o reencontre, fica a pergunta: você voltará são e salvo?
Desventuras de toda espécie espreitam a viajante solitário que não conhece bem o caminho, nem as regras de conduta que ele impõe. Convença-se de que a sua vista tem a propriedade de lhe apresentar os objetos distantes como se estivessem próximos. Iludido quanto à proximidade da meta para a qual você se encaminha, cego por sua beleza e ignorando a medida de suas próprias forças, você não se dará conta dos obstáculos que estão no caminho; não verá as múltiplas valetas que atravessam a senda.
Numa pradaria verde, juncada de flares deslumbrantes, o mato espesso oculta um profundo precipício. E muito fácil tropeçar e cair nele, se seus olhos não estão fixos em cada passo que está dando. Não se esqueça de concentrar toda a atenção no que o cerca de perto.
Não se ocupe com metas distantes, se não quiser cair no precipício.
Entretanto, não se esqueça da sua meta. Lembre-se dela sem cessar e mantenha vivo o seu ardor por atingi-la, para não perder a direção certa. E, tendo partido, esteja atento; o que você atravessou ficou para trás e não tornará a se apresentar: o que não observou num momento dado, não o observará nunca mais.
Não seja curioso demais e não perca tempo com o que atrai a sua atenção, mas não vale a pena. O tempo é precioso e não deve ser desperdiçado com coisas sem relação direta com a sua meta.
Lembre-se de onde está e por que está ali.
Não se poupe e lembre-se de que jamais qualquer esforço é feito em vão.
E agora pode iniciar a caminhada."
G.I.Gurdjieff
Diante de todos esses mundos, interrogue-se sobre suas metas e suas esperanças, suas intenções e seus meios de realizá-las, sobre o que pode ser exigido de você, e pergunte a si mesmo até que ponto esta preparado para responder a essas perguntas.
Espera-o uma viagem longa e difícil; você se dirige a um lugar estranho e desconhecido. O caminho e infinitamente longo. Você não sabe se poderá descansar nem onde isso será possível. Deve prever o pior. Leve consigo tudo que for necessário para a viagem.
Trate de não se esquecer de nada, porque depois será muito tarde para reparar o erro: você não terá tempo de voltar para buscar o que tiver esquecido. Avalie suas forças.
São suficientes para toda a viagem? Quando é que você poderá partir?
Lembre-se de que quanto mais tempo passar a caminho, mais provisões precisara carregar, o que retardara proporcionalmente a sua marcha e alongara ate a duração dos preparativos. E cada minuto é precioso. Uma vez que decidiu partir, por que perder tempo?
Não conte com a possibilidade de voltar. Essa experiência poderia lhe custar muito caro. O guia só se comprometeu a conduzi-lo; não é obrigado a reconduzi-Io. Você será abandonado a si mesmo e ai de você se fraquejar ou perder o caminho; jamais poderá voltar. E, mesmo que o reencontre, fica a pergunta: você voltará são e salvo?
Desventuras de toda espécie espreitam a viajante solitário que não conhece bem o caminho, nem as regras de conduta que ele impõe. Convença-se de que a sua vista tem a propriedade de lhe apresentar os objetos distantes como se estivessem próximos. Iludido quanto à proximidade da meta para a qual você se encaminha, cego por sua beleza e ignorando a medida de suas próprias forças, você não se dará conta dos obstáculos que estão no caminho; não verá as múltiplas valetas que atravessam a senda.
Numa pradaria verde, juncada de flares deslumbrantes, o mato espesso oculta um profundo precipício. E muito fácil tropeçar e cair nele, se seus olhos não estão fixos em cada passo que está dando. Não se esqueça de concentrar toda a atenção no que o cerca de perto.
Não se ocupe com metas distantes, se não quiser cair no precipício.
Entretanto, não se esqueça da sua meta. Lembre-se dela sem cessar e mantenha vivo o seu ardor por atingi-la, para não perder a direção certa. E, tendo partido, esteja atento; o que você atravessou ficou para trás e não tornará a se apresentar: o que não observou num momento dado, não o observará nunca mais.
Não seja curioso demais e não perca tempo com o que atrai a sua atenção, mas não vale a pena. O tempo é precioso e não deve ser desperdiçado com coisas sem relação direta com a sua meta.
Lembre-se de onde está e por que está ali.
Não se poupe e lembre-se de que jamais qualquer esforço é feito em vão.
E agora pode iniciar a caminhada."
G.I.Gurdjieff
Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação.
Que a palavra explicação não tem sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva.
Ao sol quando havia sol.
E à chuva quando estava chuvendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.
Cnsolei-me voltando ao sol e à chuva.
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído
(Fernando Pessoa)
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação.
Que a palavra explicação não tem sentido nenhum.
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva.
Ao sol quando havia sol.
E à chuva quando estava chuvendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.
Cnsolei-me voltando ao sol e à chuva.
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído
(Fernando Pessoa)
Estou Cansado
Vamos começar postando a poesia que deu título a esse blog:
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto
— Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
(Álvaro de Campos)
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto
— Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
(Álvaro de Campos)
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